sábado, 21 de julho de 2012

SAMBUCUS NIGRA (SABUGUEIRO-NEGRO)


No quintal da casa onde nasci havia um velho sabugueiro a que nunca vi qualquer aplicação útil. Tal facto era deveras estranho pois a vida dos pequenos agricultores já era suficientemente difícil com o cultivo de plantas produtivas - para quê um arbusto daquele tamanho que não dava madeira, nem sequer as folhas, flores ou bagas tinham o mais leve uso? Nunca percebi. 

Mais tarde ouvi falar, com espanto, da aplicação dos frutos para dar cor ao vinho... Sei agora que tradicionalmente se faziam ainda infusões das flores nos casos de gripe, amigdalite e bronquite e cataplasmas de folhas novas para tratar abcessos. As flores também foram usadas na conservação de maçãs. No entanto, todas as cautelas são necessárias no uso destas mezinhas. Cascas e  folhas de sabugueiro são causa de intoxicação. Os frutos verdes provocam diarreia.


Nasce espontaneamente nas margens dos rios, nos limites dos campos. Na margem sul do Douro o sabugueiro é cultivado e são aproveitados frutos, flores e folhas quer para chás quer para usos industriais, sendo aliás exportados os seus preparados. Aqui na aldeia, os rapazes, davam uso ás varas de sabugueiro a que retiravam o interior mole e esbranquiçado para fazer apitos e tubos para os canos de pistolas de brincar.
Hoje, atraem-me no sabugueiro as pequenas flores brancas agrupadas em grandes inflorescências corimbiformes de 15 a 25 cm de diâmetro e 4 a 5 raios principais que surgem em Junho. A cor da corola é branca e os estames branco-amarelados. A polinização é feita pelos insectos e pelo vento. Fecundada, o fruto desenvolve-se a partir das paredes do ovário formando uma baga de cor violeta a negra, com 3 sementes. Têm um cheiro intenso e sabor ácido. Os melros têm especial predilecção por estas bagas.

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