segunda-feira, 30 de abril de 2012

AQUILEGIA ( AQUILÉGIA, ERVA-POMBINHA)


Quem diria que de uma herbácea tão rústica nasceriam flores tão graciosas e elegantes!


Da família "ranunculaceae", há dezenas de variedades de aquilégias com flores brancas, azuis, rosa ou amarelas. As nossas são rosadas, como se vê. Começaram a florir na semana finda e, em princípio, renovarão a floração até Julho.


Já não me recordo ao certo como é que entraram no jardim, talvez por dádiva. As nossas reproduzem-se agora espontâneamente. Também se poderia recolher as sementes e semear na primavera para florirem no ano seguinte. Gostam de sol ou da meia sombra. No inverno suportam bem os frios.


A flor do tipo de um sininho, pende da extremidade de um alto caule e compõe-se de cinco sépalas lanceoladas (muito parecidas com pétalas) e cinco pétalas ( a que correspondem cinco nectários) com um esporão curvo atrás. Repare-se bem na graciosidade do esporão nesta e na segunda das fotos. As sépalas estão inseridas entre as pétalas. Atenção: as aquilégias são tóxicas. A seiva pode causar queimaduras se esfregada na pele.

A primeira foto é de 26 e as restantes de 28 de Abril de 2012, no jardim.

domingo, 29 de abril de 2012

PISUM SATIVUM (ERVILHA), EM FLOR


Hoje o tema não é cultivo da ervilha mas a polinização da flor.


A flor da ervilheira é uma flor perfeita pois dentro de uma mesma flor se contêm ambos os sexos. A polinização é a transferência do pólen da antera para o estigma. As pétalas não são iguais. No topo há uma pétala de maior tamanho, pétala padrão e depois há duas asas. Na parte inferior há duas pétalas unidas em forma de barco. É aqui que se encontram os estames (androceu) formado por antera e filete e o pistilo (giniceu), este com estigma, estiletes e ovário. Nos filamentos das anteras (parte superior do androceu, o elemento masculino) encontra-se o pólen. Quando a abelha entra na parte inferior da flor, na tal forma de barco, o seu peso faz baixar as anteras e o estigma. Então o seu abdómen roça ambos, capta o pólen que também vai poder passar para outra flor, permitindo assim o cruzamento.  


A polinização destas flores não é, pois, feita pelo vento mas por insectos. Estes são atraídos pela forma, cor e aromas e acabam a transferir o pólen do órgão masculino para o feminino fertilizando o ovo. Mas não é qualquer insecto que a fertiliza: a estrutura da flor da ervilheira parece estar conformada especificamente para a forma e envergadura das abelhas.


Isto, entenda-se, é apenas uma primeiríssima aproximação esquemática ao modo de reprodução da ervilheira. Parar, olhar demoradamente a flor e deixar-se seduzir pela sua beleza faz muito pelo contemplador.  Claro que o hortelão espera ainda mais: espera pelo menos o prazer de vir a colher e saborear bons frutos. Para apenas sonhadores não esqueça que há muitas, variadas e igualmente belas ervilhas-de-jardim!

Fotos de 17 de Abril de 2012, no quintal.

sábado, 28 de abril de 2012

LAMIUM AMPLEXICAULE (LÂMIO)


Os muitos aguaceiros destes últimos dias estão a provocar uma explosão de herbáceas e consequentemente uma modificação muito significativa do revestimento dos solos, quer em terrenos cultivados, quer nos muitos campos incultos. Um verdadeiro tesouro (além de uma carga de trabalhos) para o hortelão/jardineiro curioso.


Hoje trago do quintal as imagens das pequenas flores de uma lamiácea (labiada) muito comum embora não tão conhecida como o alecrim, a alfazema, a cidreira, a hortelã, orégão, salva ou rosmaninho para referir aquelas que já vieram ao blogue. È o lâmio que aqui surge em força em Março e permanece até Julho mas não chega a formar grandes manchas. Propaga-se melhor nos ambientes mais quentes onde o  seu controlo chega a ser um problema. Como planta espontânea não é aqui no quintal das mais invasivas. Não obstante o seu aspecto frágil resiste bem em solos pobres onde outras não conseguem. Talvez por lançar a raiz mestra a uma invulgar profundidade para uma herbácea. 


È uma planta anual, aromática e melífera que atinge os 25 a 30 cm de altura. Os seus caules são tenros, com uma leve penugem. Como o seu nome indica as folhas parecem envolver o caule num "amplexo". 


As flores são labiadas, cor de rosa a lilás, com cerca de 1,5 a 2 cm de largo. Carregadas de pólen e nectar, quando em grandes manchas são um banquete para as abelhas imprescindíveis no quintal e jardim a ajudar a polinização. O fruto é uma pequena noz castanha de 2 mm de comprimento. Cada planta dá 40 a 200 sementes que podem permanecer no solo até cinco anos.

Fotos de 7 de Abril de 2012, no quintal.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

ANEMONE CORONARIA (ANÉMONA)


A anémona é uma herbácea vivaz muito comum nos jardins e também aparece espontânea nos campos. Plantadas em Outubro, começaram a florir há cerca de quinze dias.


As flores são vermelhas, brancas, cor de rosa, azuis e púrpura. Abrem á medida que o sol vai subindo no horizonte e fecham à tardinha. Nesse intervalo seguem a direcção do sol para captarem o máximo de radiação nestes dias ainda frescos.


As anémonas têm um bolbo arredondado muito próximo da superfície do solo. Flores e folhas saem directamente do bolbo. As flores surgem no topo de um caule e distanciam-se das folhas na base à medida que envelhecem. 


Os frutos são múltiplos de aquénios ou folículos e contêm centenas de sementes que adquirem uma penugem que facilita a dispersão pelo vento. Na foto, fruto em processo de maturação.


Fotos de 23 de Abril de 2012, no jardim.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

PAVÃO - Quanto mais alto se sobe, maior a queda.


Voando baixo..., mas sempre pavoneando-se.


Sobrevoando displicente ou empuleirado sobre o passado,


que, no entanto, lhe permite hoje o bom sustento, descuidado.


Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís Vaz de Camões

Fotos de ontem (Honi soit qui mal y pense)


quarta-feira, 25 de abril de 2012

BICHEZAS NO MEU QUINTAL. HYMENOPTERA (Vespas, abelhas, formigas)


Vespa = a picada de insecto? Não necessariamente. Nada de intromissões, provocações, gestos bruscos e cada qual seguirá ocupando-se da sua vida e deixando em paz a dos outros. Em todo o caso, especialmente no verão é prudente não se aproximar demasiado dos ninhos.


São milhentas as variedades destes insectos alados. Umas e outras ajudam na polinização das flores. E também fazem caça a diferentes pragas com vantagem para o jardineiro/hortelão.

Hoje em dia fala-se muito numa significativa diminuição das colónias destes insectos e do impacto desse fenómeno nas condições de possibilidade da agricultura a nível mundial. Não me admiraria nada que esse alarme se confirme nos factos e que o homem não esteja de todo inocente nesse processo.

Outra bicheza afim é a das formigas. Não gosto do seu vai-vem pelo tronco, ramos e folhas das árvores. Sinal certo da presença de pulgões que, aliás, as formigas escravizam e protegem de predadores (por exemplo, joaninhas) para poderem contar com as suas excreções açucaradas. Ora, os pulgões alimentam-se da seiva das plantas, uma sangria que não é nada saudável para elas.
Mas, paro sempre para observar um formigueiro especialmente activo nos dias que precedem uma boa chuvada, como tem sido o caso nestes últimos dias.

Fotos tiradas esta semana no quintal.

terça-feira, 24 de abril de 2012

LATHYRUS APHACA (ERVILHACA-SILVESTRE)


Da família das fabáceas ou leguminosas (família comum à ervilha) esta ervilhaca-silvestre  é uma herbácia anual que gosta de solos secos de areia  e ao sol pleno e também tem a faculdade de fixar o nitrogénio.


A ervilhaca-silvestre não tem folhas, reduzidas que estão a uma espécie de gavinhas que usa para se prender às plantas vizinhas, chamadas filódios.  Não têm limbo que é a parte laminar da folha ou folha propriamente dita. Sugiro que compare as fotos de hoje com as imagens, ontem publicadas, da Vicia sativa ou ervilhaca-comum.


Em compensação as estípulas (apêndices laminares na base do pecíolo) têm a forma de folhas, aliás grandes, ovaladas e às vezes dobradas uma sobre a outra.

As flores da ervilhaca-silvestre são solitárias, amarelas, pequenas e surgem na extremidade de um pedúnculo longo.
Fotos de 22 de Abril de 2012, no quintal.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

VICIA SATIVA (ERVILHACA-COMUM)


Com os aguaceiros e alguma chuva que vem caindo os campos tingem-se das várias tonalidades de verde. As herbáceas disparam na luta pela conquista do menor espaço disponível. Sobre esse fundo brotam as flores. De momento as cores dominantes ainda são o violeta, púrpura, azul ou amarelo.


A ervilhaca é uma planta herbácea anual erecta ou trepadora da família das leguminosas (fabaceae) com caules angulosos, usada como forragem e para enriquecimento dos solos dada a sua capacidade de fixar o nitrogénio através de uma simbiose com certas bactérias ao nível das raízes. Pode cultivar-se em monocultura mas o mais frequente é ser semeada conjuntamente com um cereal (aveia ou cevada) que lhe serve de apoio usando a gavinha no ápice. Dá-se muito bem em terrenos secos. No quintal aparece espontaneamente. Mas não lhe será alheia a circunstância de há cerca de trinta anos lá ser semeada como forragem no início dos outonos.
  

As flores agrupam-se em inflorescências com uma ou duas flores de cor violeta. Inserem-se no caule nas axilas das folhas. Darão frutos abundantes protegidos por vagens.

 Esta leguminosa é claramente da família da ervilha. As flores são muito semelhantes quer na forma quer na cor. Têm cinco pétalas. A pétala maior ergue-se como um estandarte. As duas laterais parecem asas. As duas inferiores unem-se para formar uma naveta. No todo assemelha-se a uma borboleta.

domingo, 22 de abril de 2012

CASTANEA SATIVA (CASTANHEIRO)


Castanheiro jovem, veio de França há meia dúzia de anos com cerca de quinze centímetros de altura e ainda com vestígios da semente agarrados á base do caule e raízes. Hoje tem um metro e vinte centímetros de altura.

Os castanheiros jovens suportam muito mal a exposição directa ao sol e calor do verão. Preferem claramente a sombra. E também temem os grandes frios de inverno. Por isso nascem bem e fazem-se árvores no ambiente protegido, naturalmente fresco e sombrio dos soutos. Adaptou-se muito razoavelmente ao solo arenoso e leve do quintal. É um milagre que o jovem tenha sobrevivido.

Tem sobrevivido e está aparentemente de boa saúde. Impacienta-me que tenha tardado a brotar. Mas é mesmo assim. Temos um outro adquirido no viveirista com outra envergadura e que é uma árvore poderosa que até já dá frutos embora pequenos. Pois ainda está mais preguiçoso. Os castanheiros florescem ao vigésimo ano e estarão em plena produção entre o quadragésimo e o sexagésimo ano de vida.

Na foto anterior as primeiras folhas do ano do castanheiro jovem com a sua "penugem" infantil.

Fotos, a primeira de ontem, a última de 11 de Abril e as restantes de 18 de Abril de 2012.

sábado, 21 de abril de 2012

EM BOTÃO, ROSAS


No jardim,


No quintal,


Rodeados de flores, promessas umas, outras acontecidas,


retorno a emoções, aparentemente desencantadas e sem segredos e no entanto, sempre novas, surpreendentes e fascinantes.

Fotos de 18 de Abril de 2012.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

JASMINUM (JASMINEIRO), de flor branca


Usado como sebe ou como trepadeira tem tendência a crescer desmesuradamente. Por isso convém controlá-lo através de uma poda a realizar logo no final da floração. Os nossos reagem bem às podas recuperando rapidamente. A floração dá-se nos ramos nascidos no ano anterior. Podando a seguir ao termo da floração dá tempo para a maturação dos novos rebentos na sequência da poda. 



As flores, muito perfumadas, são tubulares, de cinco pétalas de cor branca, por vezes rosada. Uma vez secas  devem ser retiradas. Os nossos jasmineiros florescem abundantemente no início da primavera. Mas abunda também o jasmim de verão. Menos comuns são os nossos que florindo na primavera dão flores brancas. É que em geral as flores do jasmineiro de inverno são amarelas.


Para os multiplicar escolher uma haste terminal com pelo menos dois pares de folhas saudáveis e uma ponta em vegetação. Separar abaixo do segundo par de folhas perto do caule principal ficando com uma vara de cerca de oito centímetros. Cortar logo abaixo da folha. Retirar o último par de folhas. Tratar o corte com um produto de desenvolvimento hormonal disponível no comércio. Enterrar no solo até ao nível das folhas sobrantes. Regar. Cobrir com um plástico que não deve tocar na vara. Arejá-la diariamente por alguns minutos. Vinte e um dias depois estará enraizada e está na altura de a transferir para o local definitivo de solo fértil, solto e bem drenado, exposto ao sol.



Aqui também usamos um processo expedito e talvez mais seguro que é o de encurvar uma longa haste exterior e flexível a fixar numa cana no ponto em que tocar o solo. Raspar a casca uns dois centímetros, fazer um pequeno entalhe. Cobrir com uma porção de terra e deixá-la enraizar. Melhor ainda se aplicar a hormona de enraizamento no corte.


Fotos de 17 de Abril de 2012, no jardim.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

LUPINUS ALBUS (TREMOCEIRO BRANCO), em flor


O fruto do Lupinus Albus (tremoceiro-ordinário) é o famoso tremoço. O tal que por muito que se ingira, nunca sacia. Certo é que o tremoço é muito rico em proteína (32 a 38%). Os que semeei são dos amargos. Para serem libertos dos seus alcaloides tóxicos (funcionando possivelmente como um mecanismo sofisticado de defesa da planta contra os predadores e sistema de armazenamento de energia), é necessário passá-los em sucessivos dias, pela infusão em águas diariamente renovadas. 


Beneficiaram de regas e de sacha com adubo, ao contrário do Lupinus Luteus o tremoceiro-amarelo cuja odisseia em ano seco já comentei. Estes estão agora abafados com a concorrência de ervas não semeadas. E dão-se muito mal nessa situação.


A maior parte dos pés do L. Albus já atingiu os quarenta centímetros de altura e apresenta inflorescências brancas. Tudo aponta para o êxito da pequena sementeira experimental. Para o próximo ano hortícola haverá que semear muito mais. Além dos frutos, tem-se em conta o seu papel como adubo verde. A cultura do tremoceiro interage muito bem, em particular, com a abobreira, bróculo, e espinafre.

Nos Estados Unidos o tremoço é também consumido pelos humanos depois de transformado em farinha ou pasta. Em Portugal e Espanha (onde é conhecido pelo curioso nome de altramuz) acompanha a cerveja. 

Fotos de 17 de Abril de 2012, no quintal. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

ÍRIS, em cor invulgar


Agora que os aguaceiros estão de volta, suspiram de alívio bolbos e rizomas.  Há muitos que ainda não floriram. Outros, como os que hoje trazemos, exibem agora cores verdadeiramente surpreendentes. 


Há sempre uma distância entre aquilo que a câmara capta e a realidade. Aqui, creiam, o real ultrapassa em muito o reproduzido em cor, em textura, em contraste.


Frágil mas elegante, magnífico!


Para ilustrar o que pretendo significar, observe-se o lançamento do caule e folhas deste belíssimo íris branco e compare-se com o anterior.

As fotos são de ontem, no jardim.