É bom conhecermos as plantas que nascem no espaço cultivado. Emocionamo-nos não raro com a beleza de uma folha, flor ou fruto. Mas é preciso ir mais longe como no final se verá. Neste caso o esforço pela identificação de uma planta durou um ano: o tempo de uma nova rebentação. A fotografia acima é do ano passado. A planta não se desenvolveu para além da flor. Semente trazida por algum pássaro? De que espécie se trataria? Procurei a partir da flor em livros e na internet. Pela folha também não cheguei a qualquer conclusão. Juraria nunca a ter visto antes.
Este ano a planta ressurgiu no quintal. Não deixa de ser muito bela.
No verão passado, vi a mesma inflorescência em campos abandonados, mais avançada, a tomar esta cor avermelhada púrpura enquanto outras permaneciam brancas.
Tive um palpite, depois uma certeza. Então não era a velha erva tintureira do quintal da casa onde nasci e que tanta curiosidade me despertara na meninice? Na nossa imaginação de crianças seria uma fonte de tinta barata a obter pelo esmagamento das bagas maduras. Quantas possibilidades?
Sim. O que é curioso é que a minha atenção de criança não se tenha fixado nas iniciais formas e cores da flor. O registo da planta na minha memória estava efectivamente associado às sonhadas possibilidades da tinta púrpura oferecidas pelas bagas pretas e não à flor branca.
Há contudo a dizer que esta planta é altamente tóxica para animais e humanos. Não é, assim, desejável em nenhum jardim ou horta. Sempre poderemos admirá-la nos campos em pousio...
Nasceu aqui no meu jardim. Acheo tão linda...mas terei que tirar por causa dos bichos
ResponderEliminarNome Científico Phytolacca americana L.
ResponderEliminarSinónimos Phytolacca decandra L.
Família PHYTOLACCACEAE
Nome Comum Fitolaca, Baga-moira, Erva-dos-cachos-da-índia, Erva-dos-cancros, Erva-tintureira, Tintureira, Uva-da-américa, Uva-dos-tintureiros
Partes Estudadas Raízes.
Bioactividade Anti-inflamatória, Antiviral, Insecticida
Etnofarmacologia Como anti-reumática, depurativa, anti-catarral e antiviral. Em laringites, adenites, infecções da pele (acne), mastites.
Descrição Botânica Subarbusto perene com caule grosso, suculento, de 1-2 m de altura (só lenhoso na base), ramoso; flores com 10 estames dispostas em cacho, hermafroditas; bagas negro-purpúreas; segmentos do perianto branco, verde ou tingidos de púrpura; folhas 8-20x3-6 cm, ovado-lanceoladas, alternas, com pecíolo curto, alongadas no fruto; fruto maduro de cor preta-púrpura.
Toxicidade Desconhecida
Abundância Comum
Distribuição Geográfica Madeira (introduzida e naturalizada na costa norte desde o Porto Moniz até ao Seixal, e Porto da Cruz). Naturalizada na região mediterrânica. Encontra-se em terrenos incultos arborizados e húmidos.
Origem América do Norte.
Compostos Químicos
CAS Nome
55-73-2 Betanidina
7659-95-2 Betanina
Referências Bibliográficas
Artigo DOI
J. R. Press, M. J. Short; 1994; FLORA OF MADEIRA, THE NATURAL HISTORY MUSEUM; London: HMSO; 0-11-310017-5.
Paolo Maria Guarrera. 1999. Traditional antihelmintic, antiparasitic and repellent uses of plants in Central Italy. Journal of Ethnopharmacology 68 (1999) 183–192. S0378-8741(99)00089-6
A. Proença da Cunha, Alda Pereira da Silva, Odete Rodrigues Roque; 25 Outubro 2002; PLANTAS e PRODUTOS VEGETAIS em FITOTERAPIA; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
https://pfaf.org/user/Plant.aspx?LatinName=Phytolacca+americana
ResponderEliminarNasceu no meio do meu quintal meu cachorro ótima nela😊
ResponderEliminarTenho em minha mente uma recordação de uma planta semelhante a essa que em certa ocasião de minha infância no interior da Bahia, uma senhora preparou um refogado e disse que era caruru. Me recordo que o sabor era exótico. Nunca havia comido algo tão bom antes... não sei se foi o tempero que ajudou.
ResponderEliminarHoje em dia, conheço o caruru e o mesmo não tem nada haver com aquela planta gostosa que aquela senhora preparou naquele dia.
De uma coisa eu tenho certeza: Se era essa "erva tintureira", pois eu guardei bem na lembrança toda a imagem daquela planta e a vejo perfeitamente nessa erva tintureira hoje, quando a comemos não nós fez mal algum. Provavelmente deve ter sido uma espécie muito semelhante a erva tintureira ou a quantidade que comemos não foi suficiente para haver toxidade.
Fico me perguntando: Caso fosse essa planta tóxica, não foi a primeira vez que aquela senhora preparou esse prato, e quem ensinou a ela que aquela planta era comestível? Mas, enfim, estou são e salvo.
Olha , tem pra vender neste site que chama a planta fitolaca pelo nome de caruru; https://www.chaecia.com.br/fitolaca-phytolacca-decandra-l/p
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