segunda-feira, 23 de junho de 2014

SCROPHULARIA (ESCROFULÁRIA, FIGWORT, SCROFULARIA)


Uma berma funda, descuidada, ladeia a rua estreita que corta terrenos aráveis. De entre o pequeno silvado podem ver-se uma miríade de pequenas cápsulas, algumas em castanho pálido, sinal de maturação alcançada, outras ainda em verde. Só então nos apercebemos das inflorescências em panículas alongadas com pequenas flores manifestamente irregulares. E que inusitadas cores do vermelho-escuro ao púrpura! 


A flor assemelha-se a um elmo erguido num pedicelo curto. Cálice de 5 sépalas. Corola tubular-intumescida com 5 pétalas. Lábio superior com 2 pétalas, mais comprido do que o inferior provido de 3. Neste as pétalas laterais são direitas e a do meio é ligeiramente curvada para fora para facilitar a "aterragem e descolagem dos polinizadores. Sépalas e pétalas estão soldadas ao nível do primeiro terço a contar da base.


Destaque para o branco do traço arredondado de tecido escamoso que contorna superiormente as sépalas, sublinhado por idêntica curva em castanho-avermelhado. Nesta orientação, as pétalas do lábio superior assemelham-se a orelhas. Será a Scrophularia "auriculata"?


Anote-se a forma  em esquadria rectangular e a cor verde  com bordas avermelhadas dos caules, a mesma que também realça o recorte dentado das folhas. Veja-se ainda, a sua distribuição em oposição ao longo do caule cruzadas com outras mais pequenas, em roseta, na axila. A planta tem cerca de 1 a 1,50 m de altura. Os caules, no entanto, são ocos e quebram facilmente.


É hora máxima da radiação solar e do calor e, não obstante, pode observar-se o movimento contínuo dos insectos. Manifestamente, o seu contrato de trabalho não inclui o direito à sesta o que é deveras lamentável. Uma transgressão à regra da prudente recolha a penates  em hora de calma que este peregrino que vos escreve não deveria seguir (natureza mestra da vida?). Mas lá que valeu a pena...

Fotos de Junho de 2014, limite de Miranda do Corvo.

1 comentário:

  1. Olá amigo, grata por suas lindas palavras e seu olhar tão poético sobre uma planta tão pequenina...
    Estou à procura de um exemplar desta espécime, mas no Brasil...
    Grande abraço.

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