sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

MAGNÓLIA, flores


Aproveitando a prometedora aberta, primeiros passos da caminhada a pé. No jardim fronteiro da casa da amiga e vizinha L., a magnifica magnólia em flor convida à irrecusável reverência. Tal como se espera dos polinizadores, a nossa atenção é inevitavelmente conduzida para o centro da flor. Na base das pétalas, inúmeros estames laminares  em tons rosa-avermelhado assentes num receptáculo alongado, rodeiam o tufo mais serrado dos carpelos livres de cor amarelada.


Pétalas e sépalas, respectivamente de 6 e 3 peças, confundem-se. Aqui, na flor em primeiro plano, as sépalas situam-se em plano inferior ligeiramente recurvadas para os lados e para baixo ao contrário das pétalas claramente voltadas para cima. Tendo em conta a aparente indiferenciação melhor as designaríamos por tépalas.


Na metade esquerda da foto, botões florais fechados numa bráctea. O mais comum nas flores é serem sépalas a envolver as pétalas. 


Por ora, há que retomar o passeio: várzea até ao parque, subida pela Mata ou atravessamento do parque, avenida da estação e regresso pelo Espinhal. Uma hora e meia incluindo as pausas para observar a natureza e ensaiar algumas fotos. Até já, vizinhos!

Fotos de 22 de Fevereiro de 2014, na aldeia.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

À SOMBRA DA CAPELA DE NOSSA SENHORA DA PENHA DA FRANÇA, divagações.


Há dois números atrás apresentava imagens de um exemplar de Phytolacca dioica (Bela-Sombra) inserido em ambiente mediterrânico. Referi a propósito um outro exemplar no adro da igreja edificada na aldeia no século XVIII que povoou a imaginação da minha infância.  


Entretanto, ocorreu lembrar-me do adro da Capela de Nossa Senhora da Penha da França, Vista Alegre, Ílhavo - local muito da nossa eleição - e do jardim e parque que a ladeiam. 
A Capela é dos finais do século XVII. Mais recentemente foi acrescentada com as duas torres sineiras mandadas construir segundo os planos iniciais, pelo fundador da Vista Alegre.
Em comum a escolha, entre outras, da Bela-Sombra para decorar os respectivos adros.


Que sei eu da história de qualquer deles? A bem dizer, nada. Mas ocorreu-me testar a hipótese da contaminação por modas. Nessas épocas muitos navios chegaram a Portugal carregados de árvores nativas de outras paragens para a decoração dos jardins de palácios ou de grandes casas ou de jardins botânicos, segundo modelos já ensaiados em cortes mais requintadas

A outra escala, o "jardin de curé", jardim do cura, era um misto de jardim, vinha e horta na proximidade do templo, para cultivo de flores necessárias para os altares, da vinha para o vinho de missa, a par com cultura de legumes, frutas e plantas medicinais.  Tudo apenas útil.
Com o tempo passou a diferenciar-se o valor prático do meramente lúdico.


Na nossa paróquia, essa diferenciação manifestava-se a par no passal e no adro. Situado a nascente do templo e da residência do pároco, aquele sobreviveu à voragem dos apetites de liberais e republicanos. Foi área reservada para horta, vinha e pomar e também área de repouso e meditação. Hoje ao abandono, parece já não ser desejado pois, todos, sacerdotes, leigos ou nem uma coisa nem outra, prescindem de agricultar e preferem "comer da loja". 

Naqueles tempos, diziam os de condição rural (condição que me é comum): " olha! aquele, come da loja: não vai longe...". Prosperava então, modestamente, a "loja do Ti Antoino". Hoje a condição de "comedor de loja" sustenta qualquer das catedrais de consumo do Tio Belmiro e afins com a vantagem, antes nunca sonhada, de nele a clientela poder simultâneamente abastecer-se, repousar e, quiçá, meditar...


Antes também usado para sepultamentos, sobrava o adro da igreja para árvores apenas decorativas, impensável que era aproveitá-lo para plantação de outras espécies dado o historial. Além da Bela-Sombra pelos vistos em voga à data da plantação, havia ciprestes, um dos quais ainda resiste, palmeiras, freixos, um monumental lódão bastardo (celtis australis) a que, sabe-se lá porquê, chamávamos de "morangueiro" e mais prosaicamente uma laranjeira azeda cujos frutos serviam todo o povo e eram procurados para tratar as frieiras - uma doença provocada pela exposição ao frio e humidade que atacava pés e mãos e que se manifestava por inflamação e prurido e verdadeiramente só curável com "os pós de Maio". Tenho uma vaga ideia de que as folhas também eram usadas para chás. 

Na foto, ao fundo, ladeando a Capela parte do bairro operário, plátanos e outro exemplar de bela-sombra. Na segunda das fotos vê-se um grupo em peregrinação pelo jardim de buxo em direcção ao notável Museu da Vista Alegre.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PISTACIA TEREBINTHUS, (TEREBINTO, CORNALHEIRA, CORNICABRA, PISTACHIER TÉRÉBINTE)


Pequena árvore ou arbusto originário do Médio Oriente de tronco acinzentado, brota em solos pobres entre penhascos com alguma humidade e assim resiste à seca estival nas serranias de Portugal e de Espanha. Prefere a exposição ao sol e aguenta bem os frios e geadas de inverno. As pequenas flores em tom avermelhado surgem na primavera e organizam-se em cacho (panículas). 


O que vemos na foto não é um fruto mas uma galha (de cerca de 20 cm de comprimento) que é a mutação operada pela planta em resposta à picada de um pulgão que nela abriga os ovos, processo semelhante ao que tem lugar  nos sobreiros, azinheiras e carvalhos dando lugar aos conhecidos bugalhos.


Os frutos são drupas de forma ovóide e do tamanho de ervilhas. São alimento para alguns pássaros que retribuem distribuindo as sementes pelo solo. A planta é dióica: facilita a multiplicação a existência nas proximidades de exemplares de um e outro sexo. O odor muito característico das folhas, frutos e caules do terebinto não convida a aproximação do gado o que de algum modo a preserva da voracidade dos rebanhos. 


Folhas alternas, compostas de 9 folíolos de cor verde, duros, com nervuras acentuadas. A folha é caduca. No outono a folha torna-se de cor amarela ou vermelha. 


A madeira do terebinto é dura e muito apreciada pelos entalhadores. É ainda usada em cabos de canivetes. Em arbusto liberta uma resina que tem várias aplicações quer medicinais quer na indústria química, nomeadamente em diluentes. A essência de terebentina era feita com a seiva da planta.

Do verdadeiro terebinto - pistacia vera - saem frutos comestíveis, pequenas amêndoas que se levam a torrar, usadas como condimento na cozinha ou na composição de bolos.

Fotos de setembro nas montanhas do mediterrâneo ocidental(província de Alicante - nos 586 m)




sábado, 22 de fevereiro de 2014

PHYTOLACCA DIOICA (BELA-SOMBRA, BAOBÁ-DAS-PAMPAS, OMBÚ, ELEPHANT FOOT)


Na nossa aldeia, no adro da Igreja, conheci uma destas estranhas árvores a que chamávamos "árvore podre" ou a árvore "pata de elefante" e era geralmente confundida com o embondeiro.  Gerações e gerações de crianças brincaram à sua volta ou trepando pelo curto tronco. Os adultos procuravam-na como refúgio do sol nos verões quentes. 


Bela inflorescência em cacho, entre primavera e verão: as pequenas flores são melíferas. Na bela-sombra, como o seu nome indica (dioica), os sexos encontram-se separados em indivíduos diferentes. 

Folhas em verde escuro, glabras, elípticas.


Chamávamos-lhe "podre" não porque se encontrasse em decomposição mas porque, na base, tronco e raízes nodosas eram ôcos (pelo menos em parte) o que podíamos constatar através de uma grande abertura.  Que idade teria?   E que grande era: uma envergadura da base de pelo menos o triplo do tamanho da base da árvore nas fotos. Finalmente adoeceu e nem os cuidados que depois lhe foram prestados a puderam salvar. 
É originária da América do Sul, particularmente das pampas da Argentina e Uruguai e espalhou-se pela região mediterrânica que a adoptou com sucesso. Pode alcançar os 20 m de altura. 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

GERANIUM DISSECTUM (COENTRINHO, BICO-de-POMBA, CUT-LEAVED CRANESBILL, ALFILERILLO, GÉRANIUM DÉCOUPÉ)


Entre Março e Junho surge entre as infestantes uma flor tão discreta como bela de cinco pétalas iguais em cor-de-rosa ou malva, 5 sépalas e dez estames. As pétalas apresentam um ligeiro entalhe a meio do ápice. Como mais seguramente se concluirá depois de ver a 3ª das fotos, é imprescindível uma grande atenção à densa mancha das ervas para desvendar estas pérolas. Trata-se duma herbácea anual da Família das Geraniaceae que surge à beira dos caminhos e nos campos abandonados mas ricos em nutrientes.   


Caules ramificados com 10 a 40 cm de comprimento. Folhas simples, opostas, de pecíolos longos, orbiculares, profundamente recortadas em 5 a 7 segmentos que por sua vez são também recortados.


O fruto é uma cápsula. 

Depois de dois dias excepcionais de sol em que já pude observar no quintal as primeiras flores  da amendoeira, voltou o tempo de chuva e adiada fica a plantação das primeiras batatas. Mas a primavera já anda perto. Apesar das chuvas a temperatura ambiente é relativamente amena. E os gomos vão surgindo em algumas outras árvores e arbustos. Uma promessa consistente. 

Fotos do final de Março de 2013, na Ribeira, no limite dos campos da aldeia.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

RHAGADIOLUS STELLATUS (RAGADÍOLO-ESTRELADO, STAR HAWKBIT, ENDIVE DAISY, RADICCHIO STELLATO, UÑAS del DIABLO, RHAGADIOLE ÉTOILÉ)


Finalmente, um dia luminoso e a inesperada amenidade. Possivelmente outros lhe sucederão assim, libertando pouco a pouco as terras do acumulado de água. Esta manhã ouvia o som do motor dum tractor no quintal vizinho. Dei conta, depois, que três lavradeiras completavam a preparação da terra e iniciavam a plantação das batatas. Ninguém com menos de 70 anos de idade. Nestas zonas de minifúndio, a larga maioria das melhores terras  permanecerão incultas mais um ano. Mas, mesmo nos terrenos mais pobres nenhuma ficará sem revestimento vegetal. Em todas, as plantas herbáceas espontâneas travam a costumada luta silenciosa competindo pelo espaço.  Dentro de um mês não haverá um centímetro quadrado sem revestimento vegetal.


 Manchas ou apenas salpicos de amarelo irão temperar os vários tons do verde dominante. Nesta altura, na orla das matas a maior mancha amarela é a das indesejáveis acácias e no interior, a dos tojos (fabáceas do género ulex). Nos taludes e à beira dos caminhos ondulam já as delicadas flores das azedas (oxalis pes-caprae). Em breve, alargar-se-à a festa verde-amarela aos malmequeres e afins.  


Da Família Asteraceae (a mesma dos malmequeres mas pertencente a uma tribo diferente) apresenta-se uma herbácea anual muito discreta do Género Rhagadiolus, de pequenas flores amarelas que surgem entre março e junho nos campos férteis e abandonados e à margem dos caminhos, em sítios húmidos. Nelas, os capítulos são a base (receptáculo) onde assentam apenas pequenas flores liguladas, com cinco cortes no bordo superior. Ao contrário dos malmequeres não apresentam também as conhecidas pequenas flores tubulosas inseridas no disco central. Protegem-nas brácteas compridas e estreitas.


Os caules são longos (podem alcançar 50 cm de comprimento), difusos e com ramos divergentes. As folhas da base são oblongas ou lanceoladas  e ligeiramente dentadas.  Superiormente são alongadas e estreitas, mais largas a meio.

O ragadíolo-estrelado surgiu-me de entre um denso emaranhado  de ervas rasteiras e não fora o amarelo da flor e teria passado completamente despercebido. Afinal não tem como esconder a sua formosura. Surpreendeu-me ainda pela fragilidade do caule que se deixa cortar facilmente com a unha e pelo seu carácter meio prostrado, apoiando-se noutras ervas. 
Espero para breve um reencontro com a beldade.


Na foto a raíz. 

Fotos de finais de março de 2013, na zona da Ribeira e no limite da aldeia. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

VICIA SATIVA (ERVILHACA, COMMON VETCH, VECCIA COMUNE, VESCE COMMUNE)


E já que estamos em maré de leguminosas permitam-me insistir noutra variedade que foi muito comum nas culturas forrageiras associada ao trevo e como planta de cobertura. O emprego crescente de adubos químicos e a substituição de animais de tracção pelas máquinas arrastou esta espécie para o limbo e presentemente a planta é mais vista por cá como infestante que outra coisa.


Inflorescências: flores papilionáceas geralmente solitárias ou agrupadas em duas, de corola rosada-violeta com cinco pétalas semelhantes ás da ervilheira que saem da axila das folhas. Nesta altura do ano ainda não há flores de ervilhaca mas abundam no quintal estas plantas espontâneas. Em seu tempo tentaremos novas fotos desta bonita flor. 


Caule ramificado, prostrado-ascendente, de superfície canelada. Folhas alternas, compostas por cinco pares de folículos lanceolados  rematando em forma de agulha e com gavinhas terminais. O fruto é um legume em forma de vagem.


Com surpresa dei conta de notícias de intoxicações de cavalos por acção desta planta e ainda de  galináceos por ingestão das sementes. Confirmar-se-ão?

Fotos de 24 de março de 2013, no quintal.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

HARDENBERGIA VIOLACIA "ALBA" (HARDENBERGIA, FALSE SARSAPARILLA)


Comprimento de onda e intensidade da luz são factores decisivos no processo de transformação de energia operado pela fotossíntese. Pigmentos fotossintéticos existentes na folha são capazes de captar a energia solar e canalizá-la para energia química. Outros factores igualmente importantes são a temperatura, a água e a morfologia da folha. Até certo limiar, a velocidade da fotossíntese na maioria das plantas aumenta em ambientes mais quentes. Olhando para as matas próximas de pinhal e mato damos conta de que as espécies melhor adaptadas ao clima de inverno são as coníferas com as suas folhas longas e estreitas em forma de agulhas  e os tojos de folhas verdes e rígidas terminadas em ponta aguçada em forma de espinho.


Podemos mimar algumas plantas oferecendo-lhes um ambiente de interior e ainda assim as florações de inverno são a excepção.


 Espantoso é que um arbusto de folha persistente da Família das Fabaceae,  planta de exterior, para mais originária da Austrália, eleja para florir uma quadra sensivelmente a meio do inverno, de céu carregado, fria e por demais molhada, persistindo até à produção de sementes viáveis que lhe asseguram a reprodução. Muito a propósito, as folhas são rijas e estreitas, simples, ovais lanceoladas, de cor verde escura com nervura acentuada. Claro que tudo tem um limite de resistência que para esta planta andará em torno dos -5º  e - 6º C e daí que se deva escolher para a implantação uma zona protegida.


Manifestamente, a beleza das flores da  hardenbergia, de 4 pétalas, normalmente em tons de rosa a púrpura e mais raramente em branco como as das fotos (notar o toque amarelado da pétala estandarte) têm um valor absoluto, por mais luminosa e amena que fosse a época do ano do seu despontar. Valem-lhe as notáveis capacidades de armazenamento de energia operadas em épocas de abundância de luz e de transformação dessas reservas em açúcares simples que "sabe" dosear adequadamente. 
Mas para quem, com abertura, souber demorar o olhar nestas plantas e por elas se alegre, acabará tocado por uma reserva de luz e calor nada desprezível no inverno que a hardenbergia  guarda  por excesso, deferência à atenção.   

Fotos de fevereiro, em Coimbra.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ARACHIS REPENS (AMENDOIM FORRAGEIRO, MANÍ FORRAJERO PERENNE, YELLOW PEANUT PLANT, ARACHIDE FOURRAGÈRE)


O amendoim forrageiro é uma herbácea leguminosa perene, originária do Brasil (Família das fabaceae), cultivável em climas tropicais e subtropicais húmidos e usada na alimentação do gado, como preventiva da erosão dos solos, planta de cobertura ou decorativa. Apresenta uma notável capacidade para fixar o azoto e daí também ser usado como adubo verde.  As flores em amarelo vivo são características das papilionaceae, de cálice bilabiado e cinco pétalas: estandarte totalmente em amarelo, duas asas e quilha amarelas, envolvidas por 5 brácteas. A quilha é composta por duas pétalas unidas que guardam os estames e o estilete. Na foto seguinte e na última é bem visível o hipanto, tubo estreito bastante desenvolvido (mede entre 3,5 a 11 cm de altura) que termina na parte inferior do cálice e o coloca acima do nível superior da folhagem. Em todo o caso o amendoim é auto-polinizável. 


Esta planta (não confundir com o Arachis hypogaea, amendoim cultivado usado na alimentação humana em grão torrado ou em manteiga)  espalha-se horizontalmente por meio de estolhos ou estolões ramificados, podendo atingir 1,50 m de comprimento, enraízando nos nós. Rapidamente alcança uma folhagem densa que protege o solo de ervas daninhas. 


As folhas em verde mais escuro na página superior, são compostas por quatro folíolos ovalados com uma nervura central evidente.


As raízes mergulham fundo no solo. 

A a. repens raramente produz sementes. Em contrapartida investe mais na produção de flores e por isso é preferida como planta decorativa. Já a a. pintoi muito parecida àquela, dá sementes de difícil recolha mas é usada como cultura forrageira. Uma e outra têm boa resistência ás secas e toleram mal as geadas. As designações mencionadas no título em português e em castelhano, são mais adequadas à variedade forrageira e não encontrei designação em português para a a. repens.

O fruto é uma vagem de uma semente. 


Fotos-gentileza JM, 2013, no sudeste asiático.Bjnhs.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

CHOVE CHUVA CHOVE SEM PARAR

Chove chuva
Chove sem parar

Pois eu vou fazer uma prece
Prá Deus, nosso Senhor
Prá chuva parar
De molhar o meu divino amor...


Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flor...

Por favor chuva ruim
Não molhe mais
O meu amor assim...


Chove chuva
Chove sem parar.

Sacudim, sacudém
Imboró, congá
Dombim, dombém
Agouê, obá
Sacundim, sacundém
Imboró, congá
Dombim, dombém
Agouê, oh! oh! oh! obá
Agouê, oh! oh! oh! obá
Agouê, oh! oh! oh! obá...

Jorge Ben, Rio de Janeiro, Brasil (1945), compositor, guitarrista e cantor de samba-rock, bossa-nova, jazz ...

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PORTULACA GRANDIFLORA (ONZE-HORAS, PORTULACA, VIETNAM ROSE, ROSE MOSS, POURPIER, CHEVALIER D, ONZE HEURES)


A portulaca passa bem sem as nossas convenções. A abertura total das pétalas ao sol de um dia limpo de nuvens obedece a um relógio interno muito próprio. Por isso não nos admiremos que num sítios lhe chamem "onze-horas" e noutros "dez-horas". E, claro, independentemente da hora oficial se surgirem nuvens a tapar o sol a flor diz "boa-noite", corre a pestana e... recolhe a penates.


A portulaca já visitou o portal na forma de pétalas simples, muito finas e sedosas (dezembro de 2012). Hoje são as dobradas que alguns associam à disposição própria das rosas. De comum, o à vontade com solos secos e bem expostos ao sol. Em todo o caso, regas a tempo garantem mais ricas florações.


Não tanto a flor mas os caules, próprios das suculentas, evidenciam o parentesco com as conhecidas beldroegas. Ambas pertencem à família das portuláceas. Atenção, ao contrário das beldroegas usadas na culinária, os caules e folhas das onze-horas não são comestíveis. 

Fotos-gentileza de JM, 2013, sudeste da Ásia. Obrigado, bjnhs.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

MONSERRATE, SINTRA, palácio, motivos florais.


 Desígnio: criação. Domínio da mão, domínio da mente. Simetria. Excesso e simplicidade.


 Nem útil, nem prático: apenas belo. Ars gratia artis. A intemporal arte pela arte.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

EX-VOTO SUSCEPTO (POR PROMESSA FEITA)


Milagre que fez Santa Quitéria Virgem Mártir a Zeferino Severino Firmino Souza de Meirelles, Porto 21 de Agosto de 1878.


Milagre que fez Nossa Senhora do Socorro ao Mestre João Loureiro na escuna Viúva Esperança vindo do Maranhão para o Porto no mar das Berlengas a 4 léguas lhe carregou tamanho temporal que o pôs em tal estado no mês de dezembro a 25. EV Ano 1821.

Pressupostos: juro que vivi em dor este transe  até ao limite das minhas derradeiras forças e que dele só regressei pela fé e pela esperança. Em gratidão e para memória futura, para exemplo e inspiração de outros em grave risco de vida, dou o meu breve testemunho nesta tabuinha pintada que encomendei.  

O património é diverso. 
Porto. Igreja do Seminário. A profunda humanidade que atravessa estes quadros excede em muito a porventura deficiente técnica dos seus autores anónimos. "O pintor de milagres...não é mais que um filho do povo para quem pintava, a rogo, como escrevedor de cartas procurado por analfabeto, um ou outro episódio de vida ressaltando do comezinho mas ainda assim caracterizado de uma precaridade de ser que é a vida do homem na Terra - Vale de Lágrimas", cf. Alberto Correia, "Carlos Massa" in Beira Alta, vol. XLI, Fasc. 2, ano 1982, 2º Trim., p. 317.

Por outro lado, em visita guiada pela inexcedível simpatia e erudição da Senhora Directora do Museu apreciámos também a arte de Autor e Escola exposta no Museu Soares dos Reis. A reportar, quem sabe, noutra ocasião.  


domingo, 2 de fevereiro de 2014

HAKEA SERICEA (HÁQUEA-PICANTE, ESPINHEIRO-BRAVO, SILKY HAKEA), em flor


A háquea-picante, (proveniente da Austrália, Família Proteaceae) é um arbusto ou pequena árvore capaz de formar uma impenetrável muralha espinhosa com as suas robustas folhas em forma de agulhas. 


Em Portugal é uma das espécies invasoras como tal já assim catalogadas na lei. Do seu natural cresce muito depressa e sem forma geométrica definida. Estranhamente a acção dos fogos facilita a sua expansão desordenada.


Num mês de escassas florações, esqueçamos por momentos os graves inconvenientes da proliferação destas plantas e assinalemos as delicadas inflorescências. As flores brancas ou rosa-pálido organizam-se em inflorescências em cacho de uma a sete flores. Colocam-se no ângulo formado pelo ramo e a folha aculeada.  No meio de tanta braveza uma faceta de inocência.


Frutos secos de forma ovalada, acastanhados, com uma fenda terminando em bico, trazem bem guardadas no interior as sementes.  


As háqueas da foto têm um pouco mais de três metros de altura.


Estas plantas situam-se à beira de uma estrada e delimitam um pinhal. Invadem com os ramos uma parte da via. Cautelosamente, os peões tomam a faixa de rodagem oposta pois sabem que a picada da háquea é dolorosa e como tal é de evitar.

Fotos de Janeiro de 2014, nos limites da aldeia.