Ali, na serra da Lousã, mais de metade da floresta foi de pinheiro bravo (pinus pinaster). Na segunda metade do séc. XX, foi alastrando o eucalipto (eucalyptus). Dispersos, contam-se ainda o castanheiro (castanea sativa) e vários quercus, como os sobreiros e carvalhos. Noutras eras, podem ter sido o revestimento natural da serra.
Após os grandes incêndios, a floresta parece recuperar. Ilusão: nada voltou a ser como dantes. Agora, o verde revela-se adocicado em vastos tons de amarelo e sustenta-se à custa de invasivas como a mimosa (acacia dealbata), uma ameaça precocemente florida, conflituante para com o revestimento antigo.
Alastram os campos e aldeias abandonados. Mas é no fundo dos acentuados declives onde correm linhas de água, nos patamares adjacentes e, fora da zona de montanha, nas várzeas, onde ainda se cultiva o milho, feijão ou a batata e pequenos pomares de cerejeiras, figueiras, nogueiras.
Alastram os campos e aldeias abandonados. Mas é no fundo dos acentuados declives onde correm linhas de água, nos patamares adjacentes e, fora da zona de montanha, nas várzeas, onde ainda se cultiva o milho, feijão ou a batata e pequenos pomares de cerejeiras, figueiras, nogueiras.
Perto, mas em zonas já quase inacessíveis, ainda é possível encontrar sugestões do antigo revestimento natural do solo: azevinhos, fetos-reais, medronheiros, sabugueiros, loureiros, salgueiros. Nas dobras menos abruptas do terreno escondem-se ribeiros. Aí, a vegetação rasteira e arbustiva é mais abundante e, por vezes, só a relaxante música aquática provocada pelo encontro das águas com diversos travamentos naturais - calhaus, rochas, troncos, ramos - denuncia a sua jovial presença.
Perto do termo do percurso montanhoso, a ribeira de S. João mostra figura. O machado de guerra, tantas vezes erguido em defesa de um certo entendimento da justa divisão das águas, permanecerá enterrado bem fundo, tão esquecido como a gesta heróica do povo que lutou pela sobrevivência, domesticando a paisagem. Indiferente aos cálculos dos visitantes que displicentemente alvitram projectos turísticos de êxito seguro, cedo irá mudar-se em rio, o Arouce e, um pouco mais adiante, já por entre várzeas cultivadas, encontrará a margem esquerda do rio Ceira, em Foz do Arouce. Mais a jusante, as suas águas mestiçadas, encontram "as doces e claras águas do Mondego", o grande rio inteiramente português e quando passarem por Coimbra - cidade dita do conhecimento - quem haverá para evocar os seus afluentes e subafluentes, quem fará justiça à ribeira de S. João?
A Serra da Lousã é uma beleza. Sorte tenho eu, de não ficar tão longe como isso do sítio onde agora moro. Tem uma diversidade tal, tanto a nível de património natural como de aldeias históricas e que andam a ser devidamente recuperadas. Considero uma pérola do nosso Portugal. Ainda hà 15 dias fui explorar uma ribeira que nasce na Serra da Lousã e que vai desaguar à Ribeira de Pera, em Castanheira de Pera, e é um percurso lindíssimo. Não tem trilhos, é complicado de seguir, mas a beleza das quedas de água da Ribeira de Quelhas é de cortar a respiração.
ResponderEliminarBom fim de semana!