terça-feira, 27 de setembro de 2016

ERIGERON ( MARGARIDA, SEASIDE DAISY)


Poderiam ser plantas espontâneas de campos com vistas para o mar. Mas às margaridas das fotos coube em sorte um esplêndido jardineiro porque o que lhes falta em sol, sobra-lhes em cuidados. Experimentado, culto mas prudente, escusou-se a designar a variedade de erigeron em causa, balançando entre o E. glaucus e o E. speciosus. Quem sou eu para o confirmar ou desmentir?


As asteráceas compõem um imenso mundo de variedades. Algumas apenas são distinguíveis por peritos nas observações microscópicas. Por agora, deixemo-nos tocar apenas pela beleza das flores: as marginais entre o lavanda claro e o violeta e as do disco em amarelo. Anote-se que o diâmetro do disco tem grandeza notavelmente superior ao comprimento das flores liguladas das margens. Realce para o lançamento das folhas espatuladas, aqui num verde desmaiado. Veja-se ainda a beleza frágil dos botões procurando soltarem-se ao precioso sol de verão. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

ESPAÇOS ABERTOS


Largas extensões rurais  de terra e água protegidas, reserva natural, refúgio de vida. Beleza, repouso, pureza.


Convite à comunhão? Ou, à solidão, fuga, vertigem, ilusão? Ou, mais prosaicamente, para apenas esquecer o modo de vida que, animados por uma vontade de cura, deixámos no limite da cidade


Espaço grandioso de contemplação mas igualmente de privacidade, liberdade e de gloriosa solidão, que nos restitui mais inteiros para o desempenho dos nossos papéis sociais e individuais.


Onde está a inalcançável  medida comum à natureza e ao homem, prodigiosa unidade de tudo?  

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

ACHILLEA MILLEFOLIUM STRAWBERRY SEDUCTION (MILEFÓLIO, YARROW)

 

Ervas espontâneas dos solos ruderais e campos de cultivo abandonados, os milefólios de flores brancas podem passar despercebidos. Já aqueles que hoje trazemos, são híbridos  vistosos de sucesso garantido  e, para mais, de fácil cultivo, adaptáveis a diversos tipos de solo e muito resistentes.


Nas fotos, a vizinhança com a borragem, herbácea de flor azul, mais do que o conseguido belo efeito estético da associação, pode  igualmente significar uma justa preocupação do jardineiro com as abelhas.


O perfume natural da folhagem extremamente recortada e as notáveis inflorescências são uma atracção para os bons insectos. Simultâneamente têm fama de conseguir afastar outros indesejáveis. Afinal, uma escolha inteligente.  

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

MALVACEAE (TREE MALLOW ROSEA)

 

Ao ouvir falar de malváceas ornamentais, logo associo a imagem das malvas rosa com o seu porte altaneiro sustentado por um caule vigoroso, porém, solitário. Já as malváceas arbustivas não parecem ser muito comuns entre nós. Pois foi com surpresa que me foi dado observar este verão uma grande mancha desta espécie arbustiva em plena floração a cor de rosa. E que belo efeito!



Surpreendentemente a folhagem não se mostra tão profundamente recortada como é de regra no comum das diferentes malváceas decorativas, os caules são muito menos vigorosos e não tão altos (os da foto terão cerca de 1,50 m de altura), assim resistindo melhor à acção dos ventos e chuvas que por ali são habituais qualquer que seja a época do ano.


Note-se o subtil efeito contrastante das nervuras das pétalas que se apresentam com uma textura sedosa que convida a tocar-lhes. Parece-me tratar-se de um híbrido, possivelmente de lavatera x clementii "rosea". Para mim, um dos achados deste verão. Creio, no entanto, que será intransponível, com o mesmo sucesso, para climas  como o nosso, cada vez mais quentes e secos. Ficam as imagens e o desejo de as rever.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

ARCTIUM (BARDANA, BURDOCH)


De entre um manto de ervas batidas pelo vento húmido sobressai uma herbácea de tamanho maior, de cerca de um metro e meio de altura. As suas flores dispostas em capítulos, são discretas na cor, entre o rosa e o púrpura mas impõem-se pelas cabeças arredondadas envoltas por brácteas aguçadas que não se deixam tocar. Os estames são púrpura-escuro e os estiletes esbranquiçados. A flor tem alguma semelhança com  a do cirsium vulgare mas neste os caules e folhas têm espinhos e as folhas são profundamente lobadas.


São plantas bianuais. No primeiro ano, as folhas formam rosetas basais, enormes, em verde-escuro. No segundo, destaca-se um caule rijo e suas ramificações de folhas progressivamente mais pequenas e menos densas, de forma mais oval, dispostas de modo alternado. Na página inferior, de verde-pálido a cinzento, surgem pelos. 


Os invólucros da flor facilitam a ancoragem das sementes seja ao que for que os toquem possibilitando a deslocação a grandes distâncias. 



No todo, é uma planta de cor baça, verde-pálida, nada vistosa. Mas a adaptação a um meio tão bravio e elástico como o da costa atlântica é, só por si, um milagre. Como não a admirar!