sexta-feira, 29 de abril de 2016

CAMINHANDO, ainda


pelo vale do Paiva, usando o passadiço de madeira que podemos ver aflorar no canto esquerdo  em direcção ao centro da foto.


Já nesta outra, mostro como o passadiço nos encaminha desde os picos da margem esquerda do rio, descendo pela encosta íngreme, para mais além voltarmos a subir e novamente a descer mas, agora, menos esforçadamente. Veja-se em cima na direcção do centro e, depois, já em inclinação suave, nova secção que parece desaparecer  à direita na foto.


Aqui, continuávamos descendo, já relativamente próximos da linha de água.


Os agradabilíssimos sons das águas revoltas tornam-se então, naturalmente mais audíveis. Um convite para ficar por muito mais tempo,  deixando-nos embalar pela envolvente natural e primitiva.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

CAMINHADAS, PASSADIÇOS do PAIVA


Após a  inesperada subida desde a Ponte de Alvarenga - excessiva para o normal da nossa idade - alcançámos um patamar com vistas espectaculares para a garganta do Paiva. Na foto, ao centro e em baixo, distingue-se o passadiço de madeira acompanhando e aproximando-se do leito do rio.


Após os incêndios dos últimos verões, a serra mostra-se sobremaneira desfalcada do revestimento vegetal. Sobrevivem alguns eucaliptais e, por caprichos do destino, também uma ou outra espécie autóctone. Mas a vida parece emergir das rochas mesmo nos sítios mais agrestes.  


As chuvas desta primavera e uma temperatura ambiente razoavelmente amena multiplicam os sinais da renovação. 


Como é natural, o revestimento vegetal das margens junto ao leito do rio, menos vulnerável aos fogos, mantém-se denso e muito vigoroso. Na foto, canto inferior esquerdo, as águas de uma imponente queda de água encontram o leito do rio.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

CAMINHADAS



Porque é que as chuvas de primavera podem, afinal, ser aliadas dos caminhantes? 


 São dez horas duma manhã de Abril, na praia fluvial do Areinho na margem esquerda do rio Paiva, a 15 Km de Arouca e a 5 de Alvarenga. Céu limpo e temperatura do ar de 10 graus centígrados. Início de uma caminhada aproximadamente de nove quilómetros (lineares) até Espiunca. Esperam-nos desníveis acumulados de  cerca de trezentos metros. 


O rio é o fio condutor. A nascente fica bem longe, na serra do Leomil.  O majestoso caudal de águas quase imaculadas - verdadeiro achado - permite avistar os fundos graníticos quando não se envolve com os afloramentos  rochosos descendo em torrente poderosa e agitada.  Aí o espelho que devolve os tons das margens e do céu em matizes mais escuros  volta-se, indistinto, em turbilhão cristalino. Sons da mais repousante e agradável melodia, refletidos  pelas paredes íngremes das encostas que desenham o vale, envolvem-nos em todo o percurso. Nos rápidos ampliam-se. Não, não é efabulação!  Nesta altura do ano, mercê da persistência das chuvas, esse efeito é bem real e permanente.   


Começamos a avistar os três arcos em cantaria da ponte de Alvarenga, de cerca de 20 metros de altura até à superfície das águas, obra concluída ainda no séc. XVIII. Cruzaremos a estrada. A verdadeira caminhada começará então. Daí para a frente há que vencer um acentuado desnível até às alturas, perto da Garganta do Paiva. Felizmente  não há calor, não chove, o rio corre volumoso (não vai correr assim todo o ano!), à volta a serra veste-se com um novo manto verde e até já há florações em árvores como o pinheiro e nalgumas herbáceas, exemplo as abróteas (asphodelus) e arbustos como o tojo (ulex). 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

ASPHODELUS BENTO-RAINHAE (ABRÓTEA, ABRÓTEGA, GAMÃO, BENGALA-de S.JOSÉ)




Estamos nos primeiros dias de primavera. Passado já o meio da manhã, a temperatura do ar ronda os 10 graus centígrados. No entanto, o ambiente é magnífico para a caminhada.


A água escorre lentamente dos cimos e insinua-se pelos locais mais recônditos. Novas rebentações foliares revestem as encostas rochosas e escarpadas e, em taludes de solos derivados de granitos e xistos, surgem as primeiras flores. 


É o caso do asphodelus que na variedade bento-rainhae é uma espécie ameaçada e em perigo de extinção. 


Estas plantas estão providas de órgãos de reserva alimentar subterrâneos  que lhes permitem resistir a duras condições de tempo frio ou quente (geófito rizomatoso). Fogos e a destruição de carvalhais, entre outros, estão a reduzir perigosamente o seu habitat natural. Ali nas margens do Paiva onde as encontrámos, há um processo recente de erosão em consequência de iniciativa humana ainda que bem intencionada e proveitosa, qual seja a de trazer as pessoas ao contacto com a natureza. 


Convenhamos em que, sendo efectivo e permanente o risco de incêndio, o deixar as coisas entregues a si mesmas,  também não favoreceria a sua preservação. A passagem de pessoas perturba o ambiente natural mas também é maior a vigilância e o controlo dos matos e infestantes.