sábado, 26 de abril de 2014

MALVA (COMMON MALLOW, MAUVE)


A nova avenida cortou a Várzea. Após aterro, o pavimento ficou situado acima do plano médio dos solos da área de cultivo. Entre esta e os passeios, uma zona de protecção lateral compactada, formada por materiais degradados e saibro.  A separá-la dos terrenos agrícolas um talude da mesma qualidade.  Ao centro da estrada um corredor estreito separa as faixas de rodagem. Sem surpresa, mesmo a vegetação espontânea no solo de cultivo contrasta pela variedade, abundância e vigor com a das zonas de protecção. Aí o solo é naturalmente muito pobre e a água das chuvas escoa seguindo a inclinação do talude, demorando-se bem pouco pela superfície vidrada.


Mas foi lá que deparámos com esta muito discreta variedade de Malvaceae.  Discreta pela disposição rasteira das hastes que, ainda assim, parecem tentar mostrar as flores erguendo-as tão alto quanto possível. E que flores! 


Aqui e para comparação com a da primeira foto, uma malva comum de caule erecto. Note-se ainda o afastamento  das pétalas entre si.


Voltemos. As raízes são curtas. A partir e em torno do caule principal, brotam os caules que suportam folhas arredondadas, verde-escuras, mais curtas do que eles. 


Flores de 5 pétalas em cor rosa, com riscas em tom mais escuro. Inúmeros estames. Os frutos são os conhecidos "queijinhos" que as crianças do meu tempo ingeriam embora nem soubessem bem.

Fotos de ontem.

2 comentários:

  1. Confirmo. Comi muitos “queijinhos “crus - uns frutos redondos que apareciam na beira dos caminhos e baldios - mas nunca os associei a malvas!
    E o Vitor sabe que também se fazem petiscos com eles? Pois encontrei esta receitinha no bolgue Alimantação Viva e Sustentàvel.
    Estufado de frutos de Malva:
    Refogar 1 cebola. Juntar 3 tomates e 2 pimentos cortados em bocados e sumo de 1 limão. Temperar com sal, tapar e deixar cozer docemente, durante 10 minutos. Preparar os frutos da malva, retirando-lhes o cálice e lavando-os. Juntar cerca de 400 g de frutos ao estufado, tapar e deixar cozer durante meia hora. Adicionar água se necessário. Servir com arroz.
    Mas agora até já nem deve clientes para estes “queijinhos!
    Jinho

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    1. Já não haverá por aqui (inclusive nas aldeias) estilos de vida compatíveis com encontros espontâneos de crianças com elementos naturais. No entanto, eles continuam por lá. Ainda haverá quem olhe, mas não os vêem. Se os virem são-lhes indiferentes. Pelo lado das malvas, nenhum prejuízo.
      Mas eu creio que este fenómeno é muito, muito local. E está em linha com o pasmo que prendia (prende) a atenção de certo tipo de citadinos pela vulgar abertura de uma vala ou pelo erguer dum taipal a que hoje corresponde a obsessão por brinquedos electrónicos. Tenho para mim que aquelas desatenção, pasmo e obsessão são manifestações servis que ocultam a prodigiosa unidade de tudo. Mas isto são desabafos. Por mim, passando, continuarei a dizer "Olá!" às malvas ... desta vez poupando-lhes os queijinhos e sei que elas de algum modo correspondem.
      Beijinho e ... há que desculpar o atraso da resposta.

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