Os solos da Várzea estão ainda ensopados das chuvas. Incultos na quase totalidade, apesar de solos de primeiríssima ordem com provas dadas ao longo de séculos e que mantém um potencial elevado de produtividade, neles, a cega natureza a pouco e pouco vai retomando os seus direitos.
Foram solos disputados pela rara fecundidade que oferecem a quem os trabalha e daí por acção das partilhas de heranças fragmentados em ínfimas parcelas agora atravessadas por larga estrada e passeios do que resultaram aleatórias divisões de facto, áreas e figuras geométricas verdadeiramente insólitas, acessos confusos.
Por algum tempo alguns dos proprietários ainda sonharam com uma iniciativa dos poderes públicos de tal modo que os prédios fossem transformados de agrícolas em prédios com aptidão urbana, quem sabe, até já servidos das indispensáveis infraestruturas e tanto quanto possível sem custos de loteamento ou com custos apenas simbólicos. Foi tempo. Hoje a teia da lei é cada vez mais fina e as penalidades pelas infracções são temidas até pelos executivos autárquicos.
Herbáceas não semeadas, disputam agora estes solos húmidos. Dentro de semanas, quase todas terão florido. Antecipam-se as ficárias (as raízes comportam tubérculos com a forma de pequenos figos, daí a designação de ficária) plantas vivazes que surgem em colónias em largos tapetes, da família ranunculaceae, que se deliciam com os pés molhados.
São plantas de caule rasteiro. Espessas folhas em forma de coração revertido, espessas, dispostas alternadamente, exibem-se em verde brilhante. As flores, muito vistosas, são solitárias em forma de estrela de cor amarelo-dourado e no declínio viram brancas. Contei onze longas pétalas na base das quais e no centro da flor se situa o giniceu, com um tentador depósito de néctar. Fecham com o tempo encoberto. São vários os estames, voltados para dentro. As sépalas são menos, apenas três. Os pedúnculos longos. Frutos agregados na terceira foto. Aqui e ali vêem-se (alguns grandes) insectos de volta das flores.
Multiplicam-se através dos tubérculos e dos bolbilhos situados na axila das folhas.
Finda a primavera, o solo argilo-calcário da Várzea irá progressivamente endurecendo até ficar como rocha no alto verão. As águas ter-se-ão sumido da superfície. E da ficária subsistirão as raízes. Outras ervas povoarão estes solos ingloriamente abandonados.
Fotos do fim da manhã de ontem na Várzea, limite da aldeia.
Boa tarde como eu faço pra obter mudas de celidonia rununculus ficaria Meu nome é Vanderley email kassubenka@gmail.com agradeço se puder me ajudar
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