quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma ou outra vez cruzamos com córregos, dizia,


assomando enigmaticamente das entranhas da terra, ainda assim, joviais, acolhedores, quase domesticáveis,


e, no entanto, a aparente inesgotabilidade dos veios, a persistência  com que tecem os seus enigmáticos fios nunca verdadeiramente repetidos, a figurada vertigem com que se precipitam na direcção do grande rio, exprimem a afinidade entre o todo dum mesmo elemento líquido. 


Nos derradeiros metros e, afinal, já sem pressa, espraiam-se  as águas com volúpia pela estreita praia antes da inevitável fusão.


Ali, na margem oposta, um regato de diferente coreografia, amortecido o impacto directo nas rochas, raízes e troncos de árvores,  escapa-se e finalmente alcança o rio. 
  

Divergindo da orientação comum, uma disposição particular do solo orienta o fluxo  doutra ribeira segundo uma linha descendente mas oblíqua relativamente ao sentido geral do declive. O alongamento do percurso, permite-lhe acolher contribuições proporcionadas por outras dobras do terreno. Já próximo do grande rio, surge assim, pomposamente, exibindo um caudal vistoso. 

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