sábado, 23 de julho de 2016

RICINUS COMMUNIS (RÍCINO, CASTER BEAN, RICIN COMMON)


Arbusto da família das euforbiáceas, de crescimento muito rápido, muito vistoso em folhas, palmadas, muito largas e brilhantes, caules a vermelho-acastanhado, em flores pouco comuns ou nos frutos, aliás, extremamente venenosos. Uma única semente é suficiente para matar uma criança pequena. Mas, o rícino, todo ele, é das plantas mais tóxicas que podemos encontrar. Por prudência, não a tenho no jardim.


A melhor atitude será conhecer e respeitar em absoluto. Ainda assim, ver é uma coisa e outra é tocar-lhe.  


As inflorescências brotam no ápice de alguns caules com flores separadamente masculinas e femininas, situando-se estas em plano superior ao das masculinas. As flores femininas apresentam-se em tons de vermelho e não têm pétalas mas, apenas, sépalas. As anteras nos estames das flores masculinas são de início em amarelo-pálido e os filetes a branco.  Depois vão passando a verde-acastanhado e a castanho muito claro.


As jovens folhas  apresentam marcas amareladas que se distribuem pela periferia dos lóbulos. Parecem estrelas-do-mar. Acabam desaparecendo à medida que atingem o crescimento completo. Realce para o anel na intersecção de vários nós e para os invulgares nectários extra-florais  na forma de pequenas esferas amareladas, ricos em açúcares e gorduras que fazem as delícias das formigas que os procuram.

domingo, 10 de julho de 2016

SEDUM



Em vaso posto à sombra dos citrinos, este sedum é uma planta perene de aspecto saudável. No primeiro ano os caules muito tenros cresceram  terminando em rosetas de muitas folhas.   No ano seguinte alongaram-se, tornaram-se pendentes e desenvolveram hastes florais. As folhas carnudas, semelhantes a grãos de arroz, dispõem-se alternadamente ao longo dos caules.


Nem demos pelo surgimento dos botões florais, corados em cor-de-rosa. E, já neste mês, fomos surpreendidos pela primeira floração. Pequenas flores de 5 pétalas brancas em estrela, levemente rosadas e 5 sépalas em verde-claro e por vezes também riscadas a rosa o que pode estender-se mais largamente à página inferior da pétala.  Na zona de transição, um fundo aquoso verde-amarelado, permite o destacar os contornos das sépalas, como se pode ver na foto seguinte.   


De notar o gineceu com 5 carpelos, na base ao centro da flor, cf. a segunda foto. Quanto ao androceu, são 10 os estames. Atente-se nos filetes a branco, levemente sombreados de amarelo-limão e que sustentam as anteras vestidas de amarelo e, por vezes, também a vermelho.


Aqui, a haste floral contrariando o movimento geral do caule que é descendente, toma uma posição erecta. Realce para o novo caule ainda tenro, as folhas suculentas, a organização das flores e as sépalas. 

domingo, 3 de julho de 2016

DHALIA (DÁLIAS), do necessário e do supérfluo.



No universo rural a que pertenço, o cultivo de um espaço para plantas decorativas exprimia a excepcionalidade de um instante de encantamento - pura gratuitidade - e não era acessível a todos. De habitual e durante séculos,  todas as energias estiveram focadas na tentativa de domesticação da natureza de que dependia uma parte demasiado importante dos recursos de subsistência - absoluta necessidade, absoluta sujeição. 


Mesmo na dimensão do minifúndio, que lavrador de tipo médio contou de entre todas as suas árvores, arbustos, plantas hortícolas ou herbáceas, as que cultivaria simplesmente para ver ou mostrar, colher, cheirar as flores, admirar a disposição dos ramos e folhas - puro deleite dos sentidos? 


Na aldeia, apenas as três casas maiores dispunham de espaço e de meios para sustentar um jardim onde invariavelmente pontificavam duas ou três altas palmeiras (washingtonia filifera), mais as roseiras trepadeiras (rosa hybrida), as cameleiras (camellia), as glicínias (wisteria floribunda), madressilvas (lonicera japonica), corriolas (ipomoea purpurea) ou a trobeta-da-china (campsis grandiflora). E, nas celebrações festivas, disponibilizavam a quem as procurasse e em particular à igreja, uma abundância de flores da época. 


Discretamente, pela mão da mulher, as plantas de interior dispostas em vaso foram, talvez, as primeiras a romperem aquele círculo mais restrito: jardim íntimo, oportunidade de criação, de cuidado em diálogo silencioso, contemplação e elevação, espiritualidade. 


Ao longo do século vinte foi-se alargando o número de hortas e quintais que passaram a acolher um espaço, ainda que diminuto, próximo das regadeiras, uma reserva tolerada à mulher  a quem se desculparia o enlevo por certas coisas inúteis, desde que não ultrapassassem a escala do necessário. Recordo-me primeiramente dos cravos (dianthus caryophyllus), depois dos  gladíolos (gladiolus) e crisântemos (chrysanthemum) e, sempre, das dálias (dahlia). Ainda hoje, certamente por hábito, as cultivo no quintal.  Não todas: as das fotos - bolbos-gentileza de M.M. trazidos da Holanda - foram plantadas no jardim pela minha mulher.  Flores no jardim, flores no quintal: que privilégio!