Durante séculos propriedade titulada da mesma família, "a Quinta" foi, no coração da aldeia, a maior e melhor terra cultivada. Adquirida há anos pelo município, as emblemáticas e muito antigas edificações foram demolidas e em seu lugar construídas outras. Foram abertas ruas ladeadas por largos passeios. Sobraram alguns restos de obras.
Numa faixa estreita adjacente aos passeios, de solos perturbados por materiais a eles de todo estranhos, surgem herbáceas melhor adaptadas ao novo ambiente seco. No passado domingo, à beira do passeio e por entre alguns detritos a céu aberto, nomeadamente pedras soltas de calcário, caliças e betume, surgiu-nos, solitária, esta delicada inflorescência no ápice de uma pequena planta da família das verbenaceae.
Nesse dia, à tarde, voltámos para a rever mais demoradamente e fotografar. Caules de porte erecto com cerca de 50 cm de altura. Folhas simples, estreitas, opostas, sem pecíolo, lanceoladas. Pequenas flores de 5 pétalas organizadas em espigas estreitas em tons de lavanda claro e esbranquiçadas, protegidas por brácteas em verde, fundidas numa taça.
Percorremos vários outros lanços de passeios observando as margens mas não conseguimos deparar com nenhum outro exemplar de verbena. Para além da estreita faixa adjacente aos passeios, em solos argilosos, profundos, ricos e húmidos adensam-se as colónias de ervas altas. É inútil estender a vista por aí. A mais simples das verbenas prefere um solo pobre, seco, calcário, de exposição aberta e detesta a concorrência de herbáceas de outras famílias. Feitios...
Sem comentários:
Enviar um comentário