Tombam naturalmente porque velhas e moribundas e, na queda, ainda arrastam consigo árvores novas sangrando em saúde. Cada uma é ou foi um indivíduo único. Porém, as forças em jogo são cegas. Resta e não é de somenos, uma enorme massa energética com grande potencial ecológico.
Por vezes de um tronco decepado pela base surgem rebentações novas. A superfície exposta à mecânica dos ventos é agora mínima. Desta vez a árvore consegue estancar o derrame de seiva, sela as feridas abertas, isola-as. Compensa as perdas recorrendo a reservas próprias e nutrientes disponíveis no meio ambiente, muitos resultado directo de desastres semelhantes em Invernos passados. Um extra de vida.
Um fenómeno natural: a decomposição dos tecidos mortos. O inventário das novas vidas que surgem a partir daí é tarefa demorada e supõe conhecimentos muito específicos de que obviamente não disponho. Em geral, pode dizer-se que há espécies de insectos que, pelo menos numa fase da vida, se alimentam da madeira em decomposição. Há também cogumelos, líquenes, musgos. Alguns, habitam as cavidades húmidas revestidas de folhas, de terra, de excrementos, das árvores vivas. Outros optam pelas árvores mortas. Mas também há numas e noutras répteis, aves, mamíferos de vários tamanhos que aproveitam o trabalho pioneiro de paciente reciclagem dos invertebrados.
Há uma geração atrás toda esta massa seria lenha para o forno e lareira, cortada a golpes de machado e transportada às costas, encosta acima. Agora está inacessível até à mais sofisticada das máquinas. Vantagem para o mundo natural. A prazo, vantagem para nós também...
Fotos de Junho de 2014. Serra da Lousã.
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