No tempo da minha meninice e no pequeno jardim dos meus avós e, depois, dos pais, era já uma planta de cultura obrigatória usada em dias festivos do calendário católico, na decoração das ruas, do adro da igreja, da cruz em Domingo de Ramos e que se guardava em local destacado para queimar no tempo das provações e para tornar a casa perfumada.
Hoje em dia é mais prosaicamente utilizado em culinária. A um nível muito mais sofisticado é usado em aromaterapia, fitoterapia, balneoterapia e, claro, na cosmética.
Originária da região mediterrânica e da família das lamiáceas (labiadas) a planta, mais pequena que o comum dos arbustos, dispõe os ramos com tendência para prostrados até perto do solo. Dá-se bem em solos de origem calcária, secos. No "monte" as flores do alecrinzeiro espontâneo são bem mais pequenas do que as cultivadas mas mais perfumadas. Já foi comum nos matos aqui em volta mas, hoje em dia, é mais fácil encontrá-lo cultivado em jardins e hortas.
As flores são de pedicelos muito curtos, pequenas, em cor azul-pálido, ás vezes também em violeta. São muito aromáticas. Dispõem-se ao longo dos caules nas axilas das folhas, formando espiguilhas não ramificadas e indeterminadas ou seja, exibem simultâneamente flores totalmente abertas, outras em botão e frutos (aquénios). Parecem florirem continuamente, mas o auge situa-se entre janeiro e maio. As abelhas visitam regularmente estas flores.
Corola bi-labiada. O lábio superior é inteiro com dois lóbulos erectos ou curvados para fora e o inferior tri-lobado: dois lóbulos laterais erectos e um central, maior, côncavo, recurvado.
Na foto, de baixo para cima: 1. do lábio inferior - lóbulo médio, enorme em relação aos laterais que se lhe seguem; 2. do lábio superior - na vertical, dois lóbulos erectos por detrás dos dois estames encurvados em forma de bengala.
No canto superior direito podem distinguir-se bem os dois estames (órgão masculino) salientes e encurvados, encostados aos dois lóbulos erectos do lábio superior.
As folhas são lineares, coriáceas, de 1 a 2 mm de espessura e cerca de 2 cm de comprimento, persistentes, bordos enrolados, sem pecíolo (inserção directa no caule). Cor verde-escura na página superior e com penugem esbranquiçada na inferior circundada por uma finíssima linha verde.
As hastes são lenhosas.
Os frutos são aquénios de consistência mole.
Prende muito bem por estaca semilenhificada, de cerca de 20 cm de comprimento com um nó e em qualquer altura do ano (preferívelmente em junho/julho) e é de crescimento rápido (até 1,80 m). Ainda não tem?
Fotos deste janeiro, no jardim.
Que título mais bonito e poético!
ResponderEliminarbjinhos!
Rosmaninho em latim, "ros marinus" em que "ros" significa orvalho. Como o arbusto surgia junto ás costas do mediterrânio, visto do mar parecia orvalho i.e. orvalho marinho. De facto, o alecrim terá vindo do mar (melhor, veio pelo mar) trazido pelos nossos avós primevos. Deu-se bem por cá...e ficou "alecrim do monte, sem ser semeado". Pelos vistos os nossos avós não eram só guerreiros em busca de uma pátria ou mátria. Também seriam poetas, quem sabe?
EliminarBjinhos grandes!