quarta-feira, 30 de julho de 2014

MUROS VELHOS, TEXTURAS.


De pedra solta de granito, irregular, sem aparelhamento. 


Muro de suporte de terras com pedras aparelhadas, bem travadas mas deixando alguns intervalos entre os blocos por onde despontam herbáceas. Pedras maiores na base (pedras de fundação). Unindo as faces e servindo de travação, podem ver-se outras grandes pedras em plano superior. O peso dos materiais é garantia de estabilidade. No patamar alguns arbustos talvez demasiado perto do remate superior do muro.


Parte da vedação de pequena quinta agora não cultivada. Anote-se a clara diferenciação de texturas num e noutro muro, as distintas disposição da pedra e remate superior.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

TEMPO de SESTA


Monte de pêlos, 


despertando...


um peso nas orelhas... , 


tanta luz! Quem se atreve?


Jardim à porta, hum... odor a malvas. Pois... e como ia dizendo...


... unhas - endireitar o fio, nariz - quer-se sempre bem rosado, beiças - um toquezinho extra nunca é demais... anti-rugas, creme hidratante, protector solar... prelúdio, quem sabe, para mais uma recaída no sono.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

SAPONARIA OFFICINALIS L. (SABOEIRA, SAPONÁRIA, COMMON SOAPWORT, SAPONARIA, SAPONAIRE)


Passa, passa, gavião
todo o mundo é seu.


As lavadeiras fazem assim, 
as lavadeiras fazem assim!
É assim, é assado, 
Carne frita com sapato.


Em cima, o texto é parte dos versos de uma esquecida e muito velha canção infantil de roda com coreografia, tantas vezes cantada e dançada no recreio das escolas femininas, ao mesmo tempo que, num faz de conta, eram imitados os gestos das mães nos diferentes trabalhos que a canção evoca.  
Mas a mais perfeita aproximação ao ofício de mãe-lavadeira era possibilitado sob as suas vistas atentas, nas margens frescas de areias grossas e calhaus rolados da ribeira  onde as crianças sabiam localizar e usar  a cariofilácea das fotos como sabão. Possivelmente também não lhes seriam de todo indiferentes os belos tons em cor-de-rosa pálido das flores. Tantos anos após, como que respondendo ao apelo do sítio, deixámo-nos encaminhar para uma revisitação. Lá estavam ainda: os mesmos indivíduos remoçados ou, de algum modo, os mesmos na forma de gerações renovadas. O que importa é que nos reconhecemos num sorriso malicioso. - Desculpa lá... quando inocentemente te arrancava as flores... ; - Ora, mal dava conta e logo recuperava. E, nesse tempo, até havia crianças que reparavam em mim e gostavam...

Fotos gentileza de Malema, fins de Julho de 2014, no vale do rio Noéme, concelho do Sabugal. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

PHEDIMUS SPURIUS (SEDO BASTARDO, CAUCASIAN STONECROP)


Estão no jardim desde há mais de uma dúzia de anos como planta de revestimento. No caso, uma suculenta da família das crassulaceae, perene, muito ramificada, com um porte rastejante (cerca de 10 cm de altura).


É um sedo também designado por "Sedum spurium", de folhas ovais, carnudas, desprovidas de pecíolo, diminutas mas com folhagem densa, opostas, formando uma espécie de roseta. Também são notáveis pela graciosidade do recorte da margem das folhas.


Só agora reparámos em que, ao longo de todos estes anos nunca floriram.
  

Foi quando os viemos encontrar surpreendentemente floridos, num pequeno jardim de aldeia - muito do nosso coração - nas margens do rio Noéme, concelho do Sabugal.
Regressados, cotejámos a imagem florida com os sedos do jardim. Iguais, sem dúvida. E continuaremos a gostar do que vemos. Mas nunca nos apareceram tão "espúreos" como agora...

Fotos gentileza de Malema, finais de Julho de 2014, no vale do rio Noéme.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

CALENDULA ARVENSIS (ERVA-VAQUEIRA, MALMEQUER-dos-CAMPOS, FIELD MARIGOLD, MARAVILLA silvestre, SOUCI des CHAMPS, FIORRANCIO SELVATICO)


Declaração de interesses: posso admitir que seja uma planta da maior formosura mas no quintal não a suporto  e quero vê-la de lá erradicada de vez. Como o seu nome "arvensis" indica,  tem clara preferência por campos cultivados e então quando, como é o caso, são de areia, melhor. Se a deixar multiplicar livremente, para o que está particularmente dotada, em breve será à colonização do quintal por parte desta asteraceae. Começa a florir em Março e em Dezembro ainda há floração!


As flores em amarelo ou alaranjadas não abrem antes do meio da manhã e é preciso que seja em dia luminoso. Ainda não são 5 da tarde e já começam a baixar a pestana. Não enganam: mesmo aparentemente a dormir, crescem sempre!


Aqui em vista geral. Muito ramificada, como se vê. A planta exala um odor forte pouco agradável. Ainda assim podem extrair-se dela óleos essenciais perfumados. 


Flores liguladas externas da margem do disco central.


Após ter retirado parte das sépalas e algumas flores externas, destaque para as flores do centro do disco, tubulosas. Em fundo, mais alta, a mancha amarela das flores liguladas.



Passado o período de expansão das flores (ântese), já ausentes de pétalas, a época é agora de desenvolvimento e maturação dos frutos. Quando totalmente maduros serão de cor castanho-escura e dentro o fruto (cipsela) permanecerá fechado (indeiscência).  A acção da água será a chave que possibilitará a emergência da radícula.
Destaque para as sépalas em verde claro que se mantêm após a queda das pétalas.



- Em que burrinho quer ir? - No melhor que me servir!
Na foto, conjuntos de frutos organizados em capítulo de aquénios. Os do círculo mais exterior estão munidos de asas que facilitam a dispersão pelo vento.  A seguir, ao meio e na direcção do centro, parecem anéis com protuberâncias no exterior facilmente ancoráveis no pêlo de transportadores de ocasião. No centro são densos, arredondados e lisos. Como estes caiem ao pé da planta em princípio dispensam transporte. 

Com excepção da 1ª e 3ª que são de meados de Novembro de 2011, as fotos são do passado fim de semana , no quintal.

sábado, 19 de julho de 2014

PELARGONIUM (GERÂNIOS, SARDINHEIRAS)


De facto, esta não é a cor mais comum das sardinheiras. Elas cruzam facilmente. Aqui temos um híbrido inesperado. 


Flor dobrada: uma mutação genética de que resulta um acréscimo de pétalas à custa dos estames. Já a flor simples apresenta-se apenas com 5 pétalas, desiguais: 2 superiores e 3 inferiores. Ao centro da flor, bem visível, o estigma e parte do estilete.


Se tinha dúvidas sobre a identidade da planta pode tirá-las com a imagem das folhas no canto inferior esquerdo. Pétalas em tom mais claro espelhando a luz intensa do meio da tarde de um dia de sol, mas a flor é ainda a mesma. Já a 1ª e a 4ª foram tiradas hoje às 8H30, dia muito nublado e com chuva. A 2ª foi no dia de ontem, um pouco após a 8 horas da tarde, já com ajuda do flache.  


Aqui a circundar o ovário é visível o receptáculo tubular em forma de taça. 
A sardinheira é das plantas de mais fácil cultivo. E, no entanto, debruçadas a uma janela fazem toda a diferença. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

QUANDO HÁ MALES QUE VÊM POR BEM!


Tombam naturalmente porque velhas e moribundas e, na queda, ainda arrastam consigo árvores novas sangrando em saúde. Cada uma é ou foi um indivíduo único. Porém, as forças em jogo são cegas. Resta e não é de somenos, uma enorme massa energética com grande potencial ecológico.


Por vezes de um tronco decepado pela base surgem rebentações novas. A superfície exposta à mecânica dos ventos é agora mínima. Desta vez a árvore consegue estancar o derrame de seiva, sela as feridas abertas, isola-as. Compensa as perdas recorrendo a reservas próprias e nutrientes disponíveis no meio ambiente, muitos resultado directo de desastres semelhantes em Invernos passados. Um extra de vida.


Um fenómeno natural: a decomposição dos tecidos mortos. O inventário das novas vidas que surgem a partir daí é tarefa demorada e supõe conhecimentos muito específicos de que obviamente não disponho. Em geral, pode dizer-se que há espécies de insectos que, pelo menos numa fase da vida, se alimentam da madeira em decomposição. Há também cogumelos, líquenes, musgos. Alguns, habitam as cavidades húmidas revestidas de folhas, de terra, de excrementos, das árvores vivas. Outros optam pelas árvores mortas. Mas também há numas e noutras répteis, aves, mamíferos de vários tamanhos que aproveitam o trabalho pioneiro de paciente reciclagem dos invertebrados. 


Há uma geração atrás toda esta massa seria lenha para o forno e lareira, cortada a golpes de machado e transportada às costas, encosta acima. Agora está inacessível até à mais sofisticada das máquinas. Vantagem para o mundo natural. A prazo, vantagem para nós também...

Fotos de Junho de 2014. Serra da Lousã.

terça-feira, 15 de julho de 2014

ARQUITECTURA, RURALIDADES ( com chagas inventadas retocadas ... - José Régio)


Escancarei, por minhas mãos raivosas
As chagas que em meu peito floresciam.
Versos a escorrer sangue eis escorriam
Dessas chagas abertas como rosas...


Assim vos disse angústias pavorosas
Em versos que gritavam ... ou sorriam.
Disse-as com tal ardor, que todos criam
Esse rol de misérias fabulosas!


Chegou a hora de cansar ..., cansei!
Sabei que as chagas todas que aureolei
São rosas de papel como o das feiras


Que eu vivo a expor minh,alma nas estradas,
Com chagas inventadas retocadas ...
Para esconder bem fundo as verdadeiras.

 Demasiado humano, José Régio (1901-1969).

domingo, 13 de julho de 2014

INSECTA, bichezas no meu jardim.



 Que prosa! Onde vai ele de fatinho domingueiro?


O guarda-roupa vistoso dá vantagens quando o objectivo é atrair um parceiro para a reprodução. Mas, simultâneamente, torna-os mais vulneráveis aos muitos predadores.  


Geralmente temperam o risco acrescido das suas cores vivas com a capacidade de opor aos inimigos um odor forte e desagradável que os acompanha. Mas cautela e caldos de galinha ...


Prudentemente, adopta uma posição menos exposta e quase passa despercebido. 

Fotos de 11 de Julho de 2014, no jardim, entre dálias amarelas.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

RUTA CHALEPENSIS L. (ARRUDA, FRINGED RUE, RUE de CHALEP, RUTA d, ALEPPO)


Início de tarde quente, diria mesmo abafada, de Junho, a hora de todo imprópria para andar pelos campos mas sem alternativa porque dependentes de transporte em grupo, estamos na várzea da Quinta da Paiva, no limite de Miranda do Corvo. 


Na berma da rua, entre inúmeras ervas, deparo com uma planta singular em verde acinzentado e amarelado com cerca de 80 cm de altura. A imagem das folhas e da sua disposição está algures na memória. Mas ao contacto com a flor a surpresa é a de um primeiro encontro: 4 sépalas, 4 pétalas e 8 estames (tetrâmera). Até aí não vai a novidade. Noto o enrolamento mas, sobremaneira, o invulgar contorno ciliado das pétalas. Aquelas franjas (mais longas na R. angustifolia) sugerem algo de primitivo. É ainda notável a proeminência do ovário, em posição superior.


Na foto de cima podem ver-se os pedicelos de tamanho sensivelmente igual ao das cápsulas e sem pêlos. Estas dividem-se em 4 lóbulos. Os frutos apresentam um revestimento exterior marcado por pontinhos como nos citrinos, igualmente rutáceas (ver melhor na 1ª foto). 


Folhas compostas de vários folíolos que, por sua vez, se subdividem noutros.

A arruda foi muito utilizada como erva medicinal. Mas de nenhum modo arriscaria a ingestão em qualquer dosagem por mais ligeira. Hoje em dia é usada na produção de óleos essenciais. É preciso cuidado até na manipulação da planta pois tem efeitos irritantes no contacto com a pele. 
Já como planta decorativa a ruta, na variedade graveolens, é usada em bordaduras com outras plantas de flor amarela ou com roseiras.  Gostaria de a experimentar no jardim. Estarei atento.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

ARQUITECTURA RURAL, detalhes


Em contexto muito próprio, a aplicação de recursos materiais localmente disponíveis exprime saber acumulado e depurado gosto. A varanda com o pavimento de forma linear, a guarda em linhas exíguas e o  frio espelhado do vidro que guarnece a porta de acesso tornam-se o foco desta perspectiva da aldeia que interrompe a ligação com a envolvente natural e construída. 


Os materiais para a reconstrução das paredes exteriores estão disponíveis ali mesmo. Actualmente sobram poucos espaços como o da foto. 


Tareco de guarda. Quem não tem cão...


O letreiro engana de várias maneiras. Não, não há do pipo, a granel. "Timto" mas também "bramco", qualquer deles só engarrafado. Ao almoço: cheio! 

Junho de 2014, em Gondramaz, Serra da Lousã.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

HYPERICUM HIDCOTE, (HIPERICÃO, St. JOHN,s WORT, HIERBA de san JUAN, MILLEPERTUIS à GRANDES FLEURS)


Em sintonia com o sol, 5 pétalas livres relativamente largas convergem para o estigma, ao centro, em torno do qual as anteras parecem orbitar.  


Uma flor vistosa numa planta de fácil cultivo, uma óptima escolha para a decoração do jardim.


O eixo principal do caule termina numa flor que floresce em primeiro lugar. As outras flores florescem sucessivamente e em direcção lateral. Vejam-se na foto, à direita, a flor aberta vista por de trás (visível também o cálice de 5 sépalas) e os botões nas hastes ao lado. À esquerda e à direita pétalas desmaiadas em castanho-claro.


Aqui a planta apresenta-se exposta ao sol pleno, num porte arbustivo, alcançando cerca de 1,20 m de altura. Folhas opostas, sésseis, lanceoladas, em verde-escuro na página superior, mais pálido na inferior. O fruto é uma cápsula seca.

Fotos de Junho de 2014, em jardim particular, Quinta da Paiva, Miranda do Corvo.