sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PLANTAS EM VELHOS MUROS (1)


Não é fácil a vida dependurada num muro de pedras secas. No entanto, a menor fenda é disputada por vegetais e animais. Não se trata propriamente de saber quem chega primeiro. A viabilidade de uma instalação vegetal em condições tão limitadas dependerá da natureza do meio.


A rocha dominante na região determina a escolha dos materiais usados: calcários, granitos, xistos, basaltos, grés, ou outros. Uns mais solúveis como o calcário, outros menos como o basalto ou o granito, com composições químicas diferenciadas darão meios mais alcalinos, neutros ou ácidos. As variações das amplitudes térmicas nos muros, qualquer que seja o material usado, são também muito significativas. Por regra, o ambiente dos muros é demasiado seco, especialmente no verão.

Iremos apresentar algumas fotos tiradas em Junho, na margem esquerda do rio Zêzere, de muros de calhau rolado e xisto, muito compactos, com a sua vegetação tão especial habitando a mais pequena das fendas. Às pequenas fissuras iniciais seguir-se-ão, com o tempo, outras mais francas em resultado das inevitáveis contracções e dilatações. Os povoamentos mais elementares abrirão caminho a vegetação mais complexa mas, ainda assim, limitada a poucas espécies.


Embora o tema principal seja o mundo vegetal num particular ambiente, não ficamos insensíveis à beleza das construções que o sustenta. Os materiais usados (aqui o calhau ou seixo rolado) remetem-nos para a época dos glaciares e acção natural do gelo, sem pressas mas de alta energia, em ambiente fluvial. As técnicas ancestrais de construção não nos distrairão da expressão estética  também presente.  Hortas e jardins, trabalho e lazer, não andam longe destes muros.

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