terça-feira, 31 de julho de 2012

BRUNFELSIA PAUCIFLORA (MANACÁ-DE-CHEIRO, ROMEU-E-JULIETA)


Não foi nada fácil chegar á identificação deste surpreendente arbusto ornamental, originário das matas atlânticas do Brasil onde é conhecido por manacá-de-cheiro e que habita desde há anos no jardim onde atinge cerca de um metro de altura. No seu habitat natural, em ambiente tropical ou subtropical prefere as margens dos ribeiros e os solos húmidos das matas sombrias. É conhecido em língua inglesa por  yesterday-today-tomorrow (ontem-hoje-amanhã) nome composto que exprime as mudanças de cor das flores no decurso de três ou quatro dias. Abrem na cor violácia, passando em breve por azul-lavanda e acabam no branco. As flores são muito perfumadas, sobretudo após o escurecer, duram pouco, mas o arbusto permanece florido por muito tempo, combinando flores nos variados tons. Pertence, afinal, à família das solanáceas que inclui as petúneas e parece estar já adaptada ao ambiente do jardim. Mas, aí por Novembro, já com as folhas caídas e antes das geadas, envolvemos a brunfelsia numa tela especial para a proteger das geadas.

A corola é muito especial. Apresenta cinco lobos indivisos, um tubo curto e o limbo é plano e circular. 

Para multiplicar a brunfelsia recolhemos na primavera ou verão uma estaca semi-lenhosa, jovem e tenra com cerca de dez cm de comprimento, extraída da ponta de um dos novos ramos. Mergulha-se numa solução de pó de enraizamento, á venda no mercado, e planta-se em vaso. Mantém-se a terra humedecida, cobre-se com plástico em local luminoso. Retira-se o plástico quando surgirem os rebentos. Cerca de meio ano depois muda-se para local definitivo. Também se pode multiplicar por alporquia e por divisão de mudas adventícias que se não forem cortadas a tempo acabam formando uma touceira na base do arbusto. Se não pegar à primeira, não desista! Há que insistir.
Atenção: a brunfelsia contém alcaloides venenosos, especialmente os frutos que são pequenas cápsulas.
Fotos de 13 de Maio de 2012, no jardim.

domingo, 29 de julho de 2012

GOMPHRENA GLOBOSA (PERPÉTUA-ROXA, AMARANTO-GLOBOSO, GONFRENA)


As perpétuas apresentam inflorescências de cor roxa ou rosa-carmim. Fazem boa figura quando participam das cores dos maciços de vivazes. Igualmente valorizadas em jarras de flores secas.

As perpétuas cultivam-se expostas ao sol mas exigem regas abundantes.


Semear em Março em abrigo. Usar terriço para as soltar bem na muda em Maio. Nessa altura podem sustentar-se bem em terra normal, plantadas a intervalos de 20 cm. Podem atingir os 30 cm de altura. As flores abrem entre Julho e Outubro. Lamentavelmente a câmara fotográfica usada não capta o verdadeiro tom da cor desta plantinha e esborrata os detalhes das inflorescências. Dá o que pode, afinal.

Fotos de 27 de Julho de 2012, no jardim.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

HELIANTHUS ANNUUS (GIRASSOL), o lento despertar das flores



Primeiro estágio da floração. Mais próximos dos dedos da mão que seguram a haste, os botões das flores em processo de formação.


As flores ainda cobertas mas já se dirigem no sentido do sol.

Perto, muito perto da exposição completa, as pestanas vão levantando e são novas flores a debutar.

Fotos de Julho de 2012, no jardim.

HELIANTHUS ANNUUS (GIRASSOL), A FLOR vista de perto.


É típico das compositae ou asteraceae (compostas) a organização floral assente sobre um receptáculo arredondado de base plana. No todo assemelha-se a uma única flor. Na realidade trata-se de uma inflorescência em capítulo, em que há flores bem distintas umas das outras. O girassol está compreendido nesta família em que as flores da periferia, bem mais longas com função chamativa, porém estéreis, se distinguem bem das do disco central, tubulares, mais pequenas e menos vistosas.


Nesta foto, o realce vai para o interior do disco com incontáveis flores tubulosas encaixadas umas nas outras e em diferentes estados de desenvolvimento. Cada flor reúne cinco pétalas, fundidas entre si, formando a corola. Por baixo desta está o ovário inferior.



As flores do girassol produzem um fruto seco (aquénio) de 1 a 1,50 cm de comprimento e a que concorrem inúmeros pássaros, sobretudo pardais e pintassilgos. Nesta fase não as largam. E nenhuma das compósitas do jardim está  a salvo. Se não tomarmos providências (embrulhando-as com um saco de plástico) não restará uma única semente de girassol ... ou de zínia ou de cravo túnico...
E porque para nós não há jardim rústico sem girassóis, voltaremos com estas imponentes flores vistas de outras perspectivas.

Fotos de Julho de 2012, no jardim.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DIGITALIS PURPURIA (DEDALEIRA)


Dedaleira selvagem fotografada em 13 de Junho de 2012, nos matos que ladeiam o rio Zêzere, em Janeiro de Cima, Fundão. Estes matos estão na zona inundável das margens do rio onde, mesmo no calor do verão, os solos ácidos e ricos em húmus retêm suficiente humidade para conservarem verdes por muito tempo toda uma variada flora. A dedaleira liberta grandes quantidades de sementes pelo que se mantém facilmente naquele ambiente.


Hoje em dia, o mercado oferece vários híbridos da dedaleira para fins ornamentais nas cores púrpura, vermelho, branco ou amarelo, vivazes ou bianuais. Esta é uma boa altura para lançar as sementes. A dedaleira, como planta de altitude, suporta os frios de inverno. No entanto, só no segundo ano dará flores. É conveniente saber que, embora utilizada pela indústria farmacêutica para aplicações médicas, a dedaleira é altamente venenosa e até o simples contacto com as mãos pode causar irritação da pele. Sobretudo nunca a ingerir! Felizmente é amarga e causa irritação das mucosas da boca e causa diarreia, náuseas e vómitos pelo que na prática acaba por não ser um efectivo perigo para a vida humana e a vida selvagem.  Uma bela envenenadora!

domingo, 22 de julho de 2012

MANDEVILLA SPLENDENS (DIPLADÉNIA)


Uma magnífica trepadeira de folha perene, verde e brilhante, flor afunilada, de cores rosada, vermelha, branca ou amarela, com o centro amarelo e branco, é originária das florestas da América Central e do Sul. Começa cedo a dar abundantes e vistosas flores com pétalas de forma arredondada, que se agrupam em inflorescências de pequenos rácemos. A floração dá-se todo o ano com particular incidência no verão. As flores da dipladénia têm fraca resistência ao desbotamento pelo sol, como se vê nas fotos.   



A folhagem, nada excessiva, torna a dipladénia adequada á cobertura de suportes leves em treliça, obelisco ou arco. A planta gosta de solos férteis, bem drenados, expostos ao sol. Mas tolera mal a geada e a parte aérea morre com temperaturas negativas. Mas na primavera pode reemergir. Por isso há quem prefira o seu cultivo no interior da casa, em potes ou contentores, num local bem iluminado e abrigado, com particular atenção ás regas. Para evitar um crescimento descontrolado devem reduzir-se os caules após a floração. Atenção que toda a planta é tóxica por ingestão, afectando pessoas e animais.  Pode multiplicar-se a partir de estacas com cerca de 20 cm a retirar nos finais do outono, antes das geadas, dos caules semi-lenhosos, já maduros e adormecidos, fazendo-o enraizar e mudando-o progressivamente para vasos mais largos a partir dos primeiros sinais de crescimento e avançando para locais cada vez mais iluminados.
Em Abrantes onde a fotografei nestes dias de Julho, alegra a soleira da porta e parece muito bem adaptada ao local que é uma muito  pequena praça resguardada pelas paredes das casas. Recomenda-se.

sábado, 21 de julho de 2012

SAMBUCUS NIGRA (SABUGUEIRO-NEGRO)


No quintal da casa onde nasci havia um velho sabugueiro a que nunca vi qualquer aplicação útil. Tal facto era deveras estranho pois a vida dos pequenos agricultores já era suficientemente difícil com o cultivo de plantas produtivas - para quê um arbusto daquele tamanho que não dava madeira, nem sequer as folhas, flores ou bagas tinham o mais leve uso? Nunca percebi. 

Mais tarde ouvi falar, com espanto, da aplicação dos frutos para dar cor ao vinho... Sei agora que tradicionalmente se faziam ainda infusões das flores nos casos de gripe, amigdalite e bronquite e cataplasmas de folhas novas para tratar abcessos. As flores também foram usadas na conservação de maçãs. No entanto, todas as cautelas são necessárias no uso destas mezinhas. Cascas e  folhas de sabugueiro são causa de intoxicação. Os frutos verdes provocam diarreia.


Nasce espontaneamente nas margens dos rios, nos limites dos campos. Na margem sul do Douro o sabugueiro é cultivado e são aproveitados frutos, flores e folhas quer para chás quer para usos industriais, sendo aliás exportados os seus preparados. Aqui na aldeia, os rapazes, davam uso ás varas de sabugueiro a que retiravam o interior mole e esbranquiçado para fazer apitos e tubos para os canos de pistolas de brincar.
Hoje, atraem-me no sabugueiro as pequenas flores brancas agrupadas em grandes inflorescências corimbiformes de 15 a 25 cm de diâmetro e 4 a 5 raios principais que surgem em Junho. A cor da corola é branca e os estames branco-amarelados. A polinização é feita pelos insectos e pelo vento. Fecundada, o fruto desenvolve-se a partir das paredes do ovário formando uma baga de cor violeta a negra, com 3 sementes. Têm um cheiro intenso e sabor ácido. Os melros têm especial predilecção por estas bagas.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

BETA (BETERRABA VERMELHA)


Este ano também experimentei semear beterraba vermelha um legume cujo caule e mais especificamente o colo da planta é muito apreciado na maior parte dos países da Europa. Noutros anos já tinha ensaiado a beterraba amarela com sucesso. Já concluíra que a meia sombra lhe convinha. Desta vez quis que as culturas estivessem perto da primeira boca de água à saída do poço e escolhi para a sementeira uma exposição a pleno sol. Semeei em 30 de Abril. Fui regando a crivo até ver aparecerem as plantinhas. Mondei, repiquei, reguei. E estamos colhendo.


A semente só vingara em parte. Não sei ao certo qual o contributo da passarada para esse relativo insucesso. Ainda assim, tivemos um razoável canteiro de lindas beterrabas. Até agora apenas as provámos em saladas sendo certo que a aplicação mais vulgarizada é a da cozedura. Mas não sei até que ponto a cozedura lhe retira a maior parte de vitamina C de que se diz ser muito rica. No próximo ano quero fazer um cultivo da beterraba de mesa bem mais cuidado. Em primeiro lugar terei de separar semente a semente e controlar melhor o intervalo entre sementes que não há-de ser inferior a cinco centímetros. Hei-de cobrir a sementeira com rede ou com túnel baixo. Também quero crer que o sistema de rega mais adequado é o gota-a-gota. A rega de pé arrasta a superfície do solo e põe rapidamente a nu os caules subterrâneos.


Fotos de Julho e Maio de 2012, na horta.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

MELOLONTHA (BESOURO, ESCARAVELHO) e a ÁGUIA

Não, não está morto. Está empenhado em regressar á posição normal. No tempo em que os animais falavam - diz a fábula - a águia não se deixou comover pelas súplicas corteses do besouro que intercedia pela lebre, sua hóspede. Que deixasse em paz a inocente! Mas, sem contemplações, a águia derrubou o besouro que ficou largo tempo de patas para o ar e levou a lebre. 

Por vingança o escaravelho foi ao ninho da águia e furou os ovos. A ave implorou a Júpiter que lhe acudisse. "Guarda os ovos no meu regaço", disse Júpiter. Assim fez. Porém, o escaravelho trepou até ao céu e sacudiu o manto do deus. Os ovos partiram-se, claro está. Que fazer? Então o deus decidiu que nos meses em que houvesse escaravelhos a águia não poria ovos. E pronto! O deus decidiu, está decidido. E a contento de todos. De todos? Esperem lá. Não havia uma terceira criatura na fábula?!!!
"... de tout temps
Les petits ont pâti des sottises des grands!"
sábia e original proposição de M. Jean de La Fontaine, o narrador da fábula, cuja moral foi motor da revolução francesa. Algumas Constituições depois, as águias, continuando surdas a apelos de insectos voadores de não importa que tamanho e já esquecidas do favor de Júpiter,  procuram a todo o custo manter a tradição culinária. O besouro deixou-se daquela fraqueza compassiva e concentra-se na alimentação roendo desenfreadamente folhas, caules e raízes competindo com lebres e coelhos para desespero dos horticultores/jardineiros e contentamento de ambientalistas. De tão nobres alimárias, quem diria...

Fotos de 2 de Julho de 2012, no quintal.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

CROCOSMIA CROCOSMIIFLORA, (MONTBRETIA, TRITÓNIA, ESTRELA-DE-FOGO)


Do cruzamento de duas plantas sul-africanas pouco vistosas, um horticultor francês conseguiu obter há pouco mais de cem anos este notável híbrido que, entretanto se espalhou pelo mundo. É uma bulbosa muito interessante que combina bem com fúcsias (brincos-de-princesa). As flores tubulares são geralmente de cor  laranja avermelhada e brilhante que aqui abrem em Março. Noutras regiões e conforme os solos, abrem no verão e até no outono. É rica em néctar. Por isso atrai insectos que aproveitam para igualmente darem caça aos pulgões doutras plantas e certos pássaros como o beija-flor. Prefere alguma sombra e muita água no período de crescimento, mas sobrevive razoavelmente à seca. Coloniza bem mas tanto que chega a ser temida como invasiva. Tem preferência por solos organicamente ricos como é o caso no da foto.


A folha da montbretia é parecida com a dos lírios ou com a dos gladíolos mas é mais estreita. Depois do termo da floração devem deixar-se as folhas que continuando a captar a luz solar aumentarão as reservas de energia que de outro modo lhe faltariam para os meses seguintes. Elas acabarão por amarelecer e enrolar. Nessa altura devem ser retiradas. Ainda passarão alguns meses até à renovação vegetativa. Multiplicam-se por divisão dos bolbos. As fotos foram obtidas no final de Março de 2012, nas margens de um lago a umas escassas centenas de metros do jardim, onde a sombra é demasiada o que não favorece estas plantas. O solo é argilo-calcário porém, inclinado.

terça-feira, 17 de julho de 2012

JARRA EM TONS DE AZUL


Jarra de vidro de forma oval em tons de azul, ora claro ora escuro,  as suas linhas recortam o sombreado da madeira em que assenta e a envolve. Harmoniosamente lhe pousam  as flores das câmpanulas de cor lilás. O interior é iluminado a partir de fora. Paradoxalmente o exterior, donde vem a luz, apresenta-se velado e menos nítido que o interior (efeito tão só da rede de malha fina em tom escuro que o defende da impertinência dos insectos). No entanto, a força do vermelho, dissimulada é certo, está presente no lilás das flores e quebra a aparente frieza do azul. E sublinha, até pelo contraste com a luz velada do exterior, o verdadeiro foco da composição. Frágil e intimista no modo, manifesta a vida recebida e sustentada: o som dos pequenos sinos, hoje, é de festa. Graças a Deus!

Performance de Malema, em Junho deste ano, com  campânulas colhidas frescas,  no jardim.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

KNIPHOFIA (TRITOMA, LÍRIO-TOCHA)


Em Junho e Julho despontam as inflorescências em forma de espiga do tritoma compostas de flores tubulares vermelhas, rosadas e amarelas, muito exóticas, no cimo de um caule robusto. A planta resiste bem à exposição ao sol de verão e curiosamente também suporta os frios da época invernosa. As nossas duram desde há largos anos num solo relativamente pobre mas mantém aspecto saudável e não conheço pragas que as aflijam. Aqui, numa foto deste verão no jardim, um aspecto de pormenor da inflorescência. Voltaremos a este tema.

domingo, 15 de julho de 2012

HYPERICUM CALYCINUM (Erva-de-São-João-Rasteira), em flor.


Em Junho desponta a  flor da Erva-de-São-João-Rasteira. Não confundir com o comum Hypericum Perforatum, a Erva-de-São-João ou Hipericão. No jardim temo-la sob vigilância apertada dado que se torna invasiva e é muito difícil de erradicar. Os caules dobram e tocando o chão ganham raízes. E as raízes não saem por simples tracção... Há que escavar e escavar fundo. De outro modo seria uma boa planta de cobertura pois mantém verdes as folhas ovais, e opostas por todo o ano, resiste bem à geada e não ultrapassa os 30 a 40 cm de altura. Já o hipericão passa facilmente um metro. É tão bela a flor que temos vindo a manter estas plantas mas confinadas a uma pequena área de solo argilo-calcário, muito pobre em nutrientes e que resultou de parte das escórias da escavação de um poço há mais de 50 anos. Cuidados? Apenas os indirectos resultantes inevitavelmente das regas de verão que sempre sobram para estas austeras, "toleradas", mas igualmente belas e sedutoras plantas.

Foto de 26 de Junho de 2012, no jardim.





sábado, 14 de julho de 2012

O PROBLEMA DA HABITAÇÃO


Foi visto - dizem - na cidade ia sozinho
preso a uma dor lavada como rua ao sol
perdido e trespassado entre o número dos olhos
levemente submerso nos mais altos rostos
aonde a solidão é mais visível
e a dor perfeitamente navegável a muitas milhas da foz

Ruy Belo, <Haceldama>, O Problema da Habitação, Alguns Aspectos, 1962, Todos os Poemas



Fotos de 13 de Junho de 2012, em Janeiro de Cima, Fundão.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

BATATA COLHEITA


Este ano quis experimentar plantar as batatas inteiras. Comprei dez quilos de batata de semente importada da Holanda. Guardei-as por cerca de 25 dias, cobertas por sarapilheiras de malha larga em local de penumbra suficientemente arejado e, dia sim dia não, fui borrifando-as com água. Entretanto tinha preparado a terra, voltando-a diversas vezes com a fresa e incorporando o adubo orgânico num talhão de solo que há muitos anos não recebia batatas. Atingido o ponto de desenvolvimento ideal do grelo plantei em 19 e 21 de Março com o cuidado de as deixar distantes entre linhas de cerca de um metro.


Em 30 de Março começaram a surgir os primeiros brotos. O tempo foi indo fresco o que me dispensou de muitas regas. O intervalo entre linhas permitiu uma amontoa eficiente. Fiz o combate ao escaravelho sem químicos, eliminando-os diariamente um a um. Para o ano distanciá-las-ei ainda mais para poder circular entre linhas mesmo na fase da maior cobertura de rama. Não houve ataques de míldio ou oídio como em anos anteriores. Apliquei a calda bordalesa apenas por três vezes. Um mês depois, tinham este aspecto.


Completados os 90 dias (esta batata é temporã) sobre a data da plantação e depois de alguns ensaios de arranque, cortei a rama e, cinco dias, depois iniciei a colheita. Também a fiz lentamente de modo a poupar a minha coluna e evitando os cortes dos tubérculos. Transportei-as para um local arejado à sombra e espalhei-as. Assim estiveram a secar por um pouco mais de 24 horas. Finalmente recolheram ao celeiro. Aqui e durante o verão não temos locais de armazenagem propriamente frescos. Reduzimos sim ao mínimo a luz natural vinda através de pequena abertura. Mas, sobre o tema da  conservação muito se diz. Desde os produtos químicos agora apenas disponíveis em saquetas de um quilo (aptas para mais de uma tonelada de tubérculos e que, uma vez abertos, não dão para guardar para o ano seguinte), até aos famosos ramos de eucalipto, de loureiro e toda a espécie de aromáticas. E ouvi agora a sugestão da aplicação de pimenta em pó. Sim, da pimenta! No ano passado usámos apenas os ramos de loureiro. Este ano, porque não também a pimenta? Se a borboleta não morrer pelo menos há-de ficar com as trombas em fogo... Pois ainda que não resulte na melhor conservação da batata para já temos no sítio, um notório aroma exótico e agradável a pimenta...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

ALLIUM ASCALONICUM (CHALOTAS)


No princípio de Abril, num grande supermercado, vi saquinhos de  rede com chalotas rosadas, importadas  da França, á venda para consumo. Cada saco com cerca de uma dúzia de pequenos bolbos custava cerca de 2,50 euros. Caro, não é? Em Portugal usam-se pouco e não têm tradição na culinária. Ainda assim, ali mesmo tomei a decisão de experimentar a plantação no quintal. Em 10 de Abril coloquei-as na terra. num local bem exposto ao sol. Não demoraram a brotar. Antes do fim do mês tinham rompido o solo e estavam como se vê na foto acima.


De cada bolbo nasceram cinco a dez novos bolbos laterais, unidos entre si mas perfeitamente separáveis na colheita. Nunca tinha antes provado as chalotas. Sei que são muito usadas na cozinha francesa. O sabor é semelhante ao da cebola porém mais doce e não tão forte. Podem ser servidas cruas em saladas (por exemplo de tomate e pepino) e o seu sabor não apaga os demais como acontece (desagradavelmente) com a cebola. Também podem ser cozidas inteiras ou em rodelas.


Tal era a nossa curiosidade em as provar que acabámos por as colher todas, parte em finais de Junho e a restante nestes dias. Na foto vêem-se algumas das nossas chalotas. Como resulta da foto, foram  colhidas antes da maturação completa (caso em que as folhas ficam amareladas)que se alcança ao fim de quatro meses. As folhas ainda verdes são igualmente aproveitáveis para saladas. Mas como são para consumo imediato e tão pequena a colheita sempre beneficiamos com o estarem mais tenras. Mostrámos a alguns dos nossos amigos e demos a maior parte da colheita. E ficámos muito agradados. De tal modo que para o ano irei procurar sementes a valer e ensaiar, agora mais confiadamente, uma plantação mais extensa. Afinal, têm poucas regas. Exigem um solo rico em matéria orgânica mas não recentemente  adubado. Estão sujeitas às mesmas doenças das cebolas mas aí não tenho tido razões de queixa.