Últimos dias do passado Fevereiro. Céu carregado de nuvens, ameaçando chuva. Sopra uma aragem muito fria. Ainda assim, continuamos - a minha mulher e eu - subindo a encosta desde o vale do Arouce em direcção à Ermida de Nossa Senhora da Piedade. O acesso foi sendo escavado na rocha pelo menos desde os séculos XIII e XIV, época da construção da maior das capelas - a capela de S. João. Ladeiam-no formações de xisto onde às vezes conseguem instalar-se espécies do género Quercus, como o carvalho alvarinho, o carvalho negral e o sobreiro. Mas a minha atenção, pela manifesta exuberância, foca-se em espécies de um mundo de outra escala: musgos, líquenes e algas terrestres.
Vou registando. Até que sou conduzido à vista de um pequeno patamar, apenas acessível até aos bordos. Ali, a novidade é o inesperado da cor quente de uma flor sobre o fundo de incontáveis tonalidades de verde. Por largos momentos esqueço os musgos.
Que planta e que flor! Em pleno inverno, no alto de um monte batido pelos ventos bem frios e, às vezes, também pela neve, instalada sobre a rocha contando apenas com a humidade atmosférica e com a que os musgos conseguem reter.
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Flor e o caule não são tudo. Malgrado os esforços não consegui registar as folhas ao nível da base. Apenas com estes dados, até onde pode avançar o leigo na identificação da planta? À partida, diria, "ranunculus". Mas a flor do "ranunculus" mostra-se de 5 pétalas, o que não é manifestamente o caso. Ranúnculo de 7 pétalas? Não é impossível.
Resta-me o apelo aos possíveis leitores que, por generosidade, queiram dar o seu contributo. Aqui deixo, desde já, o meu muito obrigado.
Olá, Vitor
ResponderEliminarNão haverá alguns ranunculus com mais pétalas?
O Ranunculus nigrescens Freyn parece ter com cinco e com mais…
Espreite o site do blog http://obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.pt/2013/05/ranunculus-nigrescens.html
Jinho
Bom dia, Teresa!
EliminarA sua ajuda é preciosa e, parece-me, aproxima-se mais do alvo do que eu tinha conseguido. E é sobretudo muito amiga. Obrigado. Tenho de confessar, no entanto, que ainda subsistem dúvidas: cor, brilho, forma, número e textura das pétalas; tamanho, secção, curvatura da haste floral. Preciso de voltar a ver a planta e, de preferência, em local acessível. Do meu conhecimento não haverá por aqui qualquer exemplar. Irei continuar a procura quando voltar à Serra da Lousã. . Muito obrigado. Beijinhos, Vítor.
Sugiro que faça uma pesquisa por "ranunculus ollissiponensis". Ou então consulte o site Flora-On onde pode encontrar todo o tipo de ranunculos existentes no nosso país e a sua epoca de floraçao. Tem muitas imagens de fácil identificaçao muito uteis para quem se interessa por estas coisas da natureza!
ResponderEliminarMuito obrigado pela sua sugestão que segui com proveito. Há de facto muitas semelhanças com a variedade que indicou. Mas impressiona-me que o longo caule da planta das fotos que acima publiquei, ao contrário dos que vejo nas imagens das ranunculáceas em geral, seja mais ou menos pendente. Estas aparentam firmeza e são quase sempre erectas. As pétalas também se mostram bem menos consistentes, de forma mais ondulada e de um amarelo menos vivo e muito menos brilhante. As folhas parecem inteiras. Daí não me sentir ainda seguro para uma conclusão sobre a identificação da planta. Tenho finalmente que admitir que pesem embora as semelhanças, não se trate propriamente de uma ranunculácea. Claro que preferimos alcançar certezas e que elas surjam o mais cedo possível. Mas a procura também dá prazer. E muitíssimo mais quando partilhada como é o caso de Carmo Fernandes a quem agradeço muito a atenção da colaboração amiga que prestou. Os meus cumprimentos e volte sempre. Vítor Maia
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