quinta-feira, 5 de junho de 2014

TAMUS COMMUNIS (ARREBENTA-BOI, BLACK BRYONY, TAMIER, UVAS de PERRO, TAMARO)


No tempo em que os animais falavam... criança, o vasto mundo que a vista pode alcançar do alto dos Cabeços ou da Cabreira era todo o meu mundo. Ainda assim, de tão variados encantos que uma única vida não basta para alcançar senão em pequena parte e, muito menos, para domesticar como aparentemente convém à nossa geral presunção de senhorio. Por experiência própria e alheia íamos percebendo como eram autónomas essas outras vidas, vegetais e animais, que não estariam ali propriamente para melhor nos servir nem tão pouco para agredir, mas ...nem tudo o que luz é ouro!  


Tendo encontrado a denominação "Arrebenta-boi" como genuína para a trepadeira que aqui trago hoje, certamente relacionada com a circunstância de ser altamente tóxica, questionei-me sobre a quantos pequenos frutos tentadores, especialmente bagas, atribuíamos o epíteto cautelar de "arrebenta-bois". Certo é que, desse modo, acessível a uma criança, ficávamos prevenidos dos perigos escondidos do chamado "reino" vegetal, mesmo que o conhecimento da identidade da planta ficasse por décadas adiado ou, dele se prescindisse simplesmente por não se tornar imperativo conhecer em detalhe. 


 Planta da família das dioscoriaceae de raiz grossa, que lhe permite sobreviver largos anos. Na primavera surgem do rizoma subterrâneo os novos rebentos. O caule é fino, volúvel  e enrola no sentido dos ponteiros do relógio podendo alcançar os 3 m de altura . As folhas em verde-brilhante, de longo pecíolo, dispõem-se alternadamente. Na foto a face inferior da folha.


As pequenas flores em branco-acinzentado mostram-se reunidas em cachos. 


No ápice dos jovens frutos, pode ver-se uma pequena expansão que pica. Mesmo após a queda das folhas persistem os frutos, ficando então em tons de vermelho.
Em França a planta também é conhecida por "herbe aux femmes battues", certamente uma gracinha de mau gosto relacionada com o uso da planta na remoção de hematomas causados por agressões à mulher por energúmenos de todos os tempos.

Fotos de Maio de 2014, no Moinho, limite da aldeia.

1 comentário:

  1. há palavras com sabor a casa!..
    conta mais desse tempo em que os animais falavam!!

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