domingo, 3 de novembro de 2013

CANNA INDICA (CANA, CONTEIRA), flor em amarelo com pintas vermelhas.


As canas estão instaladas junto à face nascente de um muro, dispostas entre este e o relvado. Ao meio dia estão cobertas pela sombra de citrinos. No resto do dia ficam à sombra do muro.  

Ora, a cana é uma planta tropical, originária da América Central e Antilhas. Gosta de plena exposição aos raios solares ou de sombra moderada e de um solo rico em substrato, o que está longe de ser o caso. Ainda assim, vem oferecendo folhagem verde brilhante muito vigorosa que lembra a da bananeira. Mas a sua performance floral não é satisfatória e pode ser muito melhorada.


Desta vez iremos recolher os seus rizomas subterrâneos (até agora permaneciam todo o ano na terra, sem problemas) e na primavera serão instalados num local mais adequado, bem exposto e com o solo melhorado. Esperaremos, então, ainda melhores e mais abundantes destas exóticas e bem complexas flores.

Fotos de 10 de setembro de 2013, no jardim.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

NYPA FRUTICANS (PALMEIRA-NIPA)


Geralmente associamos a palmeira a ambientes secos como os dos desertos do sudoeste asiático ou à savana. Mas há uma que está perfeitamente adaptada aos mangais sendo ela própria considerada mangue. Palmeiras (família arecaceae) sem tronco e de caule horizontal subterrâneo, leve e esponjoso, originárias do sudeste asiático que habitam formações de mangal, um ecossistema próprio de zonas tropicais ou subtropicais pantanosas e estuários e margens de rios, onde formam moitas serradas. Apenas folhas e frutos sobressaem da superfície das águas podendo aquelas elevar-se aos nove metros.


Neste ambiente protegido das marés, há mistura de águas doce e salgada e as árvores adaptáveis tem naturalmente a capacidade de resistir à acção do sal. Raízes e tronco fixam-se no solo lodoso rico em nutrientes provenientes de troncos e raízes semi apodrecidos. É comum verem-se os frutos da palmeira flutuando nas águas da região até conseguirem um espaço onde a germinação seja viável. Uma eventual fase de  seca, ainda que curto espaço de tempo, pode ser-lhe fatal.


As folhas  ainda são usadas na cobertura das habitações. Mas é mais comum o seu emprego na cestaria.


Os mangues, embora limitados a poucas variedades de árvores, são muito ricos ao nível da microflora o que justifica a variedade enorme de vida animal, nomeadamente em aves, peixes, crustáceos e moluscos. Alguns dos crustáceos são arborícolas: sobem e descem as árvores consoante o movimento das marés. O mangal tem um papel relevante na contenção dos efeitos dos tsunamis. Se o nível das águas do mar vier a aumentar significativamente, o mangal estará em risco. A efectivar-se o avanço do mar, recuarão necessariamente as populações que dele fazem modo de vida. O sacrifício será incalculável.

Fotos-gentileza J.M. 2013, canais no delta do rio Mecong. Obrigado.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

PASSIFLORA TARMINIANA (MARACUJÁ-BANANA, CURUBA)


Tarde do último domingo de Outubro com sol magnífico, estranhamente quente para a época. Descemos a calçada empedrada em direcção a Santa-Clara-a-Nova, em Coimbra, atentos ás plantas espontâneas que crescem nos velhos muros ou nas bermas já muito desdentadas.


Inesperadamente, numa trepadeira apoiada em rede de vedação vemos lindas e muito vistosas flores em tons leves de cor-de-rosa solitárias e pendentes, algumas totalmente abertas, outras ainda em botão. Aproximamo-nos. Caules cilíndricos. Folhas, alternas, trilobadas. 

Erguemos a flor e contamos dez pétalas totalmente abertas e perpendiculares ao eixo do tubo floral (primeira foto) ou até reflectidas (como na foto que se segue). Na base notam-se as sépalas em verde-pálido que envolvem uma câmara de maior volume(segunda foto). 

Na direcção das pétalas, segue-se  uma coluna central, longo tubo floral esverdeado que sustenta androceu e gineceu e, no seu termo, o ovário com três estigmas (na primeira foto ver ao centro da corola três cabeças em verde claro e branco) e, em volta, em tons de amarelo as cinco anteras carregadas de pólen. 


O muro que a vigorosa trepadeira acompanha, apoiada por gavinhas, vem de um socalco, seis metros mais abaixo, onde foram implantadas casa, jardim e quintal. Surpreende-me que uma planta dos trópicos sobreviva ao clima desta região. Ao que parece, paredes e muro altos e a exposição (nascente, sul) oferecem-lhe um microclima que garante os mínimos. 


Planta das zonas altas tropicais (Bolívia, Colombia, Hawai, Nova Zelândia, Peru, Venezuela) onde se pode tornar nociva em natureza por ser capaz  de se expandir rapidamente abafando a demais vegetação é, no entanto, cultivada em vista do comércio dos frutos que são comestíveis. Aqui a planta é apenas decorativa.  


Em cima a flor antes de abrir. 
A multiplicação faz-se por sementes.

domingo, 27 de outubro de 2013

DHALIA (DÁLIAS), em flor nos finais de outubro


Dálias em flor no quintal: na primavera brotaram as primeiras folhas.


Desde o início do verão não mais paravam de florir.


Tenho tido o cuidado de retirar as flores velhas.


Mantenho-as livres de infestantes.


E durante a época de Estio não lhes faltei com água.


As recentes chuvas de outono, ainda que por vezes fortes, apenas fizeram curvar as cabeças floridas mas a beleza continua lá, intacta.

As fotos de hoje são posteriores a essas chuvas. Uma festa!

Fotos da passada semana, no quintal.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

HOGNA RADIATA (ARANHA-LOBO-RADIADA)



Na passada quarta-feira, depois de uma madrugada de chuva, surgiu uma manhã de sol. Pareceu-me ser uma boa ocasião para queimar no quintal todos aqueles resíduos de podas e herbáceas invasivas ou com sinais de doença que evitamos levar aos montes de composto.


No final da manhã, após três horas de combustão bem sucedida, estava de regresso. Passando por um dos montes de composto e sobre a tela de cobertura, dei conta da presença de uma grande aranha.


Fui a casa buscar a câmara fotográfica e regressando lá encontrei o bicho exactamente na mesma posição em que o deixara, gozando do calor retido pelo plástico negro. Pude fazer algumas fotos antes de se retirar sem pressa.


Para um leigo, como é o caso, não é nada fácil entrar neste complexo mundo dos aracnídeos. Como habitualmente, consultei o excelente portal Naturdata (in www.naturdata.com/Hogna-radiata-12975.htm) para onde remeto o visitante que, com segurança, queira conhecer  melhores dados. Creio ter bem identificado uma aranha-lobo (família lycosidae). De acordo com aquela fonte, a aranha-lobo alimenta-se de insectos e também de outras aranhas a quem faz emboscadas. Não costuma atacar o homem e o seu veneno não é perigoso. Em todo o caso convém não desafiar o destino pois uma picada deste bicho pode ser muito desagradável. 

Ainda antes de recolher estes dados, por princípio de respeito e por cautela, a deixei livre e ...
agradecido pela oportunidade de se deixar retratar.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

GLADIOLUS CALLIANTHUS OU G. ACIDANTHERA (ACIDANTERA, GLADÍOLO-da-ABISSÍNIA)


Surpreendente esta planta que julgava perdida (por vezes, é necessário esperar até três anos que a primeira floração aconteça). Em setembro surgiram as hastes florais e entrou em floração desde o início de outubro. Planta da família das iridaceae de floração tardia, podendo persistir florindo mesmo após a chegada do frio. 



A acidantera é de porte erecto e de folhas verdes em forma de espada. No entanto é menor em tamanho e menos vistosa que os verdadeiros gladíolos. 


A flor em estrela é suavemente perfumada, mais intensamente à noitinha. Longo cálice tubular, como se vê na foto (medidos 14 cm). Seis pétalas de cor branca com manchas no interior-centro da corola de cor vermelha acastanhada a púrpura avermelhada, estilete amarelo de ouro. Ovário destacado em cor verde.


Quando todas as folhas estiverem secas e sendo local habitual de muito frio, iremos cortá-las a uns 3 cm acima do solo, escavar e extrair os cormos, (órgãos subterrâneos de armazenamento semelhantes a rizomas) que devem ser guardados destapados, dentro de casa, em local arejado, sombrio e seco até à primavera. Depois de enxutos haverá que descascar as peles secas. Não esquecer de colocar etiquetas. Replantar em abril ou maio (incluindo os cormos laterais a obter por divisão do cormo mãe) em terra leve, a dez centímetros de profundidade, para que as suas gemas produzam novas raízes e rebentos que se alimentarão dos tecidos de reserva. 


Em locais mais temperados não se justifica a remoção: a terra será suficiente para resguardar a parte subterrânea da planta. Neste caso, far-se-à a divisão dos cormos na primavera.

Atenção às regas e à adubação com adubo líquido, de quinze em quinze dias.

Já há muitas variedades de bolbos (e cormos) à venda, quer a granel quer já embalados. Porque não as acidanteras? Às vezes até conseguem florir no ano da plantação. Quer tentar?

Fotos de outubro de 2013, no jardim.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

LONICERA PERICLYMENUM (MADRESSILVA), a flor


Após a profusão de temas botânicos que nos oferecem os meses gloriosos de março a setembro e que também nos podem induzir a apenas saltitar a superfície colorida das várias espécies vegetais, eis-nos de regresso àquela época em que uma só flor do jardim ou espontânea dos campos nos podem surpreender pela capacidade de adaptação a condições ambientais tão rigorosas como as do pico do inverno e a que, mais livres das tarefas no quintal e no jardim, podemos dedicar mais tempo.


Assumindo definitivamente o papel de "botânico" de lareira, também me sobra tempo para, com mais vagar, revisitar e rever temas e tentar aprofundá-los. 

Não é preciso ir longe. Mesmo a partir de casa e quase ao alcance da mão, temos a madressilva (família caprifoliaceae) ainda florida. Observemos de novo a flor, agora mais de perto.


Na foto e em plano superior, podemos ver claramente uma flor cuja corola se apresenta dividida em dois lábios ou lóbulos de cor branca. Destes, o superior é mais largo, curvado, voltado para cima e, perto do termo, enrolado para baixo. No limite, é subdividido em quatro lóbulos (recortes) curtos. O lábio inferior, mais estreito, curvado para baixo, é inteiro.


A parte inferior da corola é formada por um tubo profundo também de cor branca que se abre nos referidos dois lábios. O néctar encontra-se a tal profundidade que só os insectos munidos de trompas suficientemente longas o alcançam. O perfume é sobremaneira intenso durante a noite o que faz atrair borboletas nocturnas que recolhem o néctar sobre as cabeças peludas que colocam no pistilo colante de outra flor. 


Partindo do interior da corola, ressaltam estames e estiletes e estigma. Este, no extremo do estilete filiforme de cor branca, mostra a antera, uma pequena cabeça verde-clara.  

Os estames, filamentos que partem do tubo e contêm os sacos polínicos, são em número de cinco e compõem o androceu ou parte masculina da flor. São visíveis os filetes em cor branca e as anteras em tom acastanhado com que rematam.

 Fotos da passada sexta-feira, no jardim.