sexta-feira, 31 de agosto de 2012

MEDICAGO MARINA (LUZERNA-DA-PRAIA)


Em finais de Agosto, entre as praias da Barra e da Costa Nova, o revestimento vegetal do cordão dunar que ladeia a pista para bicicletas, ainda tem algumas espécies em flor. È um ambiente relativamente pouco natural e muito degradado, tendo em conta as edificações urbanas, as estradas e ruas das proximidades, os restos de construções e demolições, o muito lixo abandonado e a intensa circulação de pessoas que não se limita ao trilho da ciclovia e aos passadiços.


Um primeiro efeito dessa intervenção humana é a banalização da flora. Ainda assim, pudemos observar uma ou outra espécie vegetal e em particular as que ainda estão em floração. É o caso da Luzerna-da-praia, planta vivaz muito colada ao solo, que tem manifesta capacidade de adaptação ás condições muito particulares das primeiras linhas da duna branca. Pouco exigente em água, não desdenhando o ambiente salino, é das primeiras a surgir. As flores, aliás inflorescências, de pedúnculo curto, são em amarelo vivo e apresentam 5 pétalas das quais uma maior, externa, (estandarte) que se sobrepõe a 2 laterais (as asas) e 2 inferiores, unidas (quilha). O fruto, semelhante à vagem da ervilheira, (ervilheira e luzerna pertencem á mesma família das fabaceae) quando maduro abre-se naturalmente e deixa cair as sementes secas. A planta participa do papel importantíssimo na fixação das areias graças ao sistema radicular. Merece toda a protecção que lhe possamos dar.
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

COREMA ALBUM (CAMARINHA, CARAMINHEIRA)


Parecem pérolas mas de facto são, camarinhas que a vendedora expõe este verão na praia da Torreira. Não as via à venda desde há dezenas de anos. As camarinheiras são abundantes por aqui, no sistema dunar do litoral entre a foz do rio Vouga e a foz do Mondego que é o que melhor conheço desde a minha infância, mas praticamente existem em toda a costa continental portuguesa e em algumas ilhas dos Açores. A função reprodutiva das camarinheiras está repartida entre plantas exclusivamente masculinas e exclusivamente femininas. Ambos dão flores (inflorescências). O fruto é uma baga, branca ou rosada, com uns 8 mm de diâmetro e de sabor fresco, duplamente doce e acidulado. Podem saborear-se in natura ou em geleias. Encontram-se facilmente na sombra mais fresca das matas de pinheiros inseridas nos areais brancos que se desenvolvem a partir do sistema dunar entre as praias de Mira e da Figueira da Foz, onde são endémicas. Leve os frutos mas deixe intactos os arbustos. Boas colheitas!

Foto por Malema, de 23 de Agosto.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

CRASSULA SPATHULATA (CRÁSSULA)

 
 
Planta de meia sombra, mas também se adapta ao sol directo. Funciona muito bem como tapa-solos. Mantém o verde das folhas e caules por todo o ano, resiste satisfatoriamente ao frio e cresce rapidamente. As regas devem ser moderadas pois a crássula é uma suculenta.
 
 
Os caules são ou erectos ou vergam para o solo. Na base apresentam-se lenhosos. As folhas inserem-se de modo oposto, são persistentes, espessas, de forma espatulada.


A crássula floresce nos finais do verão, princípios do outono, mas quando cultivada no exterior pode florescer todo o ano. As pequenas flores são estreladas de cor branca. Multiplica-se por estacaria de caules de 5 a 8 cm de comprimento e a melhor época para as obter é a primavera. Pode ser cultivada em vasos. A crassula spathulata é mais uma das novas aquisições, dádiva gentil do especial amigo António M. Esperamos que mesmo fora da época mais apropriada venha a enraizar bem.  As fotos são de 24 do corrente.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

HOSTA PLANTAGINEA (HOSTA, LÍRIO DE AGOSTO)


Estão de volta as flores da Hosta, brancas, em forma de trombeta, com um perfume intenso. Surgem até quatro de um nó intermédio a partir de um caule erecto, sem pelos, folhas ou ramos.


A planta, da família das asparagaceae, provém da China. E terá chegado á Europa, através do Japão, nos meados do sec. XIX. É uma herbácia vivaz, cujos caules partem de rizomas ou estolões, subterrâneos e rentes à superfície do solo.  Adapta-se sem problemas a terrenos bem drenados, frescos, férteis, à sombra ou á meia-sombra. As folhas são enormes, lanceoladas ou ovadas e fazem uma óptima cobertura do solo. 


De todas as plantas do jardim nenhuma é mais atacada por caracóis, lesmas, gafanhotos e não sei que mais, do que a hosta. É raro encontrar uma folha que não esteja parcialmente roída. E raramente encontro qualquer desses intrusos entre a folhagem.  

Fotos de 18 de Agosto de 2012, no jardim.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ANTIRRHINUM MAJUS (BOCA-DE-LEÃO)


Boca-de-leão mas também já vi designá-las por boca-de-lobo ou ainda de boca-de-coelho. Que forma tão patusca das suas flores e que perfume tão singular! Fazem parte das recordações de infância. Em criança premia os lados da flor e logo se abria uma enorme goela... Que encantamento!


Floresce de Maio a Setembro, em amarelo, branco, rosa, vermelho ou violeta, com inflorescências alongadas. Muito fácil de cultivar. Semeia-se entre Março e Abril. Planta-se na primavera. Uma vez instalada propaga-se por si mesma e pode tornar-se invasora. Aprecia um solo rico em matéria orgânica e bem drenado.


Quando as plantinhas alcançarem 6 cm de altura poder-se-ão cortar as extremidades para que engrossem e dêem mais flores. Se se evitar que cheguem a dar sementes poderemos contar com novas florações.

Fotos de junho de 2012, Janeiro de Cima.

domingo, 26 de agosto de 2012

KALANCHOE TUBIFLORA (CACTO-DA-ABISSÍNEA, UNHA-DE-GATO)


Na passada semana reencontrei com satisfação, entre muitas, esta suculenta da minha infância no jardim da casa de praia do meu querido amigo António M.  Sempre achei muita graça àqueles traços que marcam as folhas estreitas, bem como ás gemas adventícias que se desenvolvem a partir do ápice e que darão lugar a novas plantinhas uma vez caídas no solo. Daí o terem de ser controladas na multiplicação.  As inflorescências compõem-se de flores tubulares de cor rosa-avermelhada que surgem no meristema apical (células de crescimento do alto da planta que dão lugar a novas folhas) pelo que à flor segue-se o fim. A planta requer uma boa drenagem do solo sob pena de apodrecimento. De entre as várias espécies de plantas que trouxe comigo  pela gentileza e autentica amizade do casal M. lá veio também a Unha-de-Gato que assim retoma o lugar que lhe pertence no jardim.

sábado, 25 de agosto de 2012

COTONEASTER HORIZONTALIS (COTONEÁSTER HORIZONTAL)


Do pé saiem em arco os ramos principais que se cobrem de outros mais pequenos projectados em espinha para os lados. Na primavera os ramos cobrem-se de botões de flores cor de rosa escuro ou em vermelho. Uma atracção para as abelhas e borboletas.
 
 
No final do verão cada flor vai dar uma baga vermelha que poderá permanecer até ao final do inverno. No entanto à medida que a luz solar for diminuindo a cor tornar-se-á mais pálida ou passa mesmo ao amarelo.
 
 
È um excelente tapa-solo e cobre-paredes. Quando as últimas bagas tiverem caído evidenciar-se-á o esqueleto da planta organizado como as espinhas no peixe. Já aqui publiquei imagens do nosso cotoneáster que não apresenta estes lançamentos horizontais nem os ramos são tão lenhosos e a flor é cor de rosa. Fiquei entusiasmado com esta variedade que encontrei em Coimbra, em espaço público (adquirido a particulares no âmbito de processo de loteamento) e surpreendentemente muito bem cuidado e acolhedor. Notável! Fica na minha lista de aquisições se não for caro. Mas, atenção: folhas e frutos são tóxicos! As fotos são do passado dia 23.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SCOLYMUS HISPANICUS (CARDO-DE-OURO, CANGARINHA)


Á partida não associamos "uma flor" tão atraente como a da foto, ao cardo hostil de que ela é o órgão reprodutivo. 
 

Na realidade trata-se não de uma única e grande flor mas de muitas pequenas flores, reunidas em capítulos e cada uma produzirá apenas uma semente, como é próprio das asteráceas ou compostas de que o cardo é uma das variedades. O disco tem 5 pétalas bem juntas e fundidas entre si e 5 estames igualmente fundidos que envolvem o pistilo com estigmas em forma de antenas. A inflorescência aparece envolvida por 3 brácteas semelhantes a folhas. Cada uma das "pétalas" que compõem o anel em volta do disco são também verdadeiras flores.
 
 
As folhas são altamente espinhosas, com nervuras brancas, dividem-se em lóbulos que rematam com um espinho pontiagudo. Os caules são igualmente revestidos de espinhos. O fruto é um aquénio. A planta esta adaptada a ambientes secos (xerófila) e surge em terrenos não cultivados à beira dos caminhos.  As fotos são de ontem, em Coimbra, nas margens de uma escadaria pública, no centro da cidade.
 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

LUPINUS ALBUS (TREMOÇO)


Fui dando notícias da cultura dos lupinos que este ano inaugurei no quintal a título de curiosidade. Não eram grandes as minhas expectativas quanto a vir a obter tremoços de qualidade. Um amigo contara-me que a sua colheita não conseguira comprador no mercado por as sementes não terem alcançado o calibre mínimo para tal requerido. No entanto, dada a capacidade do tremoceiro para fixar azoto os resultados não seriam totalmente negativos.


Fiz a sementeira em 4 de Janeiro. Nessa altura desconhecia que fosse tão longo o ciclo de crescimento e maturação do fruto: a colheita teve lugar nos primeiros dias de Agosto ...


A sementeira (com semente comprada na cooperativa agrícola) foi feita em dois talhões. Um que tratei como cultura de sequeiro e outro que reguei a par com ervilhas e favas. Claro que este último deu plantas bem maiores e com mais sementes e de maior calibre. A colheita tem de ser feita com os frutos bem maduros (as sementes ficam soltas dentro das vagens e abanam ao mais ligeiro toque) e com luvas. Inicialmente, o tamanho das sementes in natura causou-me apreensão.
   
                                 

Mas, depois da cozedura e das primeiras mudas de água vi, com surpresa, que as sementes inchavam até atingirem o calibre das maiores existentes no mercado. Não lhes acrescentámos sal. Temos assim uma nova experiência conseguida. E os tremoços são, afinal, muito saborosos e com garantia de higiene. A continuar. Mas irei antecipar a sementeira para Novembro.

domingo, 19 de agosto de 2012

CUCURBITA MAXIMA X MOSCHATA (ABÓBORA TURBANTE-TURCO)


Começámos nestes dias a colher estas estranhas pequenas abóboras do quintal. O primeiro contacto que com elas tivemos foi há cerca de trinta anos, no Alentejo, nas vendas à beira da estrada, regresso das férias no Algarve com as crianças. Estava longe de me tornar um cultivador destes curiosos híbridos que usamos apenas para decoração. No ano passado comprara em França sementes de novas variedades mas que não cheguei a semear porque a minha mulher se antecipou semeando variedades doutros anos e não quisemos aumentar ainda mais a área cultivada.

Na foto de cima uma flor feminina.


Estas plantas cuidam-se exactamente como as comuns abóboras. Terreno fértil, bem estrumado com adubo orgânico e regas frequentes. Este ano preenchi os espaços entre linhas (que devem ser bastante largos) com sementes de tremocilha cujas plantas muito beneficiaram com as regas.
Na foto de cima, uma flor masculina.


Em cima, algumas das pequenas abóboras colhidas este ano. Outras, mais avermelhadas e até já maiores do que estas, aguardam na terra a oportunidade da colheita. Voltaremos certamente com outros tamanhos, formas e cores.

sábado, 18 de agosto de 2012

LAMPRANTHUS SPECTABILIS (CHORINAS)


Já aqui trouxemos fotografias de lampranthus no jardim onde são muito estimados pelas manchas de cores quentes das suas florações de verão, dominando as vermelhas, amarelas, cor de rosa.


Brancas, brilhantes como a neve, ainda não as tinha visto. As imagens são deste mês de um pequeno jardim fronteiro a uma casa, à beira da rua, na Praia da Barra, Ílhavo. Magníficas!


São um subarbusto rasteiro, de muitos raminhos. Os caules são compridos, verdes e avermelhados, com várias folhas achatadas de três faces, verde brilhantes, partindo dos nós. Estas suculentas devem ser muito fáceis de cultivar como as demais que aqui se adaptaram sem problemas. Vou procurá-las para as cultivar também no jardim.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

LAGERSTROEMIA (LAGERESTROÉMIA, Extremosa, Flor-de-merenda, Suspiro)


Em cor de rosa, vermelho, malva, púrpura ou branco, a flor das lagerestroémias é muitíssimo vistosa e delicada. Da família das lythraceae, não é muito comum encontrá-las nos jardins privados ou públicos. E é pena pois é impossível ficar indiferente a tão vistosa floração. A nossa lagerestroémia foi mais uma das incontáveis gentilezas do nosso primo e especial amigo António M.


As fotos de flores de hoje, no entanto, foram tiradas há menos de uma semana numa das principais ruas da vila do Sardoal. Como se vê, estão no auge. A nossa, ainda apenas com cerca de dois metros de altura, floriu mais cedo e sem abundância. Mas é ainda demasiado jovem para mostrar tudo o que vale.


Oriunda da China é planta de folha caduca e pode atingir os 5 a 7 metros de altura, mas há também, de entre os vários híbridos, espécies anãs a cultivar como arbustos. Suporta mal as grandes geadas sobretudo nos primeiros 5 anos. Convém empalhar o solo em torno do tronco, durante todo o inverno. Cortar sempre os rebentos-ladrões na base do tronco a que é muito atreita. Gostam da exposição ao sol pleno, boas regas estivais e de estarem abrigadas do vento. 

Na foto acima, tirada em Julho passado, no jardim, vê-se o tronco donde se desprende a casca velha. À primeira vista até podem parecem as manchas do tronco do plátano ou do eucalipto. A folhagem é também muito agradável à vista.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

OXALIS


Não os confundamos com os trevos (papilionaceae). Estas pequenas ervas pertencem à família das oxalidaceae, nome atribuído por conterem ácido oxálico. Os simpáticos oxális, mas verdadeira praga no jardim, dão-me trabalho de sobra e um trabalho inglório porque nunca consigo arrancar todos os bolbilhos que se desenvolvem  no caule subterrâneo da planta.


Na foto de cima a Oxalis deppei "Iron Cross", uma das principais invasoras do jardim. Floresce entre maio e setembro. As flores são de 5 pétalas e 5 sépalas. Com a noite e com tempo de chuva folhas e flores dobram-se para baixo.  Dividido no dilema entre o prazer da contemplação de flores tão belas e o amargo de prejuízos tão efectivos e manifestos, parece-me ver uma saída cultivando os mais belos em vasos ou floreiras, porquanto a propagação faz-se mais aceleradamente por divisão, e continuar a luta com todos os demais. A época de plantação será a do outono ou primavera. Dois meses após o termo da floração convém levantar a touceira, retirar o máximo dos bolbilhos. Replantar os desejados e destruir os restantes.

Fotos de ontem.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

TAMARIX (TAMARIZ, TAMARGUEIRA)


Voltando ao tema dos grandes arbustos, por vezes árvores, que se adaptam bem aos solos de areia da faixa litoral, suportando ventos e salinidade a rodos, sempre presentes ao longo do canal da Barra dos nossos passeios de verão, há que destacar o tamariz.

É outro arbusto de folha persistente. As flores surgem na primavera e verão e agrupam-se em cachos de pétalas brancas ou rosadas. O lançamento dos ramos, muito flexíveis e a escassa folhagem, estão particularmente adaptados às zonas ventosas.


Uma variedade de tamarix, a ramosissima "Pink Cascade", de crescimento rápido, pode ser cultivada em jardins onde requer humidade nas raízes. Aí pode funcionar como barreira contra o vento. Neste caso as flores surgem mais para o fim do verão. Multiplica-se quer por semente, quer por estaca. Esta altura é ainda adequada para tentar que peguem ramos semi-lenhosos. Para semear, escolher a primavera. Cobrir levemente as sementes.

Fotos de Agosto de 2012, na Praia da Barra, Ílhavo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (5)



A surpresa maior do passeio pelo campo ao longo de muros de pedra na margem esquerda do rio Zêzere foi este inesperado encontro com  campânulas em tom azul ou azul-violeta, em forma de sino, com cinco lóbulos, com um longo estilete ao centro, pendentes dos muros.


A planta pode produzir uma única flor ou um conjunto delas como na foto que antecede. Tratam-se de colónias em muros de uns 2 metros de altura de suporte de terras de cultivo. As folhas são muito estreitas e têm semelhanças com as das suculentas. Têm tendência para curvar para baixo. É possível que as raízes de plantas tão complexas como estas consigam alcançar a terra do outro lado do muro. Mas lá que são incrivelmente austeras, isso são. E que beleza!


Em 14 de Maio de 2012 publiquei aqui fotos de campânulas do jardim. Revi-as, agora. São igualmente muito belas. Mas em subtileza não são comparáveis a esta Campanula muralis. Não lhes parece, também?

Fotos de Junho de 2012, em Janeiro de Cima, Fundão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (4)


O sedum album é capaz de aclimatação ao meio ambiente. Com menos água e menos nutrientes os sedums modificam a pigmentação das folhas do verde para o vermelho alaranjado. Também por acção do frio na aproximação do inverno, fazem idêntico movimento. De resto suportam mal a excessiva humidade do inverno e não sobrevivem à podridão da raiz.


As pequenas flores aparecem entre Junho e Agosto, são em estrela, brancas e por vezes tingidas de cor de rosa. A folhagem é verde-brilhante. O fruto é um folículo e os pequenos grãos são dispersos pelo vento ou pela chuva. Este sedum também é conhecido por arroz-dos-telhados e pinhões-de-rato.
Os insectos não costumam incomodar os sedums. Já as lesmas e caracóis poderão eventualmente roer uma ou outra haste da planta, sem ameaçar a vida planta. A fragilidade da dita é mera aparência.

Fotos de Junho de 2012, em Janeiro de Cima, Fundão.

domingo, 12 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (3)


Os fetos são plantas de raiz, caule e folhas (frondes). Mas sem flores. As folhas tenras acham-se enroladas sobre a página inferior que guarda os esporos a partir dos quais de fará a multiplicação. O principal modo de nutrição da planta é a fotossíntese. Os fetos evitam os ambientes com falta de água indispensável para o crescimento e para o transporte e encontro das células reprodutoras. O crescimento primário dá-se perto das extremidades de raízes e caule e resulta no alongamento da planta na vertical. Na foto o polypodium cambricum, conhecido por fentelho ou polipódio uma das 11.000 espécies actualmente existentes.


No canto superior direito os sedums. Usam as folhas como reservatórios de água. Suculentas da família das crassulaceae bem adaptados a ambientes extremos, toleram a falta de água. Só aqui, encontrámos várias espécies de sedums em muros. Os sedums são floríferos. Dão flores de cinco pétalas, muito bonitas e daí que se encontrem facilmente em jardins. São plantas muito mais exigentes que os fetos. Se olharmos com atenção vemos que os pontos de fixação dos sedums no muro são mais profundos e, com mais substrato (cor mais escura) do que os dos fetos, seus vizinhos do lado. 


É incrível como as sementes chegam a estas reentrâncias do plano vertical do muro e lá se mantêm até se fixarem. O sedum também se multiplica por separação dos gomos laterais e por estaquia de ramos e folhas. Para tanto é necessária muita luz e alguma água para a circulação dos nutrientes, o que geralmente a primavera traz consigo.

Fotos de Junho de 2012, em Janeiro de Cima, Fundão.

sábado, 11 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (2)


Apenas os organismos mais simples sem raízes, caules ou folhas estão aptos a viver nos muros novos sobretudo se os intervalos entre as pedras forem rejuntados ou, pior, rejuntados a betão. Onde não houver ainda fissuras ou reentrâncias que permitam conter um mínimo de matéria orgânica e de humidade é difícil encontrar vida a olho nu. As poeiras farão o seu primeiro trabalho. Primeiramente serão as algas que darão ao meio uma cor levemente alaranjada ou esverdeada. Depois os líquenes, resultado da ligação de uma alga e um cogumelo. Seguir-se-ão em complexidade, os musgos desde que o mais leve rebordo possibilite a acumulação mínima de água da chuva ou do orvalho e substrato.


Os musgos (briófitas) não têm tecidos condutores semelhantes aos das plantas de sementes, nem raízes e as folhas são muito simples. Funcionam como esponjas. Têm ainda a capacidade de se fixar a um substracto. Mas sujeito a uma rápida secagem, o musgo dos muros cessa a actividade metabólica e tem capacidade para a retomar com o retorno da água e a possível contribuição de excrementos dos invertebrados. Em cima, a tortula muralis pode resistir vinte semanas sem água.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (1)


Não é fácil a vida dependurada num muro de pedras secas. No entanto, a menor fenda é disputada por vegetais e animais. Não se trata propriamente de saber quem chega primeiro. A viabilidade de uma instalação vegetal em condições tão limitadas dependerá da natureza do meio.


A rocha dominante na região determina a escolha dos materiais usados: calcários, granitos, xistos, basaltos, grés, ou outros. Uns mais solúveis como o calcário, outros menos como o basalto ou o granito, com composições químicas diferenciadas darão meios mais alcalinos, neutros ou ácidos. As variações das amplitudes térmicas nos muros, qualquer que seja o material usado, são também muito significativas. Por regra, o ambiente dos muros é demasiado seco, especialmente no verão.

Iremos apresentar algumas fotos tiradas em Junho, na margem esquerda do rio Zêzere, de muros de calhau rolado e xisto, muito compactos, com a sua vegetação tão especial habitando a mais pequena das fendas. Às pequenas fissuras iniciais seguir-se-ão, com o tempo, outras mais francas em resultado das inevitáveis contracções e dilatações. Os povoamentos mais elementares abrirão caminho a vegetação mais complexa mas, ainda assim, limitada a poucas espécies.


Embora o tema principal seja o mundo vegetal num particular ambiente, não ficamos insensíveis à beleza das construções que o sustenta. Os materiais usados (aqui o calhau ou seixo rolado) remetem-nos para a época dos glaciares e acção natural do gelo, sem pressas mas de alta energia, em ambiente fluvial. As técnicas ancestrais de construção não nos distrairão da expressão estética  também presente.  Hortas e jardins, trabalho e lazer, não andam longe destes muros.