Discretamente, surgem em Maio as primeiras três flores em botão do "lilium".
O aumento da exposição à radiação solar desperta as pigmentações mais quentes: acentuam-se os rosas e o amarelo das nervuras. Esvai-se o verde.
O botão abre: muito lentamente afastam-se as sépalas.
No seu despertar, parecem soltar um longo, longo bocejo... Não há pressa: a adaptação dos tecidos às novas condições requer tempo.
Naquele sector do jardim há um novo foco. Mas não apenas para nós jardineiros de trazer por casa: também os insectos polinizadores, gulosos e de narizes sofisticados, respondem à chamada.
O tamanho dos vários elementos da flor proporciona uma oportunidade de revisão de matéria botânica elementar. Principiantes como eu não a deixam fugir. Daqui saudando os mestres, deixo o breve sumário dos meus apontamentos: idênticas na forma, cor, estrutura e função, mostram-se três pétalas na círculo interior (corola) e três sépalas no anel externo (cálice). A venação paralela em rosa escuro dá-lhes consistência, sinaliza e orienta na direcção do néctar os insectos com visão ultravioleta. Na base das pétalas e em torno das glândulas secretoras do precioso líquido açucarado, erguem-se uns curiosos lançamentos tubulares diversificando as escolhas dos visitantes.
A olho nu são visíveis ao pormenor os estames (6), elementos masculinos que rodeiam o carpelo e particularmente as anteras, em castanho, produtoras de pólen, suportadas pelos filetes em verde amarelado. Na base do carpelo fica o ovário, invisível na foto, onde são produzidas as sementes e, no topo, o estigma (trilobado como melhor se vê na 4ª foto) que recebe o pólen das anteras. Liga-os o estilete.
Nota: atendendo às circunstâncias de crise generalizada espero a benevolência dos examinadores e, se não for demasiado, o dez da ordem... ou, - vá lá - o nove mais. Não sejam forretas!
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