Nos tempos da infância e juventude, o jardim da casa situava-se na frente entre a fachada principal e a via pública. Tinha uma área muito superior à actual que foi sacrificada a favor do alargamento da estrada. Três imponentes palmeiras lhe assentavam, duas muito altas e esguias, ladeando a porta da entrada e tão altas que em muito passavam o cume do telhado do primeiro andar. Finalmente havia uma terceira, baixa e larga sempre carregada de cachos de tâmaras que tal como as demais abrigavam um número sem conta de pássaros. O tal alargamento da estrada e o restauro de há cinquenta anos, determinaram a eliminação daquelas árvores. Creio que também poderá ter pesado a circunstância de a sua natureza não oferecer frutos comestíveis na dieta humana porque lhes sobreviveram as contemporâneas romanzeira, dióspireiro e nespereira.
Mas no sítio da palmeira baixa foi plantada uma ameixeira (aqui tb dita ameixoeira). Nunca lhe conhecemos doenças ou pragas. Os frutos primeiro brancos depois amarelados carregavam os ramos dobrando-os sem partir até ao inimaginável. No quintal de outra casa onde nasci (de terra argilosa) abrigado em toda a volta por altos e fortes muros e paredes, ameixeiras e toda a espécie de outras fruteiras ofereciam ano após ano, sem quebra, exuberantes produções. A saúde destas fruteiras nem era de admirar tão normal e corrente que era.
Umas e outras não conheceram "sulfatos" ou adubos químicos. Eram variedades perfeitamente adaptadas a estes solos e clima, testadas e seleccionadas por gerações de proprietários que não brincavam em serviço!
Pois, tenho de confessar com mágoa que hoje em dia parece que se perderam essas variedades. Depois que "se passou a comer da loja" recorrendo-se a grandes superfícies que oferecem para venda exemplares produzidos em série, às vezes até baratos, tudo devidamente certificado, higienizado, embalado e não raro importado, com fotografia colorida e instruções para a plantação, as árvores parecem atrair toda a sorte de pragas e doenças.
Tudo tenho tentado para salvar uma ameixeira, dessas post-modernas, que plantei há poucos anos e logo atingida sem remédio por várias doenças.
Claro que não é a que figura na imagem acima. Aqueles frutos agora em processo acelerado de maturação são de uma ameixeira nascida espontâneamente a uns escassos cinco metros da tal enfermiça. Por isso os frutos não apresentam aquele calibre mínimo o que as impede de figurarem brilhantes em qualquer super-mercado. Que importa? Estes estão lá, abundantes e saudáveis!
Já não me lembrava de as palmeiras serem as anfitriãs da casa! Quanto às ameixoeiras, na qualidade de dona de 3 vasos de "verdes" (resistentes à falta de água, mimos da dona e ao calor ribatejano!) recomendo vivamente uma releitura da Horta do Tomé! ;)
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