quarta-feira, 22 de julho de 2015

MOLEDROS ou MOLEDOS (STONE CAIRNS)



               Por estas latitudes, como as da foto, o apelo do "Leave no Trace" parece não deixar ninguém indiferente.  Íntimo imperativo ético conservacionista fundado na responsabilidade pelos impactos humanos no ambiente  ou efeito da coercibilidade própria das normas jurídicas? Mas, neste caso,  em espaços tão amplos e afastados de povoados, como garantir o pretendido efeito dissuasor das leis para actos tão discretos como "esquecer" embalagens de cerveja, restos de comida, vestuário, tendas avariadas, entre outras tantas "inocentes" displicências?  E, no entanto, juro, por aqui é difícil ver lixo de qualquer espécie. Para um latino, como este que se apresenta, é, deveras, um espanto!
             Ainda assim, as propostas do movimento para não deixar marcas no ambiente são objecto de normal oposição. Há, sobretudo, quem as conteste por supostamente fundamentalistas.
              Da polémica sobram aqueles montinhos de pedra, nem demarcação de terras, nem sinalética de trilhos,  memória de antepassados ou exercício de cosmologia. Na pureza dos princípios conservacionistas (sete, como na história da Branca de Neve) não se deve alterar a disposição dos elementos naturais.  
              Mais forte é o impulso, tão básico, para exprimir uma emoção maior suscitada pelo confronto com estes horizontes amplos, os cumes altos aparentemente intocados. O material da expressão, cada pedra, permanecerá inteiro, solto e aceitável à escala de Liliput. Não tardará o regresso das neves que o fundirão com o solo. Por mim, nem os acrescentei nem diminuí: cepticismo da idade?. Mas a moldura, incluindo o natural e o edificado, permanece. Acredito que  tão cedo não vai sair da memória.   

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