quarta-feira, 24 de agosto de 2011

BEGÓNIAS


Na minha infância a begónia era talvez a planta de interior mais comum. Em vaso, sobre a floreira vertical de madeira envernizada decorada com pendentes recortados do mesmo material,  expunham quase ao nível dos nossos olhos, uma grande variedade de enormes folhas decorativas, bizarras, algo exóticas.


Ainda usamos floreiras dessas, pernaltudas, muito estilo arte nova (os tectos eram igualmente altos) mas agora no exterior, ao abrigo de um telheiro. Fizeram a sua época.


Mas quantas dessas variedades de begónias que embelezaram as salas das nossas casas dos princípio e meados do século passado ainda subsistem?


Talvez a begónia ainda surja associada àquela moda do século XX (passageira como todas) e daí ter sido expulsa ou, pelo menos, ter perdido o privilégio entre tantas outras possibilidades. O que é pior é estar confinada aos critérios próprios das produtoras e distribuidoras de plantas decorativas. A begónia desceu ao nível de rés-do-chão. 


As nossas begónias também habitam o jardim ao abrigo das copas dos citrinos. Mas as folhas sucumbem às primeiras geadas, para renascerem na primavera.


È mais fácil encontrar begónias nos jardins públicos de outras latitudes com invernos mais agrestes.À aproximação dos primeiros frios são retiradas para os hortos municipais nos vasos em que estiveram e aí são tratadas, multiplicadas e conservadas até passar o risco das geadas.

Esses jardins públicos são para visitar, vendo ou contemplando e não prateleira de supermercado em autogestão (o bem público é indivisível e como tal espelha a inteireza do carácter de cada um). Ao contrário das nossas inclinações (custa dizê-lo) algo anarcas ou convenientes (se é público é também meu. Logo, disponho levando a parte que é suposto ser a minha fracção no todo, sendo eu quem unilateralmente compõe e se serve do quinhão). 


Vendo as variedades de begónias hoje dominantes, quer no espaço privado quer no público, pode concluir-se a dominância das que oferecem bonitas flores. Serão também as variedades mais resistentes e que melhor se adaptam ao espaço exterior. Oferecem ainda maior efeito de cobertura do solo.


Onde, as begónias de belas folhas? De facto, hoje em dia temos de afastar as flores à procura das diminutas folhas que envergonhadamente se escondem atrás das abundantes inflorescências e que afinal são o que melhor identifica a espécie. Conclusão: nas begónias, nada excluir! Nem flores, nem folhas, nem a combinação de ambas. Apostemos em tudo o que é belo.


Na foto, uma das nossas begónias mais antigas, adaptada ao exterior onde permanece todo o ano ao abrigo dos citrinos.


Nesta, uma das nossas begónias de interior.

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