domingo, 26 de agosto de 2018

O JARDIM do PONTO de VISTA dos PELUDOS da CASA



Na época do frio, dias mais curtos, menos luz, a pelagem cresce.  Aliás, começa a crescer logo no outono. Um poderoso isolante térmico. Não chega, porém. Aproveitam a menor réstia de sol para se aquecerem nos meses frios e, no verão, nada como uma boa soneca à sombra das árvores ou arbustos onde ninguém nem nada os incomode. 


A partir da primavera a pelagem torna-se menos densa. O gato usa a língua como ferramenta e daí os muitos   rolos de pelo que acaba engolindo e tenta depois regurgitar. Acima, à esquerda a mesma gata da primeira foto, já com a fatiota de verão. No canto oposto o gato "Tigre" cuida do pelo. Neste, a  altura e densidade do pelo pouco se alteram durante o ano.


A curiosidade é, no entanto, superior aos cuidados da higiene e da beleza. Ao menor sinal de alerta, movimento das aves ou dos insectos alados, a intrusão de outros felinos,   interrompem-nos  sem hesitação: sobrepõe-se-lhes gosto pela defesa do (seu) território.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

DO INTERIOR COMO JARDIM


Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não
morresse.


E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de 
seus dedos magros e o meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes um galo canta.
Às vezes um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.


E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessa pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

CECILIA MEIRELES, A Arte de ser feliz.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

ADENIUM OBESUM (ROSA-do-DESERTO, DESERT ROSE PLANT)


 Planta suculenta particularmente resistente à secura, o Adenium  ainda sem folhas, está em flor na primeira parte da estação seca, continuando florido até ao início do outono. A flor tem semelhança  com a do oleandro. No seu meio natural é uma pequena árvore ou um largo arbusto, podendo alcançar os 4 metros de altura. A base do tronco é arredondada, semelhante à do embondeiro e serve para acumular reservas de água. As folhas são espessas, brilhantes, verde cinza. Pode ser encontrada na região subsariana e na zona oriental de África, bem como na Ásia.


Aqui, em miniatura na forma de arbusto, ocupando um espaço apertado, podendo viver muitos anos dentro de casa em local bem iluminado onde a temperatura não desça abaixo dos dez graus centígrados. Não suporta o excesso de rega. 


Na foto acima, uma árvore frondosa no seu meio natural exposta a um sol directo e uma temperatura a rondar os 40 graus centígrados. A planta é tóxica. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

LUNARIA ANNUA


Tenho Fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.


(...)
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles, Flor de Poemas, Lua Adversa, Vaga Música, companhia josé aguilar editora, Biblioteca Manancial, 2ª edição, Rio de Janeiro, 1972, pág. 95.