segunda-feira, 12 de maio de 2014

KALANCHOE BLOSSFELDIANA "CALANDIVA" (CALANCOIS, CALANDIVA)


Três horas de uma tarde quente de primavera. Do vértice da quase península traçada pela confluência dos rios Zêzere e Tejo dirigimos o olhar para o casario fronteiro disposto em anfiteatro, virado ao sul. Não há como lhe resistir. Deixamos então o movimento das águas que se abraçam, a frescura dos salgueiros e o simpático passeio no jardim público entre canteiros de flores. 


E arriscamos a subida pelo labirinto de vielas empedradas à maneira antiga portuguesa. Por incontáveis escadas de pedra buscamos as sombras. Grossas paredes e o resguardo de aberturas minimizadas a norte, trazem frescura até perto das fachadas principais abertas ao sul.  Amarelos e azuis das cercaduras de janelas e portas exprimem os efeitos da inclusão inteligente da luz e da sombra nas habitações. Alguns jardins, ligados à habitação por pérgolas dispostas em discretos caramanchões situados ao nível do primeiro andar, trazem-lhe um acréscimo de sombreamento e perfume  


Recantos inesperados convidam à pausa. Aproveitamos para um olhar mais fino. Aquela ali é, manifestamente, uma casa desabitada. Que pena! À porta, uma floreira descuidada alberga algumas plantas que por estarem à sombra vão conseguindo sobreviver.  E ainda florir.


Julguei ter visto botões e flores de rosa. Aproximo-me e não vejo os típicos caules e folhas de roseira. Dirijo as mãos e separo. Lá estavam as inconfundíveis folhas espessas, carnudas, típicas das suculentas. Não! Em suculentas não conhecia  ainda flores em estrela, dobradas. Que  agradável encontro com esta outra variedade de Kalanchoe originária de Madagáscar. Camões também aludiu a Madagáscar no seu glorioso poema (Canto X, estrofe 137). Que coincidência estarmos na Vila Poema, o outro nome de Constância! 

Voltaremos a este notável sítio.

Fotos de Maio de 2014.

2 comentários:

  1. A fotografia e o fotógrafo merecem prémio!
    A descrição,cheia de encanto!
    Uma admiradora,
    Tina

    ResponderEliminar
  2. Coisa nenhuma
    foi tão verdadeira
    como a tua alma
    quando tu ma deste.

    Deste-ma inteira...
    Tua mão, que a dava,
    nem me perguntava
    se eu a merecia
    Dava-a e sorria,
    como quem recebe.

    Por que graça rara
    ficaste florida,
    mesmo assim despida
    dessa flor tão pura?

    Sebastião da Gama, Cabo da Boa Esperança, "Dádiva".

    ResponderEliminar