Há um mês o leito de qualquer das regueiras apresentava-se completamente enxuto
e as árvores ainda frondosas coavam a luz do sol e lançavam sombra nos solos endurecidos.
Na vala não corria a água do Nascente. A meio das vindimas, porém, o tempo começou a mudar. Com calendários rígidos antecipadamente fixados pelas empresas compradoras de uvas, crescia a angústia entre os viticultores. Até um certo limite a chuva favorece a colheita: os cachos aumentam de volume e de peso. Ultrapassado, e efectivando-se o risco de quebra da fina película dos bagos, pode seguir-se o apodrecimento. Adeus sanidade.
Mas, ao menos desta vez, o desfecho foi feliz.
A alternância no ano entre seca e presença da água são arcos da mesma circunferência temporal e ambiental, só aparentemente em oposição e tão naturais um como o outro. O arco da seca abrange, mesmo que por vezes já em nítida transição de fase, o ápice frenético e derradeiro das colheitas. Os frios, as noites longas, os dias nublados e a chuva trazem repouso que dele carecem adegas, celeiros, solos. E pessoas! Nos anos de boas colheitas e de melhor saúde, arcas cheias e tonéis atestados, haveria distensão maior que quando nos deixávamos embalar ouvindo a chuva caída dos beirais e repercutida sobre um pote velho?
Fotos da passada semana.
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