domingo, 12 de fevereiro de 2012

GEADA, nas culturas


Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...


Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…



E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...



Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...


E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração.





Balada da Neve, (cont. da edição anterior), Luar de Janeiro, Augusto Gil.

Fotos de folhas de faveira, alho, ervilheira e couve, tiradas em 10 de fevereiro de 2012, pelas 10,00 horas, no quintal.

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