Descendo a encosta, cruzamos vários riachos que se perdem por entre a vegetação cada vez mais densa. Visíveis um ou outro tanque aberto transversalmente ao sentido das linhas de água por onde entram para, transbordando, logo seguirem retomando o leito escavado nas dobras da vertente. Um deles - informam-nos - foi lavadoiro público até que o actual fosse construído bem no centro do povoado. Os demais foram usados na rega dos pequenos socalcos. Presentemente nenhuma destas áreas é cultivada. A vegetação espontânea tira partido.
Sobre este fundo, em local fresco, sombrio, deparo com inesperadas flores à beira do caminho, em vermelho-brilhante. De pedicelo curto seguido de cálice em forma de taça verde-clara que suporta a corola. Tubo, na primeira parte da corola e no seu interior mais fundo, o ovário. Na foto, de perfil, o lábio superior que especialmente protege o estilete e estigma até à maturação e o lábio inferior, espécie de pista de aterragem para insectos. Destacando-se ligeiramente do lábio superior, é possível verem-se as pontas do estigma: uma parece um dente afiado na boca de víbora e a outra está voltada para trás.
Aqui, patenteiam-se os lábios de frente para nós. No plano inferior os lóbulos são de tamanho maior e cor mais viva.
Pequenas folhas opostas, ovadas, levemente serrilhadas.
Fiquei surpreendido por encontrar esta salva fora do espaço dos jardins. É uma planta que em natureza pode ser encontrada no Arizona (EUA) e em algumas montanhas do México. Na Serra da Lousã é espontânea ou vestígio de planta ornamental cultivada em pequenos jardins ou à beira dos canteiros?
Fotos de Junho de 2014, Gondramaz, Serra da Lousã.
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