sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OSSOS DO OFFICIO

Ossos do officio

Uma vez uma besta do thesouro,
      Uma besta fiscal,
Ia de volta para a capital,
Carregada de cobre, prata e ouro;
      E no caminho
Encontra-se com outra carregada
      De cevada,
      Que ia para o moinho.


      Passa-lhe logo adeante
                        Largo espaço,
      Colleando arrogante
                      E a cada passo
      Repicando a choquilha
      Que se ouvia distante.


      Mas salta uma quadrilha
                          De ladrões,
                          Como leões,
                 E qual mais presto
     Se lhe agarra ao cabresto.


Ella reguinga, dá uma sacada
                     Já cuidando
           Que desfazia o bando;
                        Mas, coitada!
            Foi tanta a bordoada,
            Ah! que exclamava emfim  
            A besta official:
            - Nunca imaginei tal!
                      Tratada assim
            Uma besta real! ...
Mas aquela que vinha atraz de mim,
          Porque a não trataes mal?


"Minha amiga, cá vou no meu socego.
          Tu tens um bello emprego!
Tu sustentas-te a fava, e eu a troços!
Tu lá serves el-rei, e eu um moleiro!
Eu acarreto grão, e tu dinheiro!
Ossos do officio, que o não ha sem ossos.



Ossos do Officio por João de Deus, Campo de Flores.

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