segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Céus de outono



Nesta altura do ano,  arcões do milho, tonéis e pias do azeite bem atestados, recolhidas as palhas e matos, as lenhas postas a abrigo, que viessem dias de chuva ... para maior esplendor das forragens semeadas no pó de Setembro.  


Em sintonia com o ritmo aparente da natureza, não faria mal um abrandamento do trabalho, depois de um verão esforçado, seguido da lufa-lufa das colheitas. Sobraria tempo para, debaixo dos telheiros, limpar varas, canas e vergas destinadas à empa e à cestaria.


O som dos pingos das águas tombadas dos beirais, variando na cadência, era música celestial. Tanto assim que o ampliávamos, recolhendo-as em latões e latas para podermos escutar  à noite a toada, ora dolente ora acelerada. Estava certo! Podíamos entregar-nos ao sonho.

Trás-os-Montes, no Outono.

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