domingo, 28 de janeiro de 2018

À LUZ de INVERNO


  A partir de Outubro, os dias são cada vez mais frios e curtos. Mas o verdadeiro inverno ainda anda longe e só lá por Janeiro/Fevereiro nos é permitido dizer com rigor que o inverno chegou mesmo. E então, sem surpresa, porque no intervalo a adaptação lenta e progressiva, foi possível. O que verdadeiramente nos surpreende é a nova roupagem dos campos e matas. 


     A adaptação não dispensa cautelas. 
    Na cidade, os mais velhos devem ser poupados a esforços devido ao risco aumentado de ataque cardíaco.  Para eles recomenda-se que ponham a pá de lado  e, para a limpeza dos acessos à casa, a confiem desde logo a jovens de boa saúde, pagando já se vê.


      Até as deslocações a pé pelas calçadas cobertas por um manto de gelo são ocasião frequente de escorregadelas e consequentes fracturas de ossos. Os jovens divertem-se a caminho das escolas saltitando na maior, aparentemente imunes a esse tipo de percalços.  


   Nos campos a  aparente quietude do mundo vegetal, a contensão que respira,  é a sua resposta activa à rudeza das condições ambientais que cada elemento rastreia permanentemente. Nem todos sobreviverão ao rigor do inverno e a vida continuará.
    Entretanto, estes recortes à  preciosa luz de Janeiro, comovem-nos, encantam-nos: como é prodigiosa a unidade  de tudo! 

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

FLORESTA NEVADA


Floresta adquirida ao estado por cerca de duzentos associados locais para ser gerida comunalmente. Os associados seleccionam as áreas de corte e promovem  a reflorestação.  Muito pragmaticamente os serviços públicos acompanham ajudando. 


Pilhas de madeira aguardam remoção. A maior parte é destinada à indústria. Nada é desperdiçado. Cerca de 10% dos troncos cortados estão a ser usados como combustível pelos associados. Até o serrim tem saída, depois de empacotado. As ramagens são frequentemente usadas no local para compostagem. Alguns troncos meio apodrecidos permanecem na área para servir de abrigo à fauna própria do local. 


Foi projectada e está em realização uma estrada circular para o mais fácil acesso. Novos caminhos  irradiam do centro para a periferia. A comunidade tem acesso livre à floresta. E procura a máxima rentabilização: promove visitas fora da época das neves, e admite a visita controlada à floresta nevada. Disponibilizam um pequeno centro de interpretação e fornecem mapas com sugestões dos melhores trilhos. Há natureza mas também arte e desafios para os audazes. Periodicamente há cursos sobre temas ligados à floresta. Dispõem também de pequenos espaços muito procurados que arrendam para cultivo. Aqui e ali há mesas para piqueniques e bancos feitos com a madeira da floresta e outros dispositivos para recreação e conforto dos visitantes. Vendem plantas em vaso, tampos para mesas, utensílios em madeira para a cozinha e elementos decorativos para toda a casa. As escolas aproveitam para proporcionar localmente aos estudantes um conhecimento directo da realidade da floresta.  Os idosos são particularmente bem recebidos. 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PEREGRINAÇÕES


                  Nos meses de inverno são muitos os criadores a optar por estabular o gado, não apenas para protecção dos bichos contra o frio, ventos e chuva. Sucede que a escassez de alimento verde disponível numa quinta vale como desafio à invasão de terrenos vizinhos: há quase sempre uma falha nas vedações que tarde ou cedo os animais acabarão por descobrir e aí, muito provavelmente,  o criador irá ter o vizinho à perna. Mesmo que o gado não venha a ultrapassar os limites da quinta mas havendo, como é normal, sementeiras  de trigo ou cevada, são de temer o espezinhamento e compressão de solos permanentemente húmidos.  


            Ainda que por períodos de tempo limitados, é desejável que os animais façam algum exercício nos prados, compensando a longa inactividade, confinados às cercas e aos currais com riscos para a saúde, nomeadamente ao nível dos cascos. E, estando disponível, o prado supera em qualidade a alimentação com os fenos que se devem ter sempre de reserva. 


                Estes animais estão adaptados às condições próprias do inverno. No entanto devem ser poupados, sobretudo as crias, ao tempo frio acompanhado de ventos fortes. São particularmente hábeis para buscar alimento escavando a neve que cobre as  ervas e tanto mais facilmente se a neve é fofa do que quando se mostra muito húmida e gelada. Aliás, se se tornar demasiado sólida à superfície pode ser impossível de quebrar por insuficiente peso e força destes animais.  Quanto mais erva houver debaixo da neve e também quanto mais longa, menor a hipótese de geada na superfície e mais fácil é escavar para a encontrar. 
           Ei-los, por demais ocupados com a alimentação, peregrinando pelos largos espaços da quinta. 

sábado, 13 de janeiro de 2018

CORAGEM e MUITO RESPEITO


Passo decidido a caminho das melhores ondas do ano que, por estas paragens, são as dos curtos dias-de-luz de inverno. No entanto já há quem as procure desde os finais de Setembro até ao início de Abril. Em qualquer caso, há que aproveitar o máximo de luz do dia, isto é, entre as 9 e as 15H30.


Não é fácil! Há que contar com águas geladas, neve, rajadas de vento,  por vezes nevoeiro e também com o risco de chocar com pedaços soltos de gelo largados por ali perto na embocadura do rio de montanha. 


 O montante em dinheiro do equipamento não é para todosalém da prancha, muito bons fatos (demoram a secar), botas, gorro, luvas... 
E, sempre, muito e muito  discernimento. Saber quando se deve sair do mar é tão importante como saber  onde e quando entrar.  É-lhe  devido muito respeito!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

MANHÃ de SOL. PASSEIO à BEIRA-MAR.


Sem medo do inverno, 



bons agasalhos à prova de água, boas botas, um casal passeia romanticamente à beira-mar.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

MIMOS QUE ESTRAGAM


 De pequena altura média, estrutura óssea pesada, pernas curtas, crinas e cauda vistosas, resultado de um secular apuramento de raças, os póneis são muito mais do que pequenos cavalos.  Estão, é claro, perfeitamente adaptados ao clima frio e húmido mas nem por isso dispensam cuidados permanentes.


Têm tendência para acumular gordura, a que se soma a circunstância de serem frequentemente usados como animais de companhia (de pessoas e até de outros cavalos de maior porte) a quem frequentemente se procura dar o máximo de conforto e mimos, poupando-os a quaisquer esforços por mais leves, afinal, em seu directo prejuízo.  E então, da gordura à obesidade vai apenas um passo. E os problemas da obesidade não são um exclusivo humano! 


A prevenção inclui rações frequentes mas em pequenas quantidades e exercício com passeios à mão ou pequenas corridas. Mesmo com neve, um tratador experiente e atento às condições do tempo em cada momento, pode libertá-los no prado por tempo  limitado assim lhes dando a possibilidade de comerem algum pasto verde e de fazerem exercício...Na verdade, descontada a gordura supérflua, estes animais quando em boas condições de saúde chegam a valer o seu peso em ouro.