segunda-feira, 29 de outubro de 2012

No mar, no mar, no mar, no mar,


(...)
No mar, no mar, no mar, no mar,
Eh! pôr no mar, ao vento, às vagas,
A minha vida!


 
Salgar de espuma arremessada pelos ventos
Meu paladar das grandes viagens.



Fustigar de água chicoteante as carnes da minha aventura,
Repassar de frios oceânicos os ossos da minha existência,
Flagelar, cortar, engelhar de ventos, de espumas, de sóis,
Meu ser ciclônico e atlântico,
Meus nervos postos como enxárcias,
Lira nas mãos dos ventos!

(...)

Extraído da "Ode Marítima" de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Sonho domado
      de Thiago de Mello

      Sei que é preciso sonhar.

      Campo sem orvalho, seca
      A frente de quem não sonha.

      Quem não sonha o azul do vôo
      perde seu poder de pássaro.

      A realidade da relva
      cresce em sonho no sereno
      para não ser relva apenas,
      mas a relva que se sonha.

      Não vinga o sonho da folha
      se não crescer incrustado
      no sonho que se fez árvore.

      Sonhar, mas sem deixar nunca
      que o sol do sonho se arraste
      pelas campinas do vento.

      É sonhar, mas cavalgando
      o sonho e inventando o chão
      para o sonho florescer.

      (Bjinhs)

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