terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

RHAGADIOLUS STELLATUS (RAGADÍOLO-ESTRELADO, STAR HAWKBIT, ENDIVE DAISY, RADICCHIO STELLATO, UÑAS del DIABLO, RHAGADIOLE ÉTOILÉ)


Finalmente, um dia luminoso e a inesperada amenidade. Possivelmente outros lhe sucederão assim, libertando pouco a pouco as terras do acumulado de água. Esta manhã ouvia o som do motor dum tractor no quintal vizinho. Dei conta, depois, que três lavradeiras completavam a preparação da terra e iniciavam a plantação das batatas. Ninguém com menos de 70 anos de idade. Nestas zonas de minifúndio, a larga maioria das melhores terras  permanecerão incultas mais um ano. Mas, mesmo nos terrenos mais pobres nenhuma ficará sem revestimento vegetal. Em todas, as plantas herbáceas espontâneas travam a costumada luta silenciosa competindo pelo espaço.  Dentro de um mês não haverá um centímetro quadrado sem revestimento vegetal.


 Manchas ou apenas salpicos de amarelo irão temperar os vários tons do verde dominante. Nesta altura, na orla das matas a maior mancha amarela é a das indesejáveis acácias e no interior, a dos tojos (fabáceas do género ulex). Nos taludes e à beira dos caminhos ondulam já as delicadas flores das azedas (oxalis pes-caprae). Em breve, alargar-se-à a festa verde-amarela aos malmequeres e afins.  


Da Família Asteraceae (a mesma dos malmequeres mas pertencente a uma tribo diferente) apresenta-se uma herbácea anual muito discreta do Género Rhagadiolus, de pequenas flores amarelas que surgem entre março e junho nos campos férteis e abandonados e à margem dos caminhos, em sítios húmidos. Nelas, os capítulos são a base (receptáculo) onde assentam apenas pequenas flores liguladas, com cinco cortes no bordo superior. Ao contrário dos malmequeres não apresentam também as conhecidas pequenas flores tubulosas inseridas no disco central. Protegem-nas brácteas compridas e estreitas.


Os caules são longos (podem alcançar 50 cm de comprimento), difusos e com ramos divergentes. As folhas da base são oblongas ou lanceoladas  e ligeiramente dentadas.  Superiormente são alongadas e estreitas, mais largas a meio.

O ragadíolo-estrelado surgiu-me de entre um denso emaranhado  de ervas rasteiras e não fora o amarelo da flor e teria passado completamente despercebido. Afinal não tem como esconder a sua formosura. Surpreendeu-me ainda pela fragilidade do caule que se deixa cortar facilmente com a unha e pelo seu carácter meio prostrado, apoiando-se noutras ervas. 
Espero para breve um reencontro com a beldade.


Na foto a raíz. 

Fotos de finais de março de 2013, na zona da Ribeira e no limite da aldeia. 

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