De céu carregado, a manhã promete chuva. Caminhando na direcção do fundo do vale, sucedem-se os aguaceiros intermitentes, felizmente sempre muito breves. Respira-se uma atmosfera deveras húmida mas morna. Aqui e ali aumenta a mancha dos fetos. Não estamos longe da cascata.
Um manto de herbáceas espreita as margens da estreita vereda em declive e protege os solos da erosão. Apesar do avanço da manhã, a fraca luz natural não encoraja a abertura das flores azul-violeta das campainhas. Nesta atitude de espera, realce para a disposição em estrela das 5 sépalas livres patenteada na primeira foto. A corola fechada em curto tubo cilíndrico articula-se harmoniosamente com o cálice estreito e o pedicelo longo e fino, levemente ondulado que os suportam.
Subimos a encosta fronteira, já sem os chuviscos. Os fetos ficaram para trás. Agora a vegetação ancora mais profundamente no solo duro e resiste aos efeitos do vento e ao ambiente ainda húmido mas não tanto como em baixo. Diminuem as plantas de caules tenros. Predominam os arbustos de caules lenhosos ou semi-lenhosos. Inesperado é o encontro com azevinho em abundância.
Por aqui outras campânulas já estão abrindo - 5 lóbulos - num pequeno sino. Do interior espreitam estilete e estigma na cor branca (3ª foto).
A campainha é uma espécie anual, frequente na região mediterrânica, portanto não exclusiva de Portugal. O fruto é uma cápsula.
Fotos de Junho de 2014, serra da Lousã, concelho de Miranda do Corvo.
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