terça-feira, 17 de setembro de 2013

O trabalho como justiça


(...)
A ti boas coisas falarei, ó Perses, grande tolo!
Adquirir a miséria, mesmo que seja em abundância 
é fácil. Plana é a rota e perto ela reside.
Mas diante da excelência, suor puseram os deuses
imortais, longa e íngreme é a via até ela, 
áspera de início, mas depois que atinges o topo
fácil deste então é, embora difícil seja. 


Homem excelente é quem por si mesmo tudo pensa
reflectindo o que então e até ao fim seja melhor;
e é bom também quem ao bom conselheiro obedece;
mas quem não pensa por si nem ouve o outro
é atingido no ânimo; este, pois, é homem inútil.
Mas tu, lembrando sempre do nosso conselho,
trabalha ó Perses, divina prole, para que a fome
te deteste e te queira a bem coroada e veneranda
Deméter, enchendo-te de alimentos o celeiro;
pois a fome é sempre do ocioso companheira;


deuses e homens se irritam com quem ocioso
vive; na índole se parece aos zangões sem dardo,
que o esforço das abelhas, ociosamente destroem,
comendo-o; que te seja caro prudentes obras ordenar
para que os teus celeiros se encham do sustento sazonal.
Por trabalhos os homens são ricos em rebanhos e recursos 
e, trabalhando, muito mais caros serão aos imortais.
O trabalho, desonra nenhuma, o ócio desonra é.
(...)

Leitura de  "Os trabalhos e os dias", Hesíodo, tradução de Mary de Camargo Neves Lafer, São Paulo, Brasil, 1996, na semana em que prossigo, sem ajuda, com o trabalho (es)forçado, mas justo, do segundo corte e remoção do capim na proximidade das casas vizinhas.

Fotos de outras paragens na primeira semana de setembro.


2 comentários:

  1. Estes "gigantes", embora de herbáceas apenas se trate, não são menos reais que as duras pedras dos Cabeços (ou que o velho moinho do Freixial. Ofensiva ou de resistência, de combate apenas se trata. Não me é dado escolher. Há que honrar a condição!
    Beijinhos e ... coragem, trabalhadora!

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