sexta-feira, 30 de setembro de 2011

STRELITZIA REGINAE ( ESTRELÍCIA. AVE DO PARAÍSO )


Esta semana abriu esta flor de estrelícia. Normalmente abrem na primavera e no princípio do verão. Mas neste setembro de temperaturas alarmantemente altas tudo é possível. Também as laranjeiras e as macieiras estão a florir! Que dizer?


Esta planta está num recanto do nosso jardim desde há mais de dez anos. Só recebe sol directo depois do meio da tarde pois tem o edifício da casa em oposição ao sol durante a maior parte do dia. Adaptou-se bem e brinda-nos com esta maravilha de flores.

Trata-se aliás de inflorescência composta de uma bráctea em verde e ás vezes com uns toques de vermelho ou roxo. Esta bráctea sugere um barco. Colocada quase horizontalmente, dela saem durante semanas, sucessivas flores. Estas parecem a crista de uma ave. As pétalas são azul-escuras e as sépalas cor de laranja.

Ficheiro:DirkvdM bananaflower.jpg

Confesso que chego a esquecer-me de cuidar desta planta uma vez que se situa numa zona cujo acesso é a partir da rua e onde vou menos. A minha mulher está mais atenta e não se esquece de regar a estrelícia. Sobretudo deveria oferecer-lhe de tempos a tempos um pouquinho de adubo. A multiplicação faz-se na primavera por divisão dos maciços velhos e excessivamente grandes ou separando uma divisão com algumas folhas e raiz. Planta-se num local abrigado ao sol da primavera. Ao fim de mês e meio deverá ter pegado definitivamente. 
Nota: com excepção desta última que é uma foto de Dirk van der Made, disponibilizada por Wikimedia Commons, todas as demais, como é habitual, são fotografias nossas.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

CALLISTEMON ( ESCOVILHÃO, LAVA GARRAFAS )



Já conhecido desde a infância e usado quando após a queda das flores colhíamos despegando dos ramos as duras sementes (cápsulas lenhosas) e as usávamos nas brincadeiras como balas sopradas através de um tubo de cana. O que, convenhamos, não é recomendável quando o alvo é a cabeça pelo risco de atingir os olhos. 


Este arbusto de folha perene que em alguns casos atinge o porte de árvore tem um belo efeito decorativo nos jardins, sobretudo na época da floração no verão. Deve ser regado regularmente após a plantação e enquanto jovem. Depois disso suporta bem os calores do verão sem cuidados especiais. No auge do calor basta regar uma vez por semana.


As flores são apétalas e exibem centenas de estames enormes, em vermelho vivo. Formam inflorescências em espiga cilíndrica nas extremidades dos ramos.
Os escovilhões preferem a exposição ao sol pleno e suportam bem as geadas. Podem ser podados moderadamente logo na fase da formação. Cortam-se então pela metade os rebentos Os ramos secos devem ser eliminados bem como os rebentos bravos que nascem junto à base do caule. Após a floração pode efectuar-se uma poda ligeira para estimular a rebentação. De resto o crescimento deste arbusto é lento.



É útil a aplicação de adubo, sobretudo na fase de crescimento. Multiplicam-se por estaquia da parte mais alta dos ramos laterais novos e não floridos a recolher no início da primavera com uns 8 cm de comprimento.  Plantam-se em vasos de mistura rica a resguardar com saco plástico branco transparente e que se coloca ao sol indirecto. Ao fim de um mês e meio deve começar a verificar-se o enraizamento. Nessa altura retira-se a protecção. Quando o raizame começar a sair pelo furo de escape, mudar para o lugar definitivo.  




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PHYTOLACCA ( Baga Moira, Erva Tintureira, Vinagreira )


É bom conhecermos as plantas que nascem no espaço cultivado. Emocionamo-nos não raro com a beleza de uma folha, flor ou fruto. Mas é preciso ir mais longe como no final se verá. Neste caso o esforço pela identificação de uma planta durou um ano: o tempo de uma nova rebentação. A fotografia acima é do ano passado. A planta não se desenvolveu para além da flor. Semente trazida por algum pássaro? De que espécie se trataria?  Procurei a partir da flor em livros e na internet. Pela folha também não cheguei a qualquer conclusão. Juraria nunca a ter visto antes. 


Este ano a planta ressurgiu no quintal.  Não deixa de ser muito bela.

No verão passado, vi a mesma inflorescência em campos abandonados, mais avançada, a tomar esta cor avermelhada púrpura enquanto outras permaneciam brancas.


Tive um palpite, depois uma certeza. Então não era a velha erva tintureira do quintal da casa onde nasci e que tanta curiosidade me despertara na meninice? Na nossa imaginação de crianças seria uma fonte de tinta barata a obter pelo esmagamento das bagas maduras. Quantas possibilidades?


Sim. O que é curioso é que a minha atenção de criança não se tenha fixado nas iniciais formas e cores da flor.  O registo da planta na minha memória estava efectivamente associado às sonhadas possibilidades da tinta púrpura oferecidas pelas bagas pretas e não à flor branca.


 Há contudo a dizer que esta planta é altamente tóxica para animais e humanos. Não é, assim, desejável em nenhum jardim ou horta. Sempre poderemos admirá-la nos campos em pousio...


terça-feira, 27 de setembro de 2011

O espaço público domesticado o problema da habitação


Poderia ser um  espaço privado, o pátio ou uma parte do jardim da casa mas não é. Sendo espaço público, poderia ser noutra cidade mais uma praceta atravancada com estacionamento de viaturas. 


Abrantes, centro histórico. "a humanização do habitar" (habitar com um sentido amplo e verdadeiro de espaço desejavelmente habitável), Arqº António Batista Coelho in Infohabitar, Ano VII, nº 362.


Compromisso. Chapas descartáveis dos automóveis produzidos em série e cada vez mais por robôs - obviamente não pertencem ali - mas também jardim, sinal vivo da  efectiva ocupação habitada dos edifícios. A cor verde das portas, o amarelo que bordeja os edifícios e o branco cor de fundo reflectem confortavelmente a natureza que se torna  mundo próximo, convivial, familiar, através dos símbolos partilhados: jardim por floresta, calor e brilho do "solinho" em vez de inferno solar. "A habitação que está também na rua e está também na praça, e as deve marcar subtilmente, e se não estiver é porque não se está a habitar a cidade e não se estando a habitar a cidade estão a criar-se problemas que, tal como uma doença não tratada, irá piorar e mesmo quando remediada, depois de se ter desenvolvido de forma crítica, deixa, frequentemente, sequelas graves." Doutor Arqº António Batista Coelho, Sobre a humanização do habitar: algumas notas gerais. Infohabitar - revista do grupo habitar, nº cit.


Uma frágil planta em vaso pontua o espaço interdito à circulação sobre rodas. Pequena e bela. Em torno dos temas relativos à habitação humanizada foi muito útil e agradável a consulta da excelente Revista citada, disponível no "site" infohabitar.blogspot coordenada por aquele reputado arquitecto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

domingo, 25 de setembro de 2011

ARBUTUS UNEDO ( MEDRONHEIRO )


Dez anos após, o medronheiro está um arbusto bonito com cerca de dois metros de altura. Como é sabido a copa é ovalada e é de folha persistente.


Os frutos estão em processo de amadurecimento e como é natural, uns mais avançados do que outros, como se nota na cor. Começam por ser verdes (como se vê no canto inferior direito), passam pelo amarelo e finalmente são vermelho-escuros. Estando habituado a vê-los em ambientes de floresta de pinheiros e carvalhos e quase sempre à sombra,  não tinha grandes expectativas relativamente à sua adaptabilidade ao solo e exposição ao sol em que se encontra. Mas acabou por se adaptar bem. Só em anos recentes passou a dar fruto o que também é normal. O fruto é comestível embora com um sabor demasiado adocicado, para meu gosto. Também é usado para o fabrico de aguardentes. Para nós o medronheiro vale ali, sobretudo, pela beleza da folhagem e dos frutos e pela evocação das nossas matas.

sábado, 24 de setembro de 2011

CHOISYA TERNATA ( LARANJEIRA DO MÉXICO )


De folhagem persistente verde brilhante e flores brancas, atinge cerca de dois metros de altura. Usamo-la para compor várias sebes do jardim. Aqui casa bem com as flores amarelas. 
Todas estas fotografias foram tiradas ontem. Por aqui se vê que além dos meses de maio a julho também dão flores no outono.

Esta planta exala um perfume muito agradável, sobretudo se esmagarmos as folhas nas mãos, semelhante ao da laranjeira ou do mangericão e serve para atrair insectos polinizadores, nomeadamente as abelhas.

Esta planta adaptou-se facilmente ao solo arenoso do nosso jardim onde não requer nenhuns cuidados especiais. Na primavera aproveita da distribuição geral de adubo com que brindamos praticamente todo o jardim. Também não é muito exigente em água. Gosta de sol ou meia sombra e  terreno bem drenado. Multiplica-se por estaca. Insistir se não enraizar à primeira. Recomenda-se.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

OUTONO


O equinócio do outono dar-se-á hoje às 09:04. Mas, na horta e jardim ainda dominam os tons verdes. Em breve as árvores preparar-se-ão para entrar no período de dormência. Com a diminuição progressiva da exposição solar e das temperaturas, cai a produção da hormona do crescimento e as folhas perderão a clorofila, pigmento verde. Esta absorve a luz vermelha e azul do sol que chega às folhas. A luz reflectida aparece em tons de verde. Na planta a energia da luz transforma-se em energia química. Produz oxigénio e hidratos de carbono. Esta energia permite à planta o crescimento, o florescimento e a produção de sementes. 


Além do verde, outros pigmentos poderão preexistir na folha. A deterioração do verde não os afectam. Surgirão o amarelo, o laranja, o castanho ou o vermelho.  


O endurecimento da base do pecíolo interrompe a alimentação das folhas que acabarão por se desprender e cair. A imagem em cima não é obviamente deste ano. Próximo de casa há uma rua ladeada de plátanos e ainda uma mata também dessas belas árvores. Tocadas pelo vento, as folhas acabam por invadir páteo e jardim em grandes quantidades. Um trabalho extra para as remover. O lado mais positivo é saber-se que acabarão enriquecendo o monte do composto.

O outono numa criação de Malema.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TAREFAS DOS ÚLTIMOS DIAS DE VERÃO


Nestes últimos dias de verão há uma diminuição de actividade na horta e no pomar. Em contrapartida não falta trabalho no jardim. Na horta verdadeiras novidades são apenas as nabiças e nabos e os feijões "da vindima". Aquelas ainda em fase de crescimento têm de ser regadas e limpas de ervas. Faço a rega por aspersão. A limpeza das ervas é trabalho paciente para um dia. E é preciso mantermo-nos sempre disponíveis para remover as infestantes. Os feijoeiros estão algo atrasados, mas têm bom aspecto.


Os talhões de morangueiros também carecem de atenção constante às infestantes. Aí demoro de dois a três dias pois tudo é arrancado à mão. Ainda requerem regas de pé, embora menos frequentes. Os dois melhores talhões ainda produzem fruto em quantidade razoável. Na sequência das podas que executei nas framboeseiras de que dei aqui notícia, surgem agora os primeiros botões nos rebentos novos. Será que chegaremos a uma segunda colheita no ano? 


Os couvais também pedem a erradicação das infestantes, o que venho fazendo por partes. Depois rego-os por aspersão. Estão lindíssimos. Está também na altura de colher as gamboas. São numerosas e graúdas mas algumas vão apodrecendo na árvore. Surpreendentemente as feijocas continuam a dar novas e sempre bonitas flores e novas vagens. Inacreditável!



A água continua dia a dia mais funda. E as temperaturas continuam excessivamente altas. Nas vinhas continua a azáfama das vindimas. Já há quem revolva as terras a tractor preparando-as para as sementeiras de outono.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

FÉRIAS O REGRESSO


Em projecto: seriam aquelas férias activas, energéticas, diferentes. O velho mas ainda sólido lobo do mar, avança com notório desprezo pelos paspalhões que atrapalham as praias colectando sol.  


A caminho de novas emoções. Realidade e aparência. Na linha que aparentemente une o centro dos guarda-sois, o rail de via rápida. Apesar do vento cujos efeitos são visíveis nos ramos da árvore ao fundo, nem a areia, nem a bola, nem os guarda-sois, (ou moinhos de vento?) bolem. Decoração original e verdadeiramente sustentável de uma rotunda.


Baterias recarregadas, energias repostas o regresso decidido a caminho do trabalho.


Restam-nos as memórias dos diferentes papéis que representámos ou que apenas sonhámos, capital virtual a reinvestir nos meses que seguem. Palcos estafados e afinal audiências sempre distraídas. 


terça-feira, 20 de setembro de 2011

RUDBECKIA, MARGARIDA AMARELA, FLOR CONE


Nesta altura do ano, após a explosão floral da primavera e verão, escasseiam as flores.


Esta margarida amarela dá flor de julho a outubro. E que flores!


Curiosa esta projecção para trás das pétalas e sépalas, dando à flor uma dinâmica de fuga para a luz.


Estas plantas resistem muito bem à secura mas uma vez colhidas passam mal no teste da sustentabilidade.


Fazemos a multiplicação na época de dormência por divisão do cepo, conjunto das raízes carnudas e duras. Para isso desenterramos a base da planta procurando que surja tão completa quanto possível. Aproveitar-se-ão as raízes mais volumosas. Com uma boa tesoura de lâminas em meia lua, praticar cortes secos e precisos para não esgalhar, separarando a raiz em partes com pelo menos três olhos de saída, cada uma. Colocar de imediato cada parte na terra previamente preparada não se devendo cobrir excessivamente para não atrasar a vegetação e a uma distância de cerca de 30 centímetros. Mais tarde, na primavera, serão repicadas para os locais definitivos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ESCADAS DE PEDRA O ESPAÇO PÚBLICO DOMESTICADO


Acesso público, decoração privada.


Não há vestígios de lixo, por exemplo de folhas secas. Os moradores não só regam as suas plantas como recolhem do chão as folhas e flores secas.


Erva, mas apenas a de alguns dias após as últimas chuvas.


Claro e inteligente compromisso une aqui cidadãos e administradores municipais no entendimento do tema da cidadania. Convite para parar, estar, partilhar, contemplar e ... voltar.

domingo, 18 de setembro de 2011

COLHEITA DO DIA


Estas nogueiras são ainda árvores muito novas. Como é normal só começam a produzir frutos que se vejam depois de ultrapassarem um crescimento mínimo o que demora alguns anos. Este ano foi o primeiro em que a árvore deu frutos em número apreciável. Porém, são frutos pequenos mas muito saborosos.


Têm passado por alguns acidentes que em parte já relatei, nomeadamente provocados pelo vento forte que chega a quebrar ramos e ainda pela broca, muito difícil de erradicar.


Também não lhes convém a proximidade de outras fruteiras - erro nosso, calculado - pois os ramos chegam a tocar-se.

Sendo as primeiras nogueiras que plantei, sigo a evolução com particular interesse e as sucessivas mudanças de estado ao longo do ano do que vou dando notícia.


As nozes e o pão branco que necessariamente as acompanhavam eram partilhados em casa dos meus pais e noutras casas no dia de S. Miguel, coincidente com o equinócio do Outono, altura do início e termo ou da renovação dos contratos relativos à posse da terra. Como não tivessemos nogueiras as nozes e o pão branco eram adquiridos na feira de S. Miguel, numa aldeia distante cerca de uma légua, onde se ia propositadamente.


Estavam as nozes secando ao sol. A cesta chama a atenção da Mimi, a gata pequena .


Não chegou a haver desastre, apenas asneira ...mas à cautela a tareca pôs-se a milhas na perspectiva de um raspanete.