Um curso de água intermitente, quase apagado no estio e grosso das chuvas outonais e da invernia, oxigenado pelo efeito dos desníveis do leito, corre à sombra das árvores e arbustos que o ladeiam, numa atmosfera saturada de humidade, com temperaturas mitigadas de verão e de inverno, criando um micro-clima muito adequado à população ribeirinha.
Desperta-nos a curiosidade a vegetação parcialmente imersa. Vemos os conhecidos ranúnculos e os temíveis jacintos aquáticos e a lentilha. E deparamos com uma novidade florida: o espargo-do-Cabo, originário da África do Sul.
As folhas estreitas, em forma de lança ou elípticas, parcialmente mosqueadas, dançam em suaves movimentos ondulados embaladas pela corrente. Estão ligadas ao caule por um pecíolo muito longo.
As inflorescências em rácemos, brancas com anteras em lilás, saem bifurcadas de um espigão erecto, mantêm-se à superfície da água e espalham um delicado perfume que atrai as abelhas.
A flor carece dos habituais cálice e corola. A família das aponogetoneaceae é, afinal, uma das mais primitivas do campo botânico.
Fotos do início de dezembro de 2012, nas cercanias de Sintra.
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