Imagem desfocada, sim. Mas não tão longe da que realmente conseguimos percepcionar numa primeira olhada quando caminhamos por um mar sem fim de herbáceas, à espera de um prémio...
E ainda que invistamos horas na peregrinação, vale bem a pena quando a inesperada recompensa é uma herbácea tão delicada na forma e nas cores como a das fotos: uma Lythrum junceum, da Família Lythraceae, aliás, protegida na Comunidade Europeia.
De volta ao Freixial e no sítio do Moinho, perto do Nascente, entre valas, regueiras, rio e a cerca de 30 metros de altitude relativa. Excepcionalmente nesta altura do ano, a terra mantém-se fresca. O Nascente alimenta a corrente da Vala. As regueiras mantêm-se húmidas, aqui e ali com algumas poças de água.
Focamos a atenção numa mancha contrastante em tons de púrpura. Aproximamo-nos. De joelhos dobrados descobrimos os caules angulosos, duros, com cerca de 40 cm de altura, rosados na parte inferior. As folhas inteiras opostas, ovais-alongadas a lineares em verde intenso, nervura evidente, posicionam-se desde a base. Ramificações prostradas estreitando no ápice. Cálice em tubo com nervuras longitudinais e com pequenas manchas purpuradas na base, nota distintiva a ter em conta quando comparamos com outras Lythrum. Flores solitárias na axila das folhas superiores, de 4 a 6 pétalas violáceas tão longas como o tubo do cálice. 12 estames desiguais. O fruto é uma cápsula com numerosas sementes.
Reergo-me: que beleza! A tentação seria a de tentar transplantá-la para o jardim. Mas, um meio ambiente tão especial ainda que geograficamente próximo não é facilmente reproduzível. Esperamos reencontrá-las por ali no próximo ano. Boa sorte!
Fotos: manhã de meados de Maio de 2014, no limite sul da aldeia.
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