quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

NARCISSUS (NARCISOS)


Já este ano trouxemos aqui os narcisos. Mas alguns destes são um tudo nada diferentes na cor. Reparece-se no funil central bem mais escuro. Compare.


Este ano ainda não surgiram narcisos de pétalas brancas. Aparecendo no jardim, voltarei. Tenham paciência mas sou um apaixonado por estas belas plantas.


Este parece estar de castigo, de costas para o sol, o "nariz constipado", voltado para o muro.


Não. Apenas voltado para os vizinhos do lado: vejam como também sou belo!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

TRATAMENTO DE INVERNO


No auge da floração como a ameixoeira das fotos de hoje, não faço tratamentos com pulverizações para não prejudicar as abelhas e demais insectos polinizadores.


Mas as demais árvores do pequeno pomar estão ainda na fase de pré-abrolhamento ou abrolhamento. Iniciei ontem o tratamento de pomóideas (macieiras, pereiras) e prunóideas (pessegueiro) com o óleo de verão para atacar preventivamente formas hibernantes de insectos e ácaros, como a cochonilha de São José e aranhiço vermelho e, espero, também a maldita lepra do pessegueiro. Cedo demais? 


No tratamento de fungos venho usando a calda bordalesa em pomóideas (próximo do abrolhamento) e prunoideas (próximo do entumescimento do gomo).


Estas são fotos de flores de ameixoeira brava tiradas em 26 de fevereiro de 2012, no quintal.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

INFALÍVEIS DOS ANOS QUARENTA


 À colherada: amargo, nauseabundo, oleoso? Desagradável? Mas faz bem! Faria?


Não me tocou. Mas conheci várias crianças na vizinhança atacadas com a coqueluche. Na época morria-se da doença. Até à vacinação obrigatória. 


O sabão era racionado. Lembro grandes secas no verão. Entre nós nunca faltou sabão que era fabricado em casa para consumo próprio.


Grandes caminhadas no trabalho ou pelo prazer das merendas ao ar livre, requeriam banhos dos pés em água quente com sal. Ou os mais sofisticados Saltratos Rodel.

Primeira e última das fotos extraídas do blog Dias que Voam;  as demais são fotos saídas da Gazeta das Aldeias.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

ROSEIRAS PRIMEIRAS FOLHAS DO ANO


É muito compensadora a observação diária das plantas nesta fase do ano. Mesmo daquelas que aparentemente nada têm de novo para nos oferecer. Olhamo-las sob novas perspectivas à medida que enriquecemos os conhecimentos. Novas questões, desvelam novos conhecimentos. Persistir nas observações pacientes, tentar compreender melhor à luz da experiência acumulada própria e alheia. E, de vez em quando, uma pitada  dos resultados mais acessíveis da reflexão teórica própria da investigação também não fará mal, mesmo quando não se compreenda tudo.


No final do ano reiniciei a transplantação de algumas roseiras de locais sombrios para outros mais soalheiros. Acompanho todas, mas  a estas últimas dou uma atenção particular por razões óbvias. Adaptar-se-ão bem?


Cá estão! Muitas variedades de roseiras apresentam as primeiras folhas brotando em vermelho.


Normal! Progressivamente elas se tornarão verdes. Continuaremos a dar notícias das roseiras. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

UMA APÓS UMA AS ONDAS APRESSADAS


Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva espuma
No moreno das praias.



Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o espaço
Do ar entre as nuvens escassas.



Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.



Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.


Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa, 1918.


Fotos de Junho de 2011, região da Charante-Maritime, França.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DA ÁGUA NÃO CONTROLADA À NÃO ÁGUA



Galiza: até os galegos se queixam da sensível alteração climática.


Galiza: do clima atlântico a mediterrânico.

Freguesia de Mangualde: louváveis melhoramentos da iniciativa autárquica local. Preservando as memórias.

Do prático e funcional ao simbólico e histórico.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

INVERNO O PROBLEMA DA SECA


Houve tempo em que até as palmeiras refrescavam os pés na água.


E no verão, as árvores ofereciam sombra e ... convidavam os caminhantes para uma bebida.


Antes, os fontanários ofereciam ao povo água da bica e ... da torneira para apreciadores mais requintados.


Água a rodos ... uma miragem!


Temperaturas relativamente altas para a época e vento quanto baste: ontem voltei a regar os meus canteiros da horta!!!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

POMAR, CUIDADOS NOVA FASE DE DESENVOLVIMENTO


Nesta altura estão em curso transformações significativas, já observáveis a olho nu, no processo de desenvolvimento das árvores do pomar.


Na passada quinta-feira surpreenderam-me algumas ameixoeiras com o início da floração sendo certo que há já alguns dias que o inchamento dos gomos tinha alcançado o ponto verde (fase C).


Nas cerejeiras, amendoeira, damasqueiro e na ginjeira, também são já visíveis os inchamentos dos gomos.


O tempo tem corrido seco, excessivamente seco até. No entanto, impõem-se as imprescindíveis medidas preventivas contra a moniliose, lepra, crivado ou cancro, a tomar na fase em que os gomos ficam mais gordos. É suposto que idênticas medidas tenham sido tomadas no início da queda das folhas. Espero poder fazer essa pulverização ainda esta semana. De contrário, por mais tratamentos que se façam depois da eclosão da doença nada a poderá parar.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PLANTA DESCONHECIDA


Ainda do passeio a pé da tarde de domingo passado ficou a surpresa da magnífica flor cuja imagem trago hoje à consideração dos meus leitores, (presumindo que possa ter alguns, ainda que só por distracção acedam a este espaço sem geito). Há muitos anos que conheço a planta naquela área mas só agora reparei na flor. E se vale a pena parar para  a ver!


Aproximando-nos mais: magnífica inflorescência oferecida por uma modesta planta rasteira usada como cobertura do solo, em jardim.


A flor, noutro ângulo. Fiz a procura dirigida a plantas de cobertura mas nada encontrei de semelhante em flores.


Estas plantas perenes habitam aqui um solo argilo-calcário, à beira dum lago (a uns escassos metros da margem) e está protegida pela sombra da vegetação exuberante de arbustos e árvores. Gostaria muito de conhecer a identidade da planta. Conto com a vossa colaboração!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

VINCA MINOR (PERVINCA, VINCA, CONGOSSA)


A pervinca é uma excelente tapa-solos. Planta vivaz e espontânea em Portugal, adapta-se facilmente a solos frescos, sombrios ou a meia-sombra. Gosta de terrenos argilosos ou calcários.


Muito colada ao solo, compõe um revestimento vegetal verde e quase sempre florido em tons de lilás. Resulta bem se pontuarmos a mancha de pervincas com tulipas e narcisos.


Para a reprodução da pervinca plantam-se os caules jovens com boas raízes, na primavera ou no outono, em solo bem remexido.  

Fotos da tarde de ontem, perto de casa, em local abrigado e fresco, durante o agradável passeio a pé.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CÂNTICO ESPIRITUAL


Para uma aproximação à incomensurável riqueza dos significados profundos da poesia de São João da Cruz, concebida "en amor de abundante inteligencia mística", é imprescindível a leitura simultânea dos "Comentários". Interessando, encontra vasta informação na internet.

               Cántico Espiritual                                             Cântico Espiritual
Canciones entre el Alma y el Esposo                    Canções entre a Alma e o Esposo

                           1                                                                 1                    
      A dónde te escondiste,                              Aonde te escondeste,
Amado, y me dexaste con gemido?         Amado, e me deixaste soluçando?
    Como el ciervo huiste                                 Como o cervo correste,
    Habiéndome herido;                                   Ferida me deixando;
Salí tras ti clamando, y eras ido.              Tinhas partido, quando saí clamando.
                           2                                                                 2
     Pastores, los que fuerdes                           Pastores, os que subirdes
Allá por las majadas al otero,                 Além pelas malhadas ao outeiro,
       Si por ventura vierdes                            Se por sorte vós virdes
       Aquel que yo más quiero,                      Aquele a quem mais quero,
Decilde que adolesco, peno y muero.      Dizei-lhe que agonizo enquanto espero.
                           3                                                                 3
      Buscando mis amores                               Buscando meus amores
Iré por esos montes y riberas;                  Irei por esses montes e ribeiras;
      Ni cogeré las flores,                                    Não colherei as flores,
      Ni temeré las fieras,                                    Nem temerei as feras,
Y passaré los fuertes y fronteras.                E passarei os fortes e as fronteiras.
                          4                                                                  4
Oh bosques y espesuras                                       Oh bosques e espessuras
Plantadas por la mano del Amado!,            Plantadas pela mão de meu Amado!
        Oh prado de verduras,                                 Oh prado de verduras,
        De flores esmaltado!,                                     De flores esmaltado!,
Decid si por vosotros ha pasado.                     Dizei-me se por vós terá passado!
(...)

Cântico Espiritual, S. João da Cruz, (1542-1591), na tradução de José Bento, Poesias Completas, Edição Bilingue, Assírio & Alvim, Lisboa, 1990.


sábado, 18 de fevereiro de 2012

ELEIÇÕES

Eleições

Ha entre el-rei e o povo
Por certo um accordo eterno:
Forma el-rei governo novo,
Logo o povo é do governo
Por aquelle accordo eterno
Que ha entre el-rei e o povo.


Graças a esta harmonia,
Que é realmente um mysterio,
Havendo tantas facções,
O governo, o ministerio
Ganha sempre as eleições
Por enorme maioria!


Havendo tantas facções,
É realmente um mysterio!



João de Deus, Campo de Flores Poesias Lyricas completas Coordenadas sob as vistas do autor por Theophilo Braga, tomo II, Liv.s Aillaud e Bertrand, Lisboa, s/d.

Última ilustração de Vikipédia, Eleição Presidencial Brasileira de 1930. Demais extraídas de portais de comemorações do centenário da República.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OSSOS DO OFFICIO

Ossos do officio

Uma vez uma besta do thesouro,
      Uma besta fiscal,
Ia de volta para a capital,
Carregada de cobre, prata e ouro;
      E no caminho
Encontra-se com outra carregada
      De cevada,
      Que ia para o moinho.


      Passa-lhe logo adeante
                        Largo espaço,
      Colleando arrogante
                      E a cada passo
      Repicando a choquilha
      Que se ouvia distante.


      Mas salta uma quadrilha
                          De ladrões,
                          Como leões,
                 E qual mais presto
     Se lhe agarra ao cabresto.


Ella reguinga, dá uma sacada
                     Já cuidando
           Que desfazia o bando;
                        Mas, coitada!
            Foi tanta a bordoada,
            Ah! que exclamava emfim  
            A besta official:
            - Nunca imaginei tal!
                      Tratada assim
            Uma besta real! ...
Mas aquela que vinha atraz de mim,
          Porque a não trataes mal?


"Minha amiga, cá vou no meu socego.
          Tu tens um bello emprego!
Tu sustentas-te a fava, e eu a troços!
Tu lá serves el-rei, e eu um moleiro!
Eu acarreto grão, e tu dinheiro!
Ossos do officio, que o não ha sem ossos.



Ossos do Officio por João de Deus, Campo de Flores.