quarta-feira, 25 de junho de 2014

RESEDA PHYTEUMA (RESEDA-MENOR, CORN MIGNONETTE, RAMPION MIGNONETTE, RESEDA SILVESTRE, RÉSÉDA RAIPONCE, RESEDA SILVATICA)



O povoado desenvolve-se em espirais. No plano mais elevado está o pólo, centro profundo e nele a igreja. A partir do adro aberto, podem tomar-se várias direcções seguindo as diversas ruas que logo se repartem em ruelas, umas sem saída, outras ligando a distintos bairros não aparentes a estranhos. 


A habitação tem a fachada sobre uma das artérias principais. O acesso ao primeiro andar faz-se por uma escada interior, invisível da rua. Ao corpo da casa segue-se um pátio  de muros altos, largo ao nível médio para estreitar de seguida. É preciso entrar nesse gargalo fundo para perceber que deixamos aí o espaço privado e estamos novamente a pisar o empedrado de uma estreita viela ladeada de outras moradias ou de quintais protegidos pelos muros de lasquinhas de xisto e pedra rolada. Em coerência com a disposição geral do povoado, é uma verdadeira escapatória. 


O pátio é suficientemente amplo para acolher o forno de lenha protegido pelo telheiro armado em madeira e revestido a telha nacional, mesa e cadeiras e um espaço maior a descoberto com os seus bancos corridos de pedra, bordejado por plantas que crescem encostadas aos muros.   


De entre elas pude reconhecer várias de que dei conta neste portal, incluindo algumas numa série a que dei o nome de "Plantas em velhos muros". Estávamos em Junho de  2012, em Janeiro de Cima, uma das "aldeias do xisto" na margem esquerda do rio Zêzere. 


Sucede que, há dias, voltei às aldeias do xisto mas, desta vez, a Gondramaz na vertente ocidental da Serra da Lousã. E reencontrei, pendentes de velhos muros, as mesmas resedaceae que tanto me haviam intrigado dois anos antes. Lá estavam em flores pequenas organizadas em cachos, esbranquiçadas tornando-se amareladas na fase de declínio, com grandes pedicelos, de 6 sépalas. Das 6 pétalas, 4 são de limbo profundamente dividido em tiras estreitas que rodeiam os estames. As sépalas são acrescentes, isto é, continuam a crescer mesmo após a fecundação e até o fruto ficar maduro. As anteras são de cor  laranja.


Folhas basais inteiras, lineares espatuladas e alternas. Subindo nos caules iremos encontrar também folhas de 3 lóbulos. O fruto é uma cápsula pendente que abre por cima.

A planta não deixa de me intrigar. Comparem-se as 2 últimas fotos tiradas agora em Gondramaz com as demais obtidas no mesmo mês de Junho, em Janeiro de Cima. Vejam-se as tonalidades de umas e outras. Aqui, as cores quentes (nomeadamente, amarelo, laranja, vermelho) em gradações que se sucedem consoante o grau de maturação dos frutos, estão em harmonia com as cores naturais da pedra e parcialmente ausentes nas plantas que agora encontrei na Lousã. Tal circunstância terá a ver apenas com o relativo atraso de maturação neste ano ou tratar-se-ão de variantes da mesma espécie? Também é verdade que o material onde estão implantadas apresenta tonalidades bem diferenciáveis num e noutro lugar: bem mais alaranjado para os lados da Gardunha, mais neutro para a Lousã. Terá essa pigmentação influência na cor da planta? Antecipadamente agradeço as ajudas.

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