Nos anos cinquenta do século passado, mais ou menos por esta altura, findas as vindimas e os trabalhos mais urgentes da adega, partia-se para as matas de pinheiros para rapar os matos de tojo e urze. Faziam-se altas carradas puxadas pelos bois.
Enquanto os adultos homens e mulheres trabalhavam, eles nos trabalhos mais duros de enxada na mão e estas com ancinhos recolhendo em separado a caruma (agulhas de pinheiro) as pinhas, os gravetos e ramos secos, as crianças brincavam, procurando as pinhas dos pinheiros mansos. A urze, planta perene, com os seus cachos de flores, é-me familiar desde essa altura.
Por indicação da mãe, também procurávamos as flores de marcela, ou macela, (anthemis nobilis ?) de perfume intenso, amarelas ou a tender já para a cor acastanhada, com que se faziam os estimulantes chás para acalmar o estômago. Também havia quem preferisse mastigar vagarosamente uma ou duas flores, para obter o mesmo efeito.
Estes matos misturados com o estrume dos currais formava as montureiras que ficavam a curtir, a "cozer" como também se dizia, até se transformarem em estrume curtido e pronto a ser espalhado nas hortas, nas demais terras de cultivo e nas vinhas.
A sucessão de incêndios, então raros, não tem tido consequências destrutivas na urze em virtude de a parte subterrânea da planta ficar incólume e sustentar a regeneração da parte aérea. Aliás, ao destruir a concorrência o fogo acaba por ser favorável à proliferação da urze.
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