domingo, 29 de setembro de 2013

CLEMATIS VITALBA (CLEMATIDE BRANCA, VIDE-BRANCA, CLEMATITE), frutos secos.


A atribuição  na língua inglesa do nome "Old man's beard"  a esta trepadeira, entende-se melhor se a observarmos na fase da produção de frutos própria deste início de outono. Poderão ser "Barbas de velho" mas barbas aerodinâmicas, movimento, onda ou arabesco, feitas (apenas) para um conseguido voo de transporte regional.  


Os frutos da clematis de hoje são aquénios, neste caso frutos secos, que poderão interessar na alimentação das aves. E creio que aquele toque de algodão que os envolve poderá ser aproveitado para um extra de conforto na forração de ninhos se ainda estiverem disponíveis na época da construção.  


E a propósito de barbas: claro que brinquei em menino com as sedosas "barbas" de milho, (parte feminina da flor), ás vezes ainda juvenis, desconhecendo - oh santa inocência - as consequências. Então não é suposto que, correndo tudo bem, de cada uma das sedas se pode esperar um brilhante grão de milho? Não, não se trata como na clematis de "barbas" voadoras mas, douradas ou ruivas, tão poderosas, que aplicadas por baixo dos narizes ou nos queixos nos transformavam momentaneamente de crianças em homens sisudos e graves.

Ele, há barbas e barbas! Barbas que foram de verão. Hoje barbas de outono, quase inverno.

Fotos de 26 de setembro de 2013, na Ribeira.

  


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

EUPHORBIA MARGINATA (EUFÓRBIA-MARGINADA, NEVE-da-MONTANHA), em semente.


A eufórbia exibe frutos quase maduros e no entanto continua produzindo as suas pequenas flores, uma feminina rodeada de várias masculinas. 

As folhas marginadas continuam brilhando em verde e branco de neve. 

Um pouco mais e será tempo de recolher as sementes. 

Nesse ou noutros contactos com a planta, haverá cuidado em evitar o contacto com a pele da seiva leitosa, libertada pelos caules e, sobretudo, não a ingerir! Usar então luvas e óculos de protecção e, sendo o caso, lavar bem as mãos com água e sabão.


Na primavera, quando o tempo aquecer as sementes poderão ser lançadas à terra, em local definitivo, imediatamente depois de terem repousado cerca de duas horas em água tépida. A eufórbia poderá ser associada com vantagem a hostas e fetos.

Não gosta de ser mudada. 

Atenção ao controlo da planta que tende a invadir o solo em volta.

Fotos desta semana, no jardim.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CRATAEGUS MONOGYNA (PILRITEIRO, ESPINHEIRO-ALVAR))



Nos campos abandonados do Freixial cresce espontâneamente o pilriteiro, arbusto da família das rosáceas, de ramos densos e folha alterna, lobada e caduca. Muita atenção aos espinhos longos e bem afiados, um obstáculo difícil de transpor. 


Nesta altura os frutos de vermelho brilhante e contendo uma única semente, estão maduros e fazem a delícia da passarada. Por dentro são farinhentos e amarelados.


A floração dá-se na primavera em tons de branco, creme ou rosa.  Flores de cinco pétalas e cinco sépalas, agrupadas em corimbos. 


Convenhamos que o pilriteiro é um arbusto de forte impacto visual nas épocas de floração e de frutificação e é facílimo de cultivar. Mas a permanência dos espinhos são uma ameaça á integridade física do jardineiro. Ainda que tristes sinais de abandono, resta-nos a consolação de o podermos visitar nos campos e cada vez mais perto de casa.

Fotos desta semana, no Freixial.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

XANTHIUM STRUMARIUM (BARDANA-MENOR)



No leito fundo e ainda seco da Vala do Freixial, encontramos um exemplar de bardana-menor, de largas folhas e longos pecíolos.


 O curso do ribeiro está interrompido desde fins de julho ou princípios de agosto. Mas, em breve, as primeiras chuvas de outono reporão a corrente. Neste curto intervalo a planta parece investir sobretudo na produção de flores em desfavor de ramos e folhas que se mostram relativamente escassos. 


As flores, são desprovidas de pétalas (apétalas). Crescem no ângulo formado pela inserção da folha no caule (axila) e no remate dos caules, formando capítulos de apenas um sexo mas os dois sexos estão presentes em cada planta, os machos mais acima.


Os capítulos macho são mais pequenos, não espinhosos e tendencialmente esféricos. São os produtores do pólen. Os capítulos fêmea, mais ovalados e espinhosos, apresentam-se inicialmente de cor verde mas tornam-se castanhos na maturidade. A floração dá-se entre agosto e outubro. 

Se as primeiras águas das chuvas não submergirem totalmente a planta, os frutos (pequenos aquénios) vingarão e as sementes, duas por fruto, poderão ser transportadas pela corrente e finalmente dar lugar a novas plantas. Os frutos das plantas nascidas nas margens ou nos campos secos mais afastados aproveitam a passagem de um animal para uma boleia até se desprenderem ou o vento se encarregará de as disseminar.

A planta é tóxica para o gado que felizmente parece evitá-la.

sábado, 21 de setembro de 2013

QUEM É O NOSSO PORQUINHO, QUEM É, QUEM É ?


- Quem é o nosso porquinho, quem é, quem é?
  (??? ....)


- Vá!, quem é, quem é o malandrão-porcalhão que nem conheço ?
- quem será...?


- finge que não ouve ou que não é consigo, não é? 
- oh, impertinência ... já não se pode dormir sossegado!


- céus...! e não finja mais!
- ... apanhado!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MENTHA AQUATICA (CITRATA, HORTELÃ-de-ÁGUA)



No Nascente do Freixial a água mantém-se poderosamente viva mas já não desce pela Vala. Nas regueiras há meses que não corre.  É normal para a época.


Nos leitos da Vala e regueiras e nas margens (nestas mais intensamente), cresce uma vegetação densa, impenetrável, de uma riquíssima variedade. 

 

Nessa associação encontramos a hortelã-de-água, uma espécie aromática típica muito frequente nestes ambientes. Nesta altura estão floridas, dominando o tom malva. Flores em verticilos que no topo se agrupam em cabeças globulares. Os caules são ramificados e levemente pendentes, alcançando os 80 cm de altura. As folhas são simples, inteiras e opostas. 


Estas e outras herbáceas têm um papel muito positivo contra a erosão, contribuindo para a fixação das margens. Não menor é o seu contributo na depuração das águas. Neste âmbito, levam oxigénio ás bactérias que vivem ao nível das raízes. As bactérias transformam a matéria orgânica em nutrientes que, por sua vez, alimentam a planta. A planta ganha a capacidade de eliminar nitratos e metais pesados. Afinal, aspectos positivos desta selva que à primeira vista apenas exprime caos. 

Fotos de ontem, no Freixial.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O trabalho como justiça


(...)
A ti boas coisas falarei, ó Perses, grande tolo!
Adquirir a miséria, mesmo que seja em abundância 
é fácil. Plana é a rota e perto ela reside.
Mas diante da excelência, suor puseram os deuses
imortais, longa e íngreme é a via até ela, 
áspera de início, mas depois que atinges o topo
fácil deste então é, embora difícil seja. 


Homem excelente é quem por si mesmo tudo pensa
reflectindo o que então e até ao fim seja melhor;
e é bom também quem ao bom conselheiro obedece;
mas quem não pensa por si nem ouve o outro
é atingido no ânimo; este, pois, é homem inútil.
Mas tu, lembrando sempre do nosso conselho,
trabalha ó Perses, divina prole, para que a fome
te deteste e te queira a bem coroada e veneranda
Deméter, enchendo-te de alimentos o celeiro;
pois a fome é sempre do ocioso companheira;


deuses e homens se irritam com quem ocioso
vive; na índole se parece aos zangões sem dardo,
que o esforço das abelhas, ociosamente destroem,
comendo-o; que te seja caro prudentes obras ordenar
para que os teus celeiros se encham do sustento sazonal.
Por trabalhos os homens são ricos em rebanhos e recursos 
e, trabalhando, muito mais caros serão aos imortais.
O trabalho, desonra nenhuma, o ócio desonra é.
(...)

Leitura de  "Os trabalhos e os dias", Hesíodo, tradução de Mary de Camargo Neves Lafer, São Paulo, Brasil, 1996, na semana em que prossigo, sem ajuda, com o trabalho (es)forçado, mas justo, do segundo corte e remoção do capim na proximidade das casas vizinhas.

Fotos de outras paragens na primeira semana de setembro.


sábado, 14 de setembro de 2013

ACHILLEA (AQUILEA), à prova do calor e da seca.



O nome desta planta evoca Aquiles o herói da guerra de Troia retratado na Ilíada, imortal criação  literária atribuída a Homero e que supostamente traria a planta sempre consigo para cuidar das feridas dos seus guerreiros.


Havendo necessidade de racionar a água de rega no verão há que pensar na progressiva substituição de algumas plantas mais exigentes por outras melhor adaptadas ás condições ambientais e aos recursos disponíveis. 


Pensei também na aquilea quando no final deste verão a vi prosperando com temperaturas muito elevadas em campos de solo pobre, pedregoso e bem seco. A aquilea pertence à família das asteráceas (ou compostas). 



Para mais é uma planta de fácil cultivo que pode ser usada como cobertura do solo ou em maciços. As pequenas flores estão organizadas em largos capítulos amarelos e podem ajudar na composição de uma jarra. As flores são aromáticas. É conveniente vigiar a potencial capacidade de expansão descontrolada.

O amarelo não é a cor mais comum e tenho de sublinhar que as aquileas das fotos estavam próximas de um pequeno jardim particular, o que pode significar estarmos na presença de um híbrido. Mais fácil é encontrar as flores das aquileas nas cores branca, vermelha, laranja ou cor-de-rosa. Se houver o cuidado de remover as inflorescências secas, poderemos obter novas florações. 

O fruto é um pequeno aquénio.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

CENTAUREA ORNATA (CARDAZOL, LAVA-PÉ), últimos dias de verão.


Neste fim de verão, as madrugadas são agora frescas contrastando com dias ainda muito quentes, mas no final do dia sopra uma leve aragem e nos céus, desde o meio da tarde, acumulam-se as nuvens. 


As centáureas despedem as últimas sementes. O vento dispersa-as pelo capim dourado do planalto, pontuado por cristas negras desiguais das rochas que povoam o subsolo.


Para trás ficaram os dias de esplendor, com as flores solitárias, amarelas ou amarelas e levemente alaranjadas, dispostas em capítulos vistosos, as folhas verdes rematando num pequeno espinho. 


Proximamente hão-de surgir as grossas chuvadas de setembro quando os castelos de nuvens se resolverem em  violentas tempestades. Cairão ainda os fortes nevões. Mas a primavera está prometida e com ela o despertar de muitas destas sementes.