Ainda na mesma pequena área húmida a que me venho referindo e que revisitei estes dias, encontrei esta semana as conhecidas cabeças da foto com dúzias de flores brancas ou com um toque rosa esbatido, organizadas em capítulos. A corola apresenta-se com cinco pétalas: a pétala maior, estandarte livre, por cima, duas carenas (que são as mais internas) e duas quilhas. Estas vêm-se mais nitidamente na terceira foto na base da pétala em rosa mais carregado.
É uma herbácea rasteira, vivaz (vive por dois ou mais anos se tiver boas condições de humidade permanente) da família fabaceae (leguminosas), que habita regiões temperadas, sendo muito comum também aqui na aldeia.
As folhas são alternas, trifoliadas (três folíolos e ás vezes quatro ou mais que tanto intrigam coleccionadores de ilusões) com aquele semicírculo em branco esbatido que lhe dá graça.
Por baixo da flor vê-se, um tanto desfocado, o longo pecíolo parecido com um caule. Na base da inflorescência vêm-se flores gradualmente mais acastanhadas que aí permanecem por muito tempo, mesmo depois de secas.
Na foto, o caule aéreo e estolonífero do trevo branco. Cresce rente ao solo e estende-se através de vigorosos estolões que formam raízes nos nós encontrando água ou solo suficientemente húmido. A permanência do trevo depende da produção de sementes e ainda da quantidade e qualidade de estolões que cada planta for capaz de produzir continuamente e que mesmo secando o caule principal podem originar plantas autónomas..
Tal como nas outras leguminosas é extremamente importante a simbiose que a nível da raiz alia a planta com bactérias do género Rhizobium (rizóbios) e similares que habitam essas raízes e fixam biologicamente o abundante nitrogénio da atmosfera (porém, inexistente em qualquer rocha), proporcionando o fornecimento de compostos nitrogenados (v.g. amoníaco), vitais para a planta e obtêm desta produtos por si elaborados. Se a simbiose for completa e perfeita, a planta poderá até prescindir do nitrogénio (N) do solo.
O trevo branco pode ser semeado conjuntamente com a aveia. É muito útil como cobertura vegetal do solo e tem a capacidade de ressemear naturalmente. A incorporação dessas plantas no solo na fase da floração (altura de maior concentração do azoto) permitirá o enriquecimento natural dos solos reduzindo os custos da adubação com N.
Esta semana, para os mesmos fins, semeei tremocilha e alguma aveia. No dia seguinte já terão beneficiado com algumas chuvas. Darei notícias da sementeira.
Fotos desta semana, em estreita zona húmida perto do canal principal da ria, em Aveiro.
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