segunda-feira, 25 de março de 2013

EM DIA DE RAMOS




Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.




Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.




Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.


A terra abriu-se para erguer a cruz: sacralização da natureza, sacralização do homem. Entrelaçam-se flores, compõem-se os ramos, atapetam-se os caminhos com verduras. Em procissão aclamamos a Jesus como o Messias da promessa aos nossos avós da Aliança. A natureza transfigurada, entra no templo. Em concha, o povo reza emprestando as suas vozes à oração única. Escuta-se o longo Memorial da Paixão. O sacerdote comenta o texto sagrado. Consagração e comunhão. Em paz nos erguemos e somos abençoados. Até Deus. Regressamos: homens, verduras e flores, enlaçados. Estas, como ferramentas se guardam. Do profano ao sagrado, finito a infinito, nunca repousados, haveremos de continuar na esperança até quando Deus quiser.
 
Os versos são de Camões. Alguns ramos de palmitos e gerberas vermelhas de ontem, preparados para distribuir pelo povo a juntar ao alecrim e oliveira. Nas demais fotos, flores simples e a envolvente da aldeia.
 

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