quarta-feira, 31 de agosto de 2011

HELICHRYSUM, SEMPRE-VIVA, FLOR-DE-PALHA


Uma flor que resista sem pestanejar ao sol pleno de verão e que não exija muitas regas? Em França chamam-lhe Imortal (Immortelle) mas não exageremos! São plantas anuais.


Em todo o caso, quem quiser contar com flores secas todo o inverno, não vá mais longe. E poderá contar com flores bem vivas, nos meses de Julho e Agosto.


Em fins de agosto, inícios de setembro e para obtermos flores secas, colher as flores totalmente abertas e que apresentem cores vivas. Excluir, pois, flores como a de cima boas sim mas para recolher sementes.


E iremos guardá-las de cabeça para baixo num local escuro, durante dois meses. Depois ... boas jarras de flores secas!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

MAGNÓLIA, FLOR BRANCA


Das nossas magnólias a arbustiva dá flores na primavera. Pequenas como ela e rosadas, frescas.Temos ainda outra que era suposto ver-se já como uma árvore que promete vir a ser, pois já tem uns anos de jardim, mas o seu crescimento tem sido muito lento e de tal modo que ainda não nos mostrou as suas flores. Parece-me que a natureza arenosa do solo não lhe é favorável. De qualquer modo está de há uns tempos a esta parte mais vigorosa que nunca - adaptação ultrapassada? Por certo, não há-de desiludir-nos.


No jardim da escola que frequentei em Lisboa também havia magnólias. Espero que ainda estejam de boa saúde. Mas essas floriam em Junho. Chamavam-lhes as "árvores dos exames" por justamente florirem no início da primeira época de exames. Passadas décadas, a associação que faço ainda é tão forte que sempre que as vejo florirem me interrogo se estou preparado para passar as duras provas. Provas? Imaginação, apenas!

Bem reais, estas belíssimas e perfumadas flores não duram mais do que um dia. Mas ainda que de uma hora apenas se tratasse vale bem a pena existirem. Todas estas fotos são de outra magnólia do jardim da minha cunhada Arlete e do meu irmão, tiradas no domingo passado. Como se vê estão agora a dar flor e que flores!

Quem pode passar indiferente a tanta beleza?


Caídas as pétalas, o fruto.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

METROSÍDERO, ÁRVORE DO FOGO


Conheci estas árvores nos idos de sessenta. Nas ilhas mais a ocidente, ainda muito isoladas do resto do mundo, o conjunto da flora exercia num forasteiro atento, um impacto profundo. Florestas de criptomérias tão fechadas que nelas não entrava um raio de luz, de incensos tão cerradas e misteriosas, manchas contínuas de hortênsias, de fetos, tudo isto num verde de vários tons mas muito brilhante. Tinha, por isso,  muitas saudades da envolvente vegetal em que nasci. E era na maior parte do ano a árvore do fogo que vista de longe, me permitia imaginá-la como se fosse oliveira, essa, uma árvore familiar.  De resto esta árvore pertence à mesma família das murtas, arbusto muito mediterrânico. Agora evocam-me aquelas florestas quase virgens. Àrvore ponte.  Por isso, fiquei para sempre ligado à àrvore do fogo.


Esta árvore possivelmente vinda da Nova Zelândia, já hoje está implantada no continente português sobretudo na zona litoral. Mas no meu jardim não consegue sobreviver às fortes geadas do inverno e primavera.


Estas fotos são de ontem na praia da Barra. Os metrosíderos de porte ainda modesto, começam só agora a florir.

Os seus primos das ilhas mais a ocidente floriram em Maio ou Junho. Aí são,  não raro, árvores de grande porte, com as suas raízes aérias pendendo para o mar. Quando floridas são espectaculares. O seu perfume parece ser mais intenso. São muito procuradas pelas abelhas.


Debaixo das copas dos metrosíderos no auge da floração, o chão fica literalmente pintado de vermelho.


Resistem muito bem à sanilidade e ao vento. Podem servir de sebe com bons resultados. Propagam-se bem por sementes.

domingo, 28 de agosto de 2011

bichezas do meu quintal LOUVA-A-DEUS


Já há uns tempos que não via este amigo dos hortelões/jardineiros de ao pé da porta. É um predador nato: pequenas borboletas, moscas e afídios, grilos e  gafanhotos  são os seus alvos predilectos. Mas, quando calha também marcha um amigo da sua própria espécie.


Este exemplar andava ontem, sábado, ao fim da tarde pelo jardim. Antes que os gatos dessem pela sua presença tratámos de o colocar no quintal não sem que antes lhe pedíssemos autorização para as fotos, a que ele vaidoso não se opôs.


O louva-a-deus permanece imóvel por muito tempo, camuflado na folhagem das plantas ou no chão (mimetismo), esperando a aproximação das presas, geralmente insectos voadores e desejando também não ser visto pelos seus inimigos, pássaros e morcegos. Quando se desloca, balouça como as folhas para iludir os seus predadores. As patas dianteiras dotadas de espinhos permanecem unidas para depois funcionarem como pinças que captam vertiginosamente e trazem a presa até às fortíssimas mandíbulas. Os joelhos ficam dobrados, a parte anterior voltada para cima. Os seus olhos conseguem detectar tudo o que gira à sua volta. Não precisa, pois, de óculos. O tórax é alongado. As quatro asas ficam fechadas em leque quando pousa. Usa as patas dianteiras para segurar fortemente as presas. As traseiras são muito fortes e servem para caminhar ou para impulsionar o salto ou o início do voo.


 Quando dois machos se encontram e um não se  retira, há sarilho pela certa. Tomam a posição de guarda dos boxeurs e lutam. O vencido é morto e papado pelo vencedor que a seguir pode dormir uma soneca, bem regalado.
Os machos têm frequentemente um fim trágico durante ou após o acasalamento. A fêmea agarra o pescoço do amado e começa por lhe comer a cabeça. O macho perdeu a cabeça! A fêmea fica com reservas que lhe permitem permanecer camuflada mais tempo até à oclusão dos ovos, sem se arriscar a ser presa dos seus inimigos. As convulsões do macho aliviado da cabeça permitirão a injecção na fêmea de mais sémen. A fêmea deposita numa folha entre 10 a 400 ovos dentro de um recipiente adequado. Enquanto pequenos os louva-a-deus podem ser comidos por formigas.

sábado, 27 de agosto de 2011

COLHEITA DO DIA


De maçãs Bravo de Esmolfe (malus domestica Bokh).

A árvore foi plantada no quintal em 2008. Um ano depois tive de a mudar, operação arriscada, mas correu bem como se vê. Estamos longe da Beira Alta, região natural desta variedade.  Mas nem por isso estes frutos desmerecem pois embora ainda poucos, apresentam-se de bom calibre e são de excelente sabor.


Aqui em fase de crescimento, os frutos levemente rosados.


Desta pereira da mesma época da macieira, colhemos por junto dois frutos, aliás muito saborosos, durinhos e suculentos. Proponho-me melhorar o solo, pois este por ser arenoso não lhes é propício.


Tenho canteiros de morangos em quatro sítios diferentes mas só um continua a produzir em quantidade e qualidade. A variedade é a mesma. Estão em final de produção. Mas ainda brotam flores novas! Estas últimas chuvas trouxeram alguma podridão. Houve que retirar imediatamente os frutos afectados e persistir com os trabalhos de limpeza. Agora vou deixar enraizar os lançamentos. Lá para os fins de setembro farei as primeiras transplantações. Depois retomarei em Novembro. Não quero fazer todas as mudas na mesma ocasião uma vez que não estou seguro da melhor época para o fazer. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CASSIA DIDYMOBOTRYA (Herbe à Dartres, Saragundi)


Da família Fabaceae, subfamília caesalpiniaceae, arbusto realmente exótico, começa a aparecer também nos jardins portugueses. As fotografias foram colhidas neste verão numa cidade do litoral centro-norte do país onde a avistei pela primeira vez. Fiquei fascinado. Ressalta o seu todo inusitado, com mais de dois metros de altura, lançamentos verticais que suportam flores abertas em tom amarelo claro e botões fechados em tom castanho escuro. Estes situam-se num plano superior ao do das flores já abertas. E por base destes lançamentos as folhas pinuladas do tipo das conhecidas acácias. Uma espécie inequivocamente tropical, muito chamativa e ali muito vigorosa, desenvolvida como se estivesse "em casa". Mas como chegar a identificá-la?


Vimo-la de novo ontem, á venda num distribuidor de plantas da região. Corri logo para ver as etiquetas que supostamente haveriam de identificar o bicho... Mas nas etiquetas aparece apenas o preço: 12,50 euros cada pé. Ali são pequenas plantas de uns cinquenta centímetros de altura colocadas em vaso. O viveirista informou-me (?) serem acácias. Pois. Mas qual, entre quantas? - "è o que vem nas facturas" acrescentou displicentemente...). Deixo pistas da taxonomia universal em latim, para poderem ir mais longe. No leste das Caraíbas é conhecido por Herbe à Dartres. Na Costa Rica é a Saragundi.

Mas não comprei sem saber da capacidade de adaptação ao nosso clima. Afinal, é uma planta natural das regiões tropicais e subtropicais. Não duvido que o exemplar das fotografias vá sobreviver aos invernos porque pode contar com a amenidade das temperaturas da faixa litoral, o que não é o caso das verificáveis no nosso jardim.


Invulgarmente belas, isso são! Concordam?
Quem arrisca primeiro? Dêm notícias!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

AMARYLLIS BELLADONNA (Beladona Falsa, Sogras e Noras)


Outra espécie bem antiga no jardim. Aqui chamamos-lhe "Canas de São José".


Dá algumas folhas no início da primavera. Depois caiem e assim fica o caule nu (daí também serem conhecidas na língua inglesa pelo equivalente em português a "Damas Nuas"), até finais de Agosto. Agora surgem as flores mas as folhas continuam ausentes. 


Todas as fotografias são do dia de ontem. Aqui uma flor a abrir.


Do mesmo bolbo partem até dez a doze flores. Há quem lhes chame Sogras e Noras porque as flores se dispõem "de costas" uma para as outras... Mas não se importam que as designemos apenas por Amarilis.


Totalmente aberta, exala um perfume acentuado.


Outra perspectiva da flor.


Multiplicam-se quer por sementes quer por divisão dos bolbos. Agarrados aos bolbos maiores aparecem bolbilhos que se retiram para a transplantação. Atenção: os bolbos da amarilis são altamente tóxicos. A plantação inicia-se no início de setembro. Escolha-se um local de sol. Convém protegê-las das geadas usando, por exemplo, o empalhamento.


Convirá agrupá-las em tufos de três ou quatro para melhor efeito. Há quem as aproxime dos agapantos, porque combinam bem. De resto uns e outros são muito rústicos e não requerem grandes cuidados.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

BEGÓNIAS


Na minha infância a begónia era talvez a planta de interior mais comum. Em vaso, sobre a floreira vertical de madeira envernizada decorada com pendentes recortados do mesmo material,  expunham quase ao nível dos nossos olhos, uma grande variedade de enormes folhas decorativas, bizarras, algo exóticas.


Ainda usamos floreiras dessas, pernaltudas, muito estilo arte nova (os tectos eram igualmente altos) mas agora no exterior, ao abrigo de um telheiro. Fizeram a sua época.


Mas quantas dessas variedades de begónias que embelezaram as salas das nossas casas dos princípio e meados do século passado ainda subsistem?


Talvez a begónia ainda surja associada àquela moda do século XX (passageira como todas) e daí ter sido expulsa ou, pelo menos, ter perdido o privilégio entre tantas outras possibilidades. O que é pior é estar confinada aos critérios próprios das produtoras e distribuidoras de plantas decorativas. A begónia desceu ao nível de rés-do-chão. 


As nossas begónias também habitam o jardim ao abrigo das copas dos citrinos. Mas as folhas sucumbem às primeiras geadas, para renascerem na primavera.


È mais fácil encontrar begónias nos jardins públicos de outras latitudes com invernos mais agrestes.À aproximação dos primeiros frios são retiradas para os hortos municipais nos vasos em que estiveram e aí são tratadas, multiplicadas e conservadas até passar o risco das geadas.

Esses jardins públicos são para visitar, vendo ou contemplando e não prateleira de supermercado em autogestão (o bem público é indivisível e como tal espelha a inteireza do carácter de cada um). Ao contrário das nossas inclinações (custa dizê-lo) algo anarcas ou convenientes (se é público é também meu. Logo, disponho levando a parte que é suposto ser a minha fracção no todo, sendo eu quem unilateralmente compõe e se serve do quinhão). 


Vendo as variedades de begónias hoje dominantes, quer no espaço privado quer no público, pode concluir-se a dominância das que oferecem bonitas flores. Serão também as variedades mais resistentes e que melhor se adaptam ao espaço exterior. Oferecem ainda maior efeito de cobertura do solo.


Onde, as begónias de belas folhas? De facto, hoje em dia temos de afastar as flores à procura das diminutas folhas que envergonhadamente se escondem atrás das abundantes inflorescências e que afinal são o que melhor identifica a espécie. Conclusão: nas begónias, nada excluir! Nem flores, nem folhas, nem a combinação de ambas. Apostemos em tudo o que é belo.


Na foto, uma das nossas begónias mais antigas, adaptada ao exterior onde permanece todo o ano ao abrigo dos citrinos.


Nesta, uma das nossas begónias de interior.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

CANNA


São das mais antigas plantas do jardim. Infelizmente com as obras perderam-se outras variedades de canas com flores de fundo amarelado e salpicadas de tracinhos ou pontinhos em vários tons de vermelho e laranja, uns mais vivos outros mais ténues. Agora estamos reduzidas á única variedade aqui retratada. Em cima as sementes prestes a soltarem-se do seu invólucro protector.

A folhagem em verde escuro é muito vistosa. As folhas começam por se apresentar formando um rolo em espiral bem fechado (dizem-se espiraladas) que depois se vai abrindo progressivamente separando-se até chegar a folha larga.


Aqui vários frutos em processo de maturação. As sementes maduras só germinam em época propícia. Por isso são revestidas por uma capa dura que garante manterem-se por muito tempo em bom estado de saúde.


As flores desenvolvem-se em inflorescências, vermelhas, amarelas e laranja. São particularmente atraentes para os insectos.


As raízes formam rizomas. A partir dos olhos dos rizomas também se faz a propagação desta planta. Em outubro desenterram-se os cepos que são divididos e deixam-se secar num ambiente quente e seco. Os tubérculos podem depois ser guardados em vasos individuais ao abrigo dos frios de inverno e primavera e só devem ficar expostos ao tempo nos fins de maio. Apreciam um solo rico, bem drenado, em local soalheiro e regas pelo menos uma vez por semana.