Entretanto,
Após um longo sossego, após um longo silêncio monótono,
Após todos os ruídos quotidianos,
Após esforços vãos por atravessar mares de despeito,
E pontas de cigarros esquecidas no líquido negro das chávenas,
E desejos mortos à força de protestos e evasivas
Que os gestos supérfluos apagam num instante de raiva surda,
Uma longa inspiração saudável e animosa,
Como a de um náufrago que as ondas arrojaram à praia
E acordou no Paraíso.
Meu Deus, meu Deus!, a quanto mais
Estarei eu obrigado, se,
Vagabundo,
No mundo inumerável das estrelas
Procuro a tua estrela sem a encontrar.
De um lado gritam: Senhor!
Gemem, suplicam, gritam...
Do outro explicam, explicam o teu Nome.
De um lado a desordem. Oh!, por vezes
Se sente ali bater as asas da pureza.
Do outro a justiça, tão cheia de certeza...
Senhor!
Oh!, vamos rezar pela certeza,
Até que o amor de Jesus a purifique.
Oh!, vamos rezar
Por aqueles que, uma vez filhos de Deus,
Só a seu Pai visível reconhecem.
Senhor!, com o vosso amor já não distingo ...
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Senhor!
Senhor!, a Ti é dada a escolha,
E que os meus sorrisos, e as minhas lágrimas,
Indiquem os caminhos,
Onde eu e eles nos encontramos,
Encantados,
E perdidos...
Ruy Cinatti, Obra Poética, Nós não somos deste mundo, Entretanto, INCM, Lx. 1992, pgs 57-58.
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