Lavrei a terra do quintal, primeiro passo na preparação das culturas do ano. As máquinas são hoje imprescindíveis na agricultura, como é sabido. Porém, têm também os seus inconvenientes. Por exemplo quando usadas na proximidade das árvores. As oliveiras têm vindo a definhar e a morrer porque todos os anos os tractoristas, inadvertidamente, lhes arrancam raízes. E o pomar também sofre aqui ou ali. Há dois anos sofreu o castanheiro o seu golpe no tronco (uma marcha-atrás mal calculada!), este ano a figueira.
Nem sempre os estragos são visíveis à superfície do solo. Pedaços de raízes levantadas este ano tinham sido cortados em anos anteriores. Estiveram enterrados este tempo todo apodrecendo lentamente. Costumo juntar esses restos junto aos troncos para secarem, com vista ao uso que depois lhes dou na lareira. Ás vezes passam lá o ano inteiro, ao sol e á chuva, ao vento e...á terra!
Crescem as ervas em volta dessas raízes mortas. O ambiente é agora muito húmido. Aproximamo-nos e olhamos mais de perto. A secção das raízes ali amontoadas não é superior, em média, a uns dois centímetros. Há ali vida. E não há espaço, por mais ínfimo que seja, que não esteja ocupado. Diria até, sobre lotado! A imagem de cima é já ampliada. A olho nu são pontinhos negros, cinzentos, brancos, vermelhos. Notamos em alguns deles o movimento.
Repugnante?
Apenas vida. Neste caso a vida visível (no limiar do invisível) a olho nu. Seres microscópicos no mesmo pedaço de raiz em apodrecimento serão certamente muitíssimos mais. Todos interagem entre si e com o meio ambiente. Aqui um agroecossistema em equilíbrio (instável por definição). Onde também cabemos nós.
Fotos de fins de dezembro, no quintal.
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